A
M A I O R
M Í D I A
D A
C O M U N I D A D E
Í T A L O - B R A S I L E I R A
www.comunitaitaliana.com.br
Ano XIII – Nº 92
ISSN 1676-3220
R$ 7,50
Rio de Janeiro, janeiro de 2006
Concentração!
Carnaval carioca pronto para
receber foliões do mundo todo
Especial ‘Amazonas’: presença italiana que poucos conhecem
Reprodução
Janeiro de 2006
8
4
Editorial
No calor dos fatos
5
Cose Nostre
JK, um indefectível sedutor
7Parliamone
20Saúde
22Notizie
24Opinione
Marco Lucchesi
La vicenda di Kertész
10
36Moda
Entrevista
Marília Ferreira Emmi
38Comportamento
Reprodução
Historiadora realiza estudo pioneiro
sobre imigração italiana no Pará
12
Especial
Elo perdido na floresta
Amazonas recupera vice-consulado e atrai
investidores da Bota para o Alto Solimões
Palmeiras e Cruzeiro hanno in comune molto
di più dei successi sul campo: l’Italia
30
Esporte
Olimpíadas do frio
26
História
Pão de queijo com pizza
Pesquisadores narram a trajetória dos
italianos que ajudaram a construir a
história de Minas Gerais
COPERTINA
Viva il carnevale!
Italiani, muse, come Juliana Paes...
è arrivato il momento di vibrare
con le scuole di samba carioca
32
Ernane D. Assumpção
Reprodução
Turim recebe milhares de
adeptos dos jogos da neve
34
Roberto Moreira (O Fluminense)
Editoria de arte
Reprodução
Calcio
I due ‘Palestra’
COSE NOSTRE
Julio Vanni
DIRETOR-PRESIDENTE / EDITOR:
Pietro Domenico Petraglia
(RJ23820JP)
DIRETOR:
Julio Cezar Vanni
VICE-DIRETOR EXECUTIVO:
Adroaldo Garani
PUBLICAÇÃO MENSAL E PRODUÇÃO:
Editora Comunità Ltda.
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ESTA EDIÇÃO FOI CONCLUÍDA EM:
20/01/2006 às 16:30h
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Brasil e Itália
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SUBEDIÇÃO
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REDAÇÃO:
Giordano Iapalucci
(repórter especial),
e Nayra Garofle
REVISÃO / TRADUÇÃO
Cristiana Cocco
Tatiana Correia Ribeiro
PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO:
Alberto Carvalho
FOTO DE CAPA
Roberto Moreira
(O Fluminense)
COLABORADORES:
André Felipe Lima – Franco
Vicenzotti – Braz Maiolino – Lan
– Giuseppe D’Angelo (in memoriam)
– Pietro Polizzo – Venceslao Soligo –
Marco Lucchesi – Domenico De Masi
– Franco Urani – Giovanni Meo Zilio
– Fernanda Maranesi – Giuseppe
Fusco – Beatriz Rassele
CORRESPONDENTE:
Guilherme Aquino (Milão)
Comunità Italiana está aberto às
contribuições e pesquisas de estudiosos
brasileiros, italianos e estrangeiros.
Os artigos assinados são de inteira
responsabilidade de seus autores, sendo
assim, não refletem, necessariamente,
as opiniões e conceitos da Revista.
La rivista Comunità Italiana è aperta ai
contributi e alle ricerche di studiosi ed
esperti brasiliani, italiani e estranieri. I
collaboratori esprimono, nella massima
libertà, personali opinioni che non
riflettono necessariamente il pensiero
della direzione.
ISSN 1676-3220
4
Filiato all’Associazione
Stampa Italiana in Brasile
B
No calor
dos fatos
rasil 400. Esta é a época em que o país se transforma num
caldeirão multicultural latente. Com a bola rolando pelos
campeonatos estaduais, sol, praia e corpos à mostra, temos a
combinação perfeita para melhorar o humor deste povo. “Até
o fim do carnaval” pouco (ou nada) se resolve por aqui. Não adianta
falar de crise, pensar em democratização dos meios (da riqueza, da
terra, da informação...), fazer análises econômicas, tentar construir ou
desconstruir qualquer coisa, pois todas as atenções estão voltadas para o “bem estar” geral. Essa utopia só
termina com as águas de março. É quando começamos a nos dar conta de que somos cidadãos e temos
um dever a cumprir. Lembremos que este é um ano de eleições, o que deve significar o evento mais importante de todos. Não vamos deixar de torcer pela seleção e fazer ecoar a alegria da pátria de chuteiras, mas
temos um tortuoso quadro sócio-politico a reverter. Já é hora deste povo ter acesso à educação. Cerca de
15% dos brasileiros com mais de 15 anos são analfabetos. Junto aos analfabetos funcionais – pessoas que
soletram, falam o próprio nome, mas não conseguem redigir uma carta ou ler um texto e compreendê-lo
– chegamos, conforme pesquisa, a absurdos 75%. A inserção política e social só se dará através do aprendizado. Karl Marx dizia que “não se pode esperar que os povos apáticos, os povos da miséria verdadeira
e total, façam a revolução. A revolução quem a faz são aqueles que percebem que lhes cabe um quinhão,
um pedaço do latifúndio e estão dispostos a brigar por isso”. A esse propósito, revirando alguns textos,
deparei-me com um de Frei Betto – a quem muito admiro –, que data da posse do governo Lula, e que,
inevitavelmente, também se deixou enganar, reconhecendo logo em seguida sua desilusão ao deixar em
poucos meses o Palácio do Planalto. Ele dizia: “Fizemos sim uma revolução,
mas por outros métodos. O da organização popular, da conquista progressiva
de espaço na política, tendo como mentor Paulo Freire; como arma, a ética;
como princípio, a fidelidade aos pobres; repensando e, agora, promovendo a
refundação do Brasil pela via da participação cidadã e do fortalecimento da
democracia”. Logicamente, estava tomado pela euforia.
O
s italianos no exterior irão votar pela primeira vez em abril. Enquanto
que em outros lugares, como nos Estados Unidos, os candidatos mobilizam eleitores e promovem debates, por aqui, até o fechamento desta edição,
ainda não se sabia quem eram os candidatos.
N
a Itália, apesar do favoritismo da esquerda de Romano Prodi, o cenário
para as eleições de abril continua indefinido. Para justificar sua permaPietro Petraglia
nência no poder, Silvio Berlusconi escreveu a “Oração eleitoral”. O primeiEditor
ro ministro explica em 12 páginas quatro pontos que considera fundamental para a sua reeleição: “aquilo que fizemos, aquilo que não fizemos, aquilo que faremos e os riscos
da esquerda no governo”. Segundo o premiê, existe, na Itália, os comunistas, como Fausto Bertinotti,
“prontos a inchar o estado e a abolir a propriedade privada”, e os pós-comunistas, “que fingem que o
comunismo com 100 milhões de mortes nunca existiu”. E parte para o ataque:
— O adversário político, para eles, é um inimigo a ser eliminado, se não fisicamente, moralmente e
politicamente, talvez com o uso político da justiça. Seguindo o ensinamento teórico de Gramisci, ocuparam todos os setores do poder. O resultado é que hoje, além de administrar 16 das 20 regiões italianas, 77 das 110 províncias, 6.500 cidades das oito mil, controlam quase tudo: a magistratura, a escola,
a universidade, os sindicatos, os patronatos, as cooperativas, os principais bancos e a grande maioria da
mídia. Vamos também dar o Palazzo Chigi e a maioria no Parlamento e, assim, teremos um regime!
C
om a vitória de Michelle Bachelet, no Chile, e Evo Morales, na Bolívia, o novo continente está mais
à esquerda do que nunca. Já o velho continente europeu, deposita, cada vez mais, suas fichas na
política neoliberal. Pela primeira vez na história democrática de Portugal é eleito um presidente da
República de centro-direita. O ex-premiê, e atual presidente, Aníbal Cavaco Silva (apesar do nome de
sambista) é responsável pela multiplicação de estradas e hospitais, pela diminuição do desemprego e
da mortalidade infantil, que se deu no início dos anos 90. Cavaco, porém, é, sobretudo, conservador:
em 1993 se recusou a assinar a portaria que concede o feriado de Carnaval.
M
as aqui, no paraíso tropical, respira-se o samba. E, mesmo assim, o que se faz para explorarmos a
nossa indústria turística ainda é pouco... A Embratur acaba de fechar dois acordos com operadoras
italianas, através de seu escritório em Milão. Em menos de dois anos, foram fechados 32 acordos para
que operadoras da bota “vendam” o Brasil como destino. Tomara que o Brasil, com seus 10 mil quilômetros de costa, suas cachoeiras e toda essa abundância natural que conhecemos, se espelhe na Itália
para adotar as medidas de sucesso da condução de políticas para este setor. Só Roma recebe cerca de
15 milhões de turistas todos os anos. O triplo de todo o território verde-amarelo.
EDITORIAL
Boa Leitura!
Entretenimento com cultura e informação
COMUNITÀ ITALIANA
/
JANEIRO 2006
FRENTE BRASIL-ITÁLIA NO RJ
SEXO E TV NÃO COMBINAM
F
P
oi criada a Frente Parlamentar Brasil-Itália no
estado do Rio de Janeiro. O projeto, cuja autoria é do deputado estadual, Adroaldo Peixoto Garani
(PSC), foi aprovado em dezembro de 2005 na Assembléia Legislativa. A Frente tem a meta de estreitar
as cooperações política, econômica, educacional e
cultural entre o Rio e o estado italiano. Os parlamentares já podem aderir à iniciativa.
esquisa italiana aponta que casais que não têm TV no quarto fazem sexo duas vezes
por semana. Em média, oito vezes por mês. Para aqueles que têm TV no quarto, o
índice cai para quatro relações mensais. Segundo a sexóloga Serenella Salomoni, responsável pelo estudo, o efeito é ainda mais marcante entre casais com idade acima
dos 50 anos, onde a média fica em torno de 1,5 relações por mês. O estudo descobriu
ainda que filmes violentos e reality show são programas considerados “inibidores da
libido”, já que diminuem a procura pelo parceiro. A pesquisa entrevistou 523 casais
italianos para saber quais efeitos a televisão tem em suas vidas sexuais.
MOTOR A EXPLOSÃO
TURISMO EM ALTA
A
A
Fondazione Barsanti e Matteucci,
criada em Lucca em 2003, está
difundindo por toda a Itália e no exterior através das associazioni italiane, a história da criação do motor a
explosão, uma conquista científica
italiana que o mundo tem atribuído
ao francês Felipe Lebon, em 1801.
Segundo o presidente da Fondazione, Pierluigi Lazzerini, os cientistas
Eugênio Barsanti e Felice Matteucci
criaram o primeiro motor a explosão muitos antes de Lebon. O primeiro modelo da invenção italiana
encontra-se no Deustsches Museum
di Mônaco, com a devida referência
científica enaltecendo o pionerismo
de Barsanti e Matteucci. É a prova
eloqüente de um feito italiano que
na época empolgou o mundo.
PONTE ITÁLIA-PINDA
T
reze empresários italianos vieram ao
Brasil de olho na região de Pindamonhangaba, no Vale do Paraíba. A vinda
da missão é resultado da participação
do município paulista em uma feira industrial ocorrida em outubro passado,
em Parma. Segundo Álvaro Staut Neto,
diretor de Indústria, Comércio e Serviços do município, os italianos estariam
dispostos a investir R$ 55 milhões em
condomínios empresariais.
MURALHA AMÉLIA
V
inte metros da muralha de Amelia,
que teve o início de sua construção
no século VII a.C., na região de Úmbria, demoronaram no último dia 18.
Com 15 metros de altura é também conhecida como muralha ciclópica pelas
dimensões das pedras utilizadas para
sua construção, sem utilização de cimento. Segundo especialistas, a queda
representa uma notável perda do ponto
de vista arqueológico e histórico.
JANEIRO 2006
/
Maurizio Brambatti / Ansa
FUNDADO EM MARÇO DE 1994
M
ilhares de pessoas se concentraram, no dia 16 de janeiro, na
praça Farnese de Roma para uma marcha convocada em favor
da legalização das uniões não-oficializadas, inclusive as homossexuais. Teve até benção simbólica do juiz Giovanni Palombarini.
A esquerda, porém, está dividida em relação ao movimento.
cidade de Roma recebeu um
número recorde de turistas
no ano passado, com mais de 16
milhões de visitantes. Roma está
investindo em tecnologia e vai
oferecer, a partir de março, serviços de informação eletrônica nos
melhores hotéis. Trata-se de um
tipo de agenda eletrônica, a chamada “mini GPS”, disponível em
quatro idiomas, que vem com um
mapa da cidade, informa sobre
itinerários e contém informação
histórica sobre os monumentos
e igrejas. Além disso, o aparelho
explica o sistema das linhas de
metrô e ônibus com seus respectivos horários para facilitar a estadia dos turistas na capital.
JK, UM INDEFECTÍVEL SEDUTOR
A
no novo, vida nova. Remexia os meus arquivos quando encontrei um bilhete, cujo original está ao
lado desta nota, escrito por Juscelino Kubitschek e endereçado a mim no distante 9 de junho de
1972. Na época, o médico-político JK era presidente do conselho de
administração do antigo Banco Denasa. Não sei se há algum valor
para historiadores. Creio que não. Mas o revival que se instalou na
mídia sobre a figura do ex-presidente do Brasil me induziu a publicar esta carta na coluna. Afinal, muito vem sendo dito sobre JK.
Alguns o definem como um “dos maiores políticos” da República;
outros, como um “pé-de-valsa” incomparável; os mais sisudos
e conservadores, como um “incorrigível mulherengo” responsável pelo que teria sido um dos períodos mais contundentes de
ilusionismo político (a criação de Brasília) da história do País.
Não importa o que digam. O conheci pessoalmente na época
em que fui delegado do antigo Ministério da Educação e Cultura, o “MEC”. E JK sempre foi um camarada preocupado com
os outros. Às vezes, quase altruísta. Com aquela mineirice
peculiar, pedia pelos outros. Como o caso da professora Helga Almeida Cardoso, ex-auxiliar dele no Palácio do Catete,
descrito aí do lado. O que foi retratado pela minissérie da
TV Globo é aquilo mesmo: um JK para muitos e não para
poucos. O “amigo de sempre”, como ele se despedia em suas cartas. Um indefectível sedutor nato.
COMUNITÀ ITALIANA
5
PARLIAMONE
con l’Avvocato Giuseppe Fusco
[email protected]
ASSISTENZA, QUESTO MISTERO DOLOROSO
L
’argomento di oggi riguardava i corsi di lingua e cultura italiana.
Tuttavia non sarà cosi, perché una notizia mi ha turbato parecchio.
Si tratta di questo: un cittadino italiano telefona al Comitato di Assistenza (il tradizionale Coasit di Rio de Janeiro) per chiedere se il suo
nome c’è o non c’è nella lista dei cittadini bisognosi assistiti. Risposta:
non lo sappiamo, deve sentire in consolato, perché noi non sappiamo
più nulla.
Cosi comincia il calvario di uno che non ha niente da mangiare e
tantomeno comprarsi le medicine necessarie.
Non ho avuto il tempo di controllare se questo è vero o no, anche
perché il Direttore aspetta il mio “pezzo” che era già pronto, ma io ho
preferito rimandare e, in fretta e furia, l’ho sostituito con questa notarella sconsolata e perplessa.
I cittadini italiani bisognosi che vivono nella Circoscrizione consolare di Rio de Janeiro, a quel che mi dicono, sono molti, forse trop-
pi in una comunità che si vanta di essere solidaria e patriottica e dove
funziona un servizio di assistenza gestito dal consolato generale.
Ecco, probabilmente l’esclusione del Coasit (se è vero) avrà una giusta spiegazione deve trattarsi di un problema di opportunità organizzativa e logistica, di controlli incrociati, di fondi scarseggianti da distribuire
con cura, parsimonia e quant’altro.
Sarà sicuramente così. Intanto, chi ha fame ha fame, poi, col tempo, si vedrà.
Lo so, è un antico e complesso problema che gli enti preposti e
competenti, tra cui il Comites (Comitato degli Italiani all’Estero),
affrontano da sempre: quello di una rivoluzione concettuale in primo
luogo, perché la solidarietà di cui stiamo parlando non è una elargizione benevole e paternalista del principe o del vescovo, o una pietosa elemosina del buon cristiano che vuole guadagnarsi il Paradiso,
ma um diritto garantito.
na estante
cartas
Vozes Cidadãs: aspectos teóricos e análises de experiências de comunicação popular e sindical na América Latina,
de Cicilia M. Krohling Peruzzo, tem como objetivo estimular ainda mais as pesquisas e os debates dos estudiosos da
Comunicação Social, em prol de uma cidadania ativa, com
a participação consciente do cidadão. Editora Angellara,
374 págs., R$ 45.
Alcoolismo, novas perspectivas, de Claudio Pierlorenzi
e Alessandro Senni, enfoca
o problema do alcoolismo
nos seus vários aspectos
sociais, psicológicos e jurídicos. Editora Itália Nova,
176 págs., R$ 32.
Em nome de São Francisco,
de Grado Giovani Merlo,
contempla os três séculos
mais importantes da história minorítica e da memória
franciscana no início do
século XIX. Editora Vozes,
344 págs., R$ 46.
O mistério das bolas de gude, de Gilberto Dimenstein, busca personagens de diversas origens, com uma história em
comum: o desejo de criar alternativas à desesperança vivida
pelos que se encontram em situação de risco. Editora Papirus, 192 págs., R$ 28.
JANEIRO 2006
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COMUNITÀ ITALIANA
CADÊ OS LOMBARDOS?
Tive a grata satisfação de ganhar na sede do
Consulado Italiano, no Rio de Janeiro, um
exemplar de sua esplêndida publicação, onde,
além de apurar todas as matérias, um assunto
que mais me chamou a atenção: a nota que se
refere ao encontro dos toscanos na Argentina.
Por que não fazem o mesmo os lombardos residentes em nossos estados brasileiros?
WALDEMAR SOLDI,
Rio de Janeiro (por carta)
ANALFABETISMO
É impressionante que um País do G-8 apresente
índice tão alarmante de analfabetismo. Sinal dos
tempos, ou será falta de vergonha na cara das autoridades italianas. Correta a observação do sociólogo Francesco Alberoni de que a linguagem, o
vocabulário e a leitura fragmentada dos italianos
são indícios claros do agravamento do problema.
GIOVANNI CECCARINI
São Paulo (por e-mail)
IMIGRANTES
Meu avô é assinante da revista e sempre que
posso dou uma olhadinha. Gostaria de parabenizá-los pelo excelente conteúdo. As matérias
dos imigrantes italianos em Vitória e em São
Paulo são fundamentais para preservarmos nossas origens. Que tal uma matéria sobre Bento
Gonçalves e Garibaldi?
GABRIELLA TROTTA
Porto Alegre (por e-mail)
7
Marco Lucchesi - Articolo
La vicenda
di Kertész
Dalle alte pianure dell’Ungheria e dal genio di due romanzieri
dell’Europa Centrale – parenti di Musil, Mann e Broch – sono
appena giunti in Brasile Divorzio a Buda di Sándor Márai e Kadish
per un bambino mai nato, di Imre Kertész
P
hongrois, nonché a una serie di saggi lessicali e
etimologici. Non sono andato oltre una (dotta,
forse?) ignoranza, una certa pratica strumentale,
riuscendo, tuttavia, a porre in relazione piani e
contesti, a partire da un piccolo dizionario e modi grammaticali.
Si tratta di una lingua di forza e bellezza,
equilibrio e ragione. E se un idioma fosse capace di impedire la conoscenza della sua letteratura, sarebbe lecito immaginare Shakespeare
sconosciuto a Sumatra, Beijing o Helsinki, dal
momento che l’inglese si mostrerebbe incompatibile con quelle lingue e culture nelle quali sarebbe tradotto? L’argomento dell’impenetrabilità
dell’ungherese mi sembra insufficiente, buono
per mascherare – per inerzia ideologica – altre
e più complesse motivazioni di ordine politico e
culturale, che si modificano a vista d’occhio dalla caduta del muro di Berlino.
In Brasile, la diffusione della letteratura ungherese è la risultante dello sforzo di un manipolo di traduttori (Paulo Rónai, Paulo Schiller,
Ildikó Sütö, Ladislao Szabo), che non solo conoscono l’originale, ma anche il mestiere della
traduzione, dominando con maestria la lingua
d’arrivo, così come la letteratura brasiliana e
portoghese. Ma c’è tutto un mondo da costruire,
hanno molto di ciò che si era soliti chiamare Alta Modernità – una vasta tradizione del romanzo
del XIX secolo, in cui si riprendono quelle figure
e intrecci che ora, in Márai, si dissolvono completamente. Ma il tutto senza clamore, senza assumere una teatralità vuota ed aggressiva.
Quasi come la chiesa di San Matteo a Buda, e i suoi castelli e palazzi in rovina. Abbiamo
quasi un’odissea mentale, sorta di rieducazione
borghese dei sensi, ma di una borghesia liberale,
contraddistinta da gesti di umanismo e disperazione. Tutto ciò che si può capire del giudice
Kristóf Kömives, cercando l’equilibrio classico,
la distanza quasi olimpica e oggettiva che si
richiederebbe ad un alto magistrato. Le sottigliezze sono qui importanti, allusioni, remissioni, che raggiungono l’apice con la misteriosa
visita del dott. Greimer, terribile e meraviglioso
avvenimento, di una narrativa notturna, eminentemente notturna, fatta di ombre e silenzi
– indimenticabile per il lettore più esigente.
Sándor Márai rappresenta oggi per me non esattamente il dramma della lingua, della storia o
dell’autore. Ma il dramma di una letteratura ingiustamente emarginata e dei grandi valori di
una certa perduta Modernità.
Questi stessi valori riappaiono in un romanzo che mi è caro: Verdetto a Canudos (Ítélet Canubosan), in cui Márai si ispira al capolavoro di
Euclides da Cunha Os sertões (come già aveva
fatto Mario Vargas Llosa ne La guerra en el fin del
mundo, 1981). Márai segue la traduzione inglese
di Samuel Putnam e rimane impressionato dall’opera di Euclides (“il libro è come la vegetazione del sertão: abbondanza e aridità allo stesso
tempo”) e il genocidio che la giovane Repubblica perpetrò ai danni dei seguaci del Conselheiro,
nel 1896, nell’entroterra di Bahia.
Quando penso a Márai – in questo scenario
diffuso, impreciso e capillare della letteratura
ungherese in Brasile – mi rivolgo d’acchito al
bellissimo libro di Imre Kertész, Senza destino, del 1975, nella versione di Paulo Schiller, a
partire dal quale riprendiamo, secondo un’altra
chiave, ciò che in Molnár era un excursus lirico.
Considero Kadish
a un bambino mai
nato, il capolavoro
di Kertész, uno dei
libri più belli di cui
abbia notizia
Passiamo per un’adolescenza difficile, quella di Kertész, che nasce da una famiglia ebrea
di Budapest, nel 1929. Deportato ad Auschwitz,
Buchenwald e Zeitz, ad appena 15 anni, nel
1944. Passati poco più di dodici mesi, Kertész
ritorna a Budapest e vive come traduttore (di
Hoffmansthal, Nietzsche, Canetti, Schnitzler),
librettista e scrittore, riflettendo sulla sua drammatica esperienza dei campi di concentramento,
a partire dalla quale elaborò i suoi romanzi, come in Senza destino.
Una drammatica percezione delle trasformazioni e del linguaggio praticato dal corpo,
sottomesso ad un’infinità di prove. Il peso della
Storia. I suoi fantasmi. E assurdi. Come interpretarli? Come salvaguardarsi da questi mali? E tuttavia, lungi dal ridurre il fato a mera ideologia,
Kertész rivela il vigore di questa esperienza al
centro del fenomeno letterario, evitando aporie
ulteriori, riduzioni e sequestri condannabili, in
cui la letteratura scompare, lasciando al suo posto un’eredità extraletteraria di macerie, gesti,
parole. In questa cognizione del dolore, ciò che
sorprende è la logica della sopravvivenza o della
sua pratica, che supera eroicamente limiti che
prima sembravano invalicabili.
In questo tono, in questa forma complessa di capire la Storia
e il Soggetto, considero Kadish
a un bambino mai nato, il ca-
polavoro di Kertész, uno dei libri più belli di cui
abbia notizia, intenso e veloce, come se fosse
stato scritto adesso, a partire dalla sua musica,
dai suoi ostinati, crescendo e diminuendo, come
un grido lancinante, percorso da una forte disperazione. Sprovvisto di effetti meramente retorici
e sproporzionati, Kadish è un tempio greco consacrato ad un angelo duro e diffuso, tremendo e
lancinante, una specie di Ur-Schrei, dal grido primordiale, lanciato con esuberanza e pieno dominio del discorso. Penserei a modelli diversi, come
la Lettera al padre di Kafka, o a quando Leopardi
si dirige a Monaldo, e al libretto Erwartung, musicato da Schönberg. E tuttavia l’opera di Kertész
è solitaria e non conserva un indirizzo specifico,
mittente o destinatario. Somiglia di più ad un
trattato sulla Dignità dell’uomo – come si faceva
nel Quattrocento –, ma di una complessità nuova, fatta di adesione e disincanto, elaborante
una ipermorale che parte da una data realtà, davanti ai cui orrori occorrerà formare un’altra e più
complessa immagine degli uomini. Ogni qualsiasi
spiegazione, più o meno determinista, più o meno classificabile, non risponde alla ricerca morale
di Kertész.
Ecco il punto cruciale, quando le nuvole di
ferro si abbattono su di un campo di verde primavera, quando il trionfo della barbarie sembra
l’ultimo di una serie, come e quando le figurazioni del Pentateuco e del suo Tempo forte sembrano gridare attraverso una distanza tremenda
e solitaria, come lo splendore della stella solitaria della teologia giudaica. La condizione di
Kertész, in quelle pagine, conosce nelle nuvole
una forma di meraviglia dalla forma compatta e
universale, distinta e pura, di paese e radice, di
una stessa e molte lingue, come nei versi di Esenin, quando egli si ritrova a meditare, solitario,
sulla Bibbia dei Venti, mentre pascola il gregge
di inesauribile, segreta e purissima ricerca:
Ho letto e pensato
sulla bibbia dei venti
con Isaia ho pascolato
i miei dorati armenti.
(trad. Andrea Santurbano)
Reprodução
er molti l’opacità della lingua ungherese
impedisce una conoscenza più ampia della
sua letteratura. C’è chi pensa che il magiaro sia tra le lingue più difficili, come Paulo
Rónai – erudito, professore di latino a Budapest e
che è diventato, per così dire, brasiliano, traduttore della Commédie humaine in portoghese e di
antologie di racconti e novelle dell’Ungheria – è
arrivato a dire in Come ho imparato il portoghese
ed altre avventure che la grammatica ungherese
conservava “un intrico di opachi labirinti”. Il fatto di non appartenere alla famiglia indoeuropea
– essendo più vicina al finlandese, al turco e al
mongolo –, causa all’inizio un certo disorientamento, come di chi si senta perduto in una terra di nessuno, senza riferimenti previ, in mezzo
a parole definitivamente lunghe, irriducibili (o
quasi) al Dizionario dell’Occidente, con una vasta mobilità frastica e una delicata relazione tra
sostantivi e aggettivi, oltre ai complementi
(inessivo, ilativo, elativo, sublativo, superesivo, delativo, alativo, terminativo, adesivo,
ablativo e quant’altro!). Ho cominciato a studiare
meglio la lingua da circa un anno e mezzo, con
piccole interruzioni. Ora ottimista. Ora
disperato. Mi sono dedicato alla grammatica di Sauvageot, Premier livre de
da una buona antologia della poesia ungherese
ad altri e più frequenti sforzi, come la creazione di un corso di lingua e letteratura ungherese
nelle nostre Università federali.
Il primo (e forse ultimo) grande successo di
pubblico fu I ragazzi di via Pal (A Pál utcai fiuk),
di Ferenc Molnár, tradotto da Rónai. Questo libro
ebbe un grande impatto sulla mia generazione
e su quella immediatamente precedente. Mi ricordo di tante pagine, e del terreno incolto, il
Grund, e del Club in cui sognavano i ragazzi, così
come degli episodi penosi, come le ore che precedono la morte di Nemecsek.
Tutto questo emozionò la mia prima adolescenza. Decisi di scrivere a Paulo Rónai, perché
c’erano degli echi fra quei ragazzi e ciò che io
avevo vissuto a Niterói, dagli otto ai dieci anni
d’età. Il terreno incolto. La fondazione del Club.
E la guerra (di rosmarino e maggiorana) tra fazioni rivali. Lo stesso lirismo che avvicinava i
giovani del Brasile a quelli dell’Ungheria.
Altro e grande autore: Sándor Márai. Nato nel
1900 a Kassa, sotto il dominio dell’antico Impero austro-ungarico, i suoi romanzi erano molto
letti negli anni ’30. Durante il regime fascista di
Horthy, Márai visse periodi di esilio in Germania
e in Francia, per lasciare definitivamente il paese
dopo l’avvento del regime comunista, nel 1948.
Andò in Canada e si stabilì poco dopo negli Stati
Uniti. La sua opera cominciò a cadere in un forzato e assurdo dimenticatoio in Ungheria. Smarritosi in una grave solitudine, Márai decide di porre
fine alla sua vita nel 1989, nella città di San Diego. Fu l’editrice Adelphi in Italia che cominciò a
tradurne l’opera, oggi inserita nel catalogo delle
maggiori case editrici d’Europa e degli Stati Uniti.
Come possiamo ben vedere nel caso di Márai, le
ragioni politiche sono state largamente superiori
a quelle di ordine linguistico.
Il romanzo Divorzio a Buda (Válás Budán)
è un piccolo capolavoro. Libro di taglio classico, mitteleuropeo, pieno di passaggi, mondi
interiori, grandi monologhi, geometricamente
perfetti, grande agilità narrativa, oltre ad una
strana e bella consistenza. In uno dei ritratti del
protagonista, Márai fonde il paesaggio di Buda
con i valori morali del Magistrato, traslati in
tempi altri e gravi:
Tutte le sue ricerche e interpretazioni, tentativi di domare il reale e superare gli istinti,
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COMUNITÀ ITALIANA
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JANEIRO 2006
JANEIRO 2006
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COMUNITÀ ITALIANA
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Divulgação
Entrevista
Pará: imigração que
poucos conhecem
M
anaus (AM) — Quem disse que apenas as lavouras de café seduziram os
italianos que aportaram no Brasil no
final do século XIX? Em entrevista à
Comunità, a historiadora Marilia Ferreira Emmi
afirma que há muita história a ser contada sobre
a imigração. Principalmente acima do sul e sudeste do País, mas precisamente no Pará, onde
italianos — a maioria oriunda da Calábria, Campânia e Basilicata — trocaram o trabalho nos cafezais do sudeste, pelos seringais da Amazônia. O
auge da borracha era o “pote de ouro”, que muitos nunca alcançaram. E o comércio foi o grande
atrativo, principalmente no interior do estado.
“Até os anos 50, o município de Óbidos foi considerado o principal centro comercial dos italianos
no Baixo Amazonas”, frisa a pesquisadora.
Todo o esforço investigativo de Marília —
pesquisadora do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos, da Universidade Federal do Pará — está
sendo focado na elaboração de uma tese de doutorado. Um pioneirismo que vai resgatar dados
fundamentais sobre a presença dos italianos no
estado do Pará e que abrirá portas para novos estudos sobre a imigração no Brasil.
Comunita Italiana — Conte um pouco sobre a
trajetória de sua família no estado?
Marília Emmi — Sou descendente de italianos
pelo lado materno. Meu avô Fidelis Pollaro, natural de San Constantino de Rivello, região da
Basilicata, chegou ao Brasil com 18 anos acompanhado de seu pai, Domenico Pollaro, em 1900.
Depois de breve passagem por Belém, localizouse em Faro, na região do Baixo Amazonas [Pará], onde instalou um pequeno comércio e criava ovelhas. Em 1920, seu pai retornou à Itália,
mas ele ficou no Brasil, pois já havia constituído
10
André Felipe Lima
família. Tive pouco contato com ele, pois quando morreu, eu era criança. Segundo minha mãe,
ele cultivava certas tradições italianas, como o
hábito de comer macarrão caseiro às quintas e
domingos. Minha ligação familiar maior com a
Itália vem da parte de meu marido, Giovanni
Emmi. Seu pai, que também se chamava Giovanni Emmi, natural de Língua Glossa, província de Catânia, na Sicília, chegou ao Brasil em
1924. Depois de passar um curto período no Rio
de Janeiro e em Manaus, veio residir no Pará a
convite de amigos, e instalou um hotel na cidade de Santa Izabel do Pará, a 45 km de Belém.
Em sua casa, cultivavam-se vários traços da cultura e tradições italianas, desde a gastronomia,
passando pela música, as festas cívicas e até a
lealdade aos governantes italianos. Lutou na
Itália na Primeira Guerra Mundial, mas durante
a Segunda Guerra, já no Brasil, como outros italianos, foi alvo de perseguições que lhe custou a
perda do hotel e a maioria de seus bens. Morreu
aos 80 anos, sempre falando da Itália com profunda nostalgia.
C.I. — O que, inicialmente, a despertou para a pesquisa sobre a colonização italiana
no Pará?
Marília — A pesquisa sobre imigração italiana
no Pará tem certas particularidades. Trata-se
de estudar a vinda de italianos na época designada como a da “grande imigração”, mas para
uma região muito distante daquela que concentrava “fatores de atração”. A reflexão sobre
esse período é uma estratégia para tratar de
questões mais gerais da imigração e também
para abordar a dinâmica da imigração italiana
na Amazônia, tendo como referência o Pará.
Essa pesquisa para minha tese de doutorado
constitui a primeira etapa de uma pesquisa
que pretendo realizar em outros estados da
Amazônia. Um dos maiores estímulos para essa escolha encontra-se no fato dessa inserção
regional ser pouco referenciada pela literatura
que trata da imigração no Brasil. Aliás, essa
produção é espacialmente localizada. Os estudos concentram-se no Sul e no Sudeste, regiões que receberam o maior número de imigrantes. Poucos estudos referem-se sobre a presença desses imigrantes na Amazônia, onde,
apesar de pouca expressão quantitativa, esse
movimento migratório ocorreu com relativa intensidade em um tempo que foge à periodização oficial. Em 1920, os italianos constituíram
quantitativamente a terceira nacionalidade estrangeira no Pará, somente suplantada pelos
portugueses e pelos espanhóis. Apesar da importância dessa participação, não se conhece
um estudo aprofundado que realize a construção de uma historiografia sobre a imigração
italiana no Pará e reflita sobre o significado e a
contribuição dessa corrente migratória no processo de construção da sociedade paraense, na
política e na economia regional, na introdução
de novos padrões culturais, enfim uma investigação sobre os padrões de assimilação desse
grupo. Esses pontos mencionados constituem
objetivo da pesquisa Raízes italianas no desenvolvimento da Amazônia (1870-1950), que
ora estou desenvolvendo. Outro fator que pesou na escolha do tema é que ao investigar as
raízes italianas na Amazônia também estou investigando as minhas raízes.
C.I. — Qual, com exatidão, é a influência dessa
colonização na economia e cultura do estado?
Marília — Segundo a literatura, a entrada de
imigrantes italianos na Amazônia está relacionada com o auge da borracha. A riqueza proporcionada pela produção da borracha no final
do século XIX atrairia arquitetos e artistas italianos para o exercício de atividades que se faziam necessárias no acelerado surto de urbanização regional. Eles eram requisitados pelas
elites econômica e política locais. Mas a presença mais efetiva de grupos de italianos que
escolheram o Pará como região de destino do
processo de emigração deu-se a partir da última década do século XIX e, em maior número,
a partir de 1920.
C.I. — Quem eram esses italianos? De que
regiões vieram?
Marília — No levantamento realizado verifiquei
que esses imigrantes poderiam ser agrupados em
três segmentos. O primeiro seria constituído por
famílias que vieram entre 1898 e 1900 subsidiadas pelo estado do Pará para serem assentadas
em projetos de colonização ao longo da estrada
de ferro Belém-Bragança. Refiro-me às colônias
Anita Garibaldi (colonos lombardos e vênetos) e
Ianetama (colonos sicilianos). A literatura registra que essas colônias não tiveram sucesso em
termos de desenvolvimento da atividade agrícola
e que poucas famílias permaneceram no local, algumas migraram para Belém enquanto outras retornaram à Itália. O segundo grupo seria formado por imigrantes que desembarcaram nos portos
de Santos ou no do Rio de Janeiro e teve Belém
como destino final do processo migratório. Eles
eram em sua maioria oriundos da Calábria e da
COMUNITÀ ITALIANA
/
JANEIRO 2006
Campânia e aqui se dedicaram ao comércio ou a
atividades típicas das cidades: engraxates, jornaleiros, ferreiros, etc. O terceiro grupo seria
formado por italianos que, no início do século
XX, se instalaram na região do Baixo Amazonas,
principalmente nos municípios de Óbidos, Oriximiná, Santarém, Juruti e Faro. Originalmente
camponeses da Basilicata, no sul da Itália, ao se
fixarem no Pará passaram a aliar suas atividades
agrícolas ao comércio, chegando a se firmar no
setor mercantil e desenvolvendo suas atividades
com uma organização de base familiar.
C.I. — Há áreas de Belém consideradas uma espécie de bairro “Bexiga”?
Marília — Aqui, em Belém, não identificamos
bairros de tradição italiana como em São Paulo. Entretanto, segundo a memória social, os
italianos que aqui chegavam concentravam
suas residências em ruas próximas ao centro
comercial e também próximas aos prédios das
associações de imigrantes italianos, como as
ruas Frei Gil de Vila Nova, Padre Eutíquio, Manoel Barata e O’ de Almeida, onde ainda residem descendentes das primeiras famílias italianas que aqui se instalaram.
C.I. — Em Santarém, interior do estado, vários imigrantes consolidaram investimentos.
Houve manutenção de costumes italianos, ou
perdeu-se identidade cultural?
Marília — Na realidade, no interior do estado, os italianos concentraram seus investimentos nos municípios de Óbidos e Oriximiná. Até
os anos 50, Óbidos foi considerado o principal
centro comercial dos italianos no Baixo Amazonas. Mas a segunda geração desses comerciantes
transferiu-se em sua maioria para Belém onde,
atualmente, são profissionais liberais: médicos,
advogados, dentistas, engenheiros etc. A cidade
que ainda hoje mantém descendentes de italianos em atividades comerciais é Oriximiná, aí os
imigrantes deixaram as suas marcas. As principais ruas do centro ainda têm nome de comerciantes italianos.
C.I. — Em sua tese, a senhora comenta sobre
a existência de duas associações de imigrantes na década de 1920. Estas associações ainda existem? Se não, por quê?
Marília — Em Belém existiram várias associações que congregavam os imigrantes italianos:
Societá Italiana di Beneficenza, fundada em
1912. Em 1920, essa sociedade criou a Scuola
Dante Alighieri, destinada exclusivamente aos
filhos de italianos; em 1923 foi criada a Associazione Nazionale Combattenti; em 1924 foi
criado o Fascio Del Pará; em 1926 foi fundado o Itália Sport Club; em 1928 essas associações se uniram e criaram a Casa degli Italiani, cujo presidente, o comerciante Francesco
Falesi, ainda tem descendentes no comércio
de Belém. Outra associação era a Unione Italiana D’Istruzione e Mutuo Soccorso (UIIMS),
foi criada em 1919 pelo comerciante Gaetano
Verbicaro, que também tem descendentes em
Belém. Em 1933 houve a fusão da Casa Degli
Italiani com a UIIMS, dando origem a Società di Assistenza per gli italiani di Belém, que
a partir de 1938 passou a chamar-se Casa da
Itália Pará-Brasil. A partir da Segunda Guerra
mundial, quando houve intensa perseguição
aos imigrantes italianos, alemães e japoneses
JANEIRO 2006
/
‘Não se conhece um
estudo aprofundado
que realize a
construção de uma
historiografia sobre
a imigração italiana
no Pará’
em todo Brasil, essa associação quase desapareceu, permanecendo apenas como um ponto
de encontro de velhos italianos que se reuniam
aos domingos para jogar baralho. Só na década
de 1980, por iniciativa de alguns remanescentes da colônia italiana e de seus descendentes,
a associação foi reestruturada e denominada
Associação Cultural Ítalo-Brasileira (Acib). Essa associação atualmente funciona no antigo
prédio da extinta UIIMS, situada na rua Manoel Barata, no centro comercial. Iniciativas
da ACIB: criação do Centro de Língua e Cultura
Italiana (Celci), que mantém até hoje um curso
de língua italiana, e promoção, anualmente, da
festa di San Gennaro.
C.I. — Mais recentemente houve manifestações culturais?
Marília — Em 2003, a Universidade Federal do
Pará criou a Casa de Estudos Italianos (CEI), que
mantém um curso de língua italiana em parceria
com instituições culturais e universidades italianas. Com a criação dessa Casa, foi incluído o
italiano como língua opcional no vestibular da
Universidade Federal do Pará (Ufpa). Em agosto
de 2005 foi realizada pela Prefeitura de Belém a exposição “Belém dos
Imigrantes, história e memória”, mostrando a multiculturalidade da Amazônia numa exposição fotográfica, em
que sobressaía a imigração italiana. A
presença italiana na arquitetura de
Belém, sobretudo da época da borracha, é significativa. Theatro da Paz,
várias igrejas, palacetes, monumentos etc.
C.I. — Sobre o aspecto religioso, a
comunidade de Belém, mesmo sem
uma igreja de San Gennaro, promove anualmente a festa do santo
italiano. Desde quando isso vem
acontecendo?
Marília — Como a maioria dos italianos que se fixaram em Belém é
originária da Calábria, região onde
o santo é venerado, os membros
da Acib decidiram promover anualmente a festa em homenagem a
San Gennaro com a finalidade de
congregar os italianos e seus descendentes. A festa realizou-se pela
primeira vez em 1997 num quarteirão da Avenida Serzedelo Corrêa em
frente ao prédio em que funcionava
a Acib. Em 2005, como a sede da
Acib passou a funcionar no antigo
COMUNITÀ ITALIANA
prédio da Unione Italiana, na rua Manoel Barata, a festa de San Gennaro passou a ser realizada num espaço maior, uma praça localizada em frente à Acib, onde funcionou, durante
décadas, a Fábrica Palmeira. A programação da
festa constitui em missa celebrada em italiano, apresentação de música e dança italiana e
um festival gastronômico do qual participam
os principais restaurantes locais especializados em comida italiana.
C.I. — A senhora menciona que há uma linha
direta entre Brasil e Gênova no Pará. Como ela
se articulou e para que fins, especificamente?
Marília — A linha de navegação Belém-Gênova-Belém funcionou nos fins do século XIX.
Em 1897, foi dada a concessão de uma linha
de navegação ao político e armador genovês
Gustavo Gavotti, que passou a operar através
da companhia Ligure Brasiliana. Os navios da
empresa faziam linhas regulares Gênova-Belém-Manaus. Essa linha serviu para estimular
a imigração na região. Seus navios trouxeram
artistas, jornalistas e outros profissionais liberais à Amazônia.
C.I. — Em 1934, havia em Belém 54 casas comerciais de italianos. Estes empreedimentos
foram mantidos pelos descendentes?
Marília — Até fins da década de 30 havia no
Pará, aproximadamente, 40 estabelecimentos
comerciais localizados em Belém e no Baixo
Amazonas pertencentes a italianos. Eles se dedicavam ao comércio de gêneros alimentícios,
materiais de construção, calçados e confecções.
Alguns desses italianos, sobretudo os do Baixo
Amazonas, também eram fazendeiros, entretanto, poucos descendentes continuaram a exercer
as atividades econômicas de seus pais. A maioria
veio para Belém, onde se tornaram funcionários
públicos e profissionais liberais.
Amazonenses recuperam vice-consulado da Itália em Manaus para
fortalecer ponte com a imigração do início do século XX. O ano de
2006 é especial para o Amazonas. Investimentos da Bota começam
a florescer no Alto Solimões e freis capuchinhos iniciam preparativos
para o centenário, em 2009, da missão religiosa no estado
Luciana Bezerra dos Santos
Luciana Bezerra dos Santos
e André Felipe Lima
12
COMUNITÀ ITALIANA
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JANEIRO 2006
recebeu um convite para revitalizar o vice-consulado da Itália no Amazonas.
Russo aceitou o desafio e transformou o
que antes era apenas um escritório consular de
correspondência em um centro de apoio e orientação para a comunidade de italianos e oriundi
em Manaus. Uma bem montada infra-estrutura
em um andar de sua clínica médica.
— Em homenagem a meu pai, aceitei o
cargo — ressalta. Para ele, quem assumir um
vice-consulado deve ter uma família com “tradição viva”, “envolvimento” com a sociedade e,
sobretudo, “orgulho” das origens.
Russo, Calderaro, Aronne, Cantisani, Celani, Biondin, Pelosi, Conte, Limongi, Cardelli e
Faraco são algumas das famílias que ajudam a
contar a história do Amazonas, sem o folclore
característico de que Manaus é “terra predominantemente de floresta, onça e pirarucu”. Lá foi
escrita uma das histórias mais singulares da colonização italiana. Embora um grande número de
descendentes desconheça a importância de sua
ancestralidade para o Amazonas.
Essa perda de identidade preocupa o vicecônsul, Arnaldo Russo, que realiza mensalmente
um encontro de representantes das principais
famílias de ítalo-brasileiros em Manaus. O viceconsulado, explica ele, reporta-se diretamente
ao Consulado de Recife.
— Como ficou sem contato muito tempo, a
comunidade ficou dispersa e ninguém imagina
como é difícil esse retorno. Conseguimos mostrar ao Consulado geral de Recife que tínhamos
condições. Fizemos uma boa sede consular e
começamos a reunir a comunidade para mostrar
que já tínhamos condições de trabalhar com
qualidade — pondera Russo, que recebe, em
média, quarenta pessoas em cada encontro que
promove — No jantar de fim de ano vieram 100
pessoas — completa.
Em cada encontro, um convidado fala um
pouco da trajetória da família no estado, mostrando, inclusive, fotografias e filmes. A reunião
também propicia debates sobre as dificuldades
da comunidade e o serviço consular. O final é
sob a melhor medida italiana, regado à comidas
típicas da mamma e vinho.
Segundo o oftalmologista, a distância entre
o escritório consular em Manaus e a comunidade
desmotivou os descendentes. Existe atualmente
em Manaus cerca de 400 oriundi e “muito poucos” italianos. Um número, embora pequeno,
“considerável” para o tamanho de Manaus, como
aponta Russo. No início do século, a colonização
foi promovida principalmente por pessoas do Sul
da Itália, especialmente da Basilicata e Nápoles.
Ainda inicial, o trabalho do vice-consulado
do Amazonas já obteve resultados positivos,
como eventos culturais - em
2004, uma orquestra de câmara italiana apresentou-se no
Teatro Amazonas - e a busca
por cidadania italiana.
— São centenas de pedidos para dupla cidadania que
recebemos em nosso site [http://vicitaliamanaus.com.br]
— destaca Russo, que ainda
acha ser pouco o que vem
sendo feito: — O processo
JANEIRO 2006
/
convidando os empresários italianos da região
para fazer parte de mais esse projeto — sinaliza
Russo, que também pretende instalar em Manaus
um núcleo de assistência médica para italianos e
descendentes e implantar um patronato.
Segundo o oftalmologista, os trabalhos consulares são realizados com “recursos próprios”.
— Temos que ir a Recife discutir autonomia.
Queremos fazer os serviços por aqui. É impressionante a busca por cidadania, centenas de
pessoas nos procuram em busca de informações
sobre seus direitos. O próprio Consulado de Recife não colocou mais o Amazonas no circuito,
nem cultural, nem de autoridades importantes
italianas. Somente em 2004 é que veio a primeira atividade cultural aqui, com a orquestra italiana, onde 700 pessoas prestigiaram o evento
— avalia o vice-cônsul no Amazonas.
Arquivo Comunità
Elo
perdido
M
anaus (AM) — Artesão dos calçados,
o italiano Giuseppe Russo chegou à
Manaus em 1915. Seu pai aportou um
tempo antes seduzido pelo ciclo da
borracha no Amazonas. Sem o pai, Giuseppe casou-se com uma amazonense, que vive até hoje
em uma das belas casas no centro velho de Manaus, onde está o majestoso Teatro Amazonas,
obra cuja arquitetura foi desenhada também por
italianos. Morreu com 75 anos, vítima de diabetes. Era duro na queda. Não deixou nenhum dos
seus oito filhos o ajudarem na sapataria. Dizia
que só se “aposentaria depois de formar” os filhos. O que cumpriu. Morreu sem retornar à terra
natal, Rotondo, na província de Potenza, região
de Basilicata, onde nasceu em 1885.
Um típico italiano “bem machista”, tanto
que a esposa era quem, no almoço e jantar,
servia a todos os filhos e somente quando acabavam de se alimentar, comia.
— Isso é bem característico do sul da Itália
— recorda o oftalmologista Arnaldo Russo, de
54 anos, filho de Giuseppe, que há dois anos
ééEspecial Amazôniaéé
‘Fizemos uma boa
sede consular e
começamos a reunir
a comunidade
para mostrar que
temos condições
de trabalhar com
qualidade’
REDESCOBRINDO RAÍZES
Médico oftalmologista há 30 anos, Arnaldo Russo é casado e tem dois filhos. Em 2002, visitou
a Itália, especificamente a terra do pai, a rústica
Rotondo — a seis horas de Roma.
— Foi bastante emocionante visitar a terra
dos meus antepassados. Infelizmente fiquei
pouco tempo, apenas seis horas. A idéia é pegar
a família e fazer uma viagem mais longa pela
Itália em busca de parentes. O que chamou a
minha atenção foi que após as 13h, ninguém
faz nada, fecha tudo. Às cinco horas da tarde foi
quando as pessoas começaram a chegar à praça,
algumas mais idosas, com chapéus antigos, passeando pela praça.
O pouco que se sabe hoje sobre a presença
dos italianos no Amazonas está registrado no
livro “Gli italiani nel Nord del Brasile”, cuja primeira edição foi publicada em 1931, em Belém,
no Pará, por Ermenegildo Aliprandi e Virgilio
Martini, uma obra rara, com pouquíssimos exemplares existentes.
ARNALDO RUSSO, VICE-CÔNSUL
DA ITÁLIA NO AMAZONAS
de aproximação da comunidade na cidade é bem
lento — acrescenta.
Ele critica também organizações de eventos
que envolvem italianos no Amazonas para as
quais o vice-consulado sequer é convidado.
— Acredito que essa distância se deva porque o consulado nunca teve expressividade na
cidade — observa o vice-cônsul, que disse não
ter sido informado sobre a recente visita de uma
missão empresarial da Itália ao Alto Solimões
— Fiquei sabendo agora, por vocês [repórteres
da Comunità]. Em nossas reuniões, convidamos
empresários, pessoas de opinião, para divulgarmos que estamos funcionando e, mesmo assim,
ficamos sem saber o que está acontecendo entre
o Amazonas e a Itália.
PONTE MANAUS-ITÁLIA
As eleições italianas também estão sendo acompanhadas por Arnaldo Russo. Ele frisa que os
ítalo-brasileiros do Amazonas cadastrados no
Consulado em Recife receberão todo o material
necessário e votarão por meio do vice-consulado,
em Manaus. Fortalecer o vice-consulado como
centro de negócios e de cultura bilaterais é outra
importante meta de Russo este ano.
— Estamos pleiteando implantar a Câmara
de Comércio Brasil-Itália e o Istituto Italiano di
Cultura no Amazonas. Ambos deverão ser finalizados ainda no primeiro semestre desse ano.
Assim, as missões vindas da Itália para o Amazonas tomarão conhecimento de que no estado
existe um consulado, com trabalhos. Estamos
COMUNITÀ ITALIANA
Reprodução
ééEspecial Amazôniaéé
Especial
Pioneirismo: casal Domenico e Angela Maria Conte
13
ééEspecial Amazôniaéé
Especial
ééEspecial Amazôniaéé
Invasão italiana
Empresários da Bota
chegam ao Amazonas
dispostos a incrementar
economia e turismo
do Alto Solimões e
adjacências de Manaus
M
anaus (AM) — Os italianos estão
invadindo a floresta amazônica. Mas
por uma causa justíssima: ajudar a
revigorar a economia das regiões
mais remotas do estado do Amazonas. Várias
empresas já firmaram acordos para implantação
de projetos no Alto Solimões e nas cidades próximas à Manaus. As áreas moveleira, fitocosmética e fitoterápica, agroindústria, especialmente
a industrialização da fécula de mandioca, pescado e piscicultura. São o foco dos investimentos.
A articulação, que aproximou italianos do estado do Amazonas, foi iniciada em 2003, na Casa Civil, em Brasília, pelo subchefe de Assuntos
Federativos da Presidência da República, Vicente
Trevas, e o assessor especial da Presidência, Sérgio Alvarez. Os dois sobreviveram à avalanche
política no Planalto. Ambos coordenam todos os
acordos de cooperação bilateral do Brasil e têm
boas relações com a Itália.
Mas como o processo burocrático é lento
e poderia esfriar o interesse dos italianos, o
próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu
poderes ao seu fiel escudeiro, o secretário da
Presidência, Gilberto Carvalho, para assinar, em
junho de 2004, um acordo bilateral com a Itália.
Naquela ocasião, uma delegação italiana esteve
no Brasil para um seminário de três dias. Ficou
14
Luciana Bezerra dos Santos e André Felipe Lima
acordado que um milhão de euros seria destinado ao programa, sendo que metade da verba
ficaria com o Governo federal e a outra seria
aplicada nos estados escolhidos para os projetos
em um período de três anos. O Amazonas foi um
dos contemplados.
— Um investimento de 500 mil euros é um
grão, que só comporta o pagamento das passagens dos italianos, as diárias e a elaboração
das propostas. A idéia é de que o projeto seja
concluído no final de 2006. A meta dos italianos é lançar uma semente e colher daqui a dois
anos. Eles querem investimento a longo prazo
— reconhece o economista Vicente Schettini,
44 anos, diretor do departamento de micro e
pequenas empresas da Secretaria de estado de
Planejamento e Desenvolvimento Econômico
do Amazonas (Seplan), um dos mais envolvidos
com o projeto e quem mais vem articulando
estudos de viabilidade econômica na Amazônia
com os italianos.
O programa de cooperação Brasil-Itália foi
instituído com a finalidade de criar políticas para
o desenvolvimento local integrado entre os governos federal e estaduais e as regiões italianas
de Marche, Toscana, Úmbria e Emília Romagna.
No Brasil, o programa já iniciou o fomento
de pólos de produção calcados em políticas públicas integradas e na estruturação das cadeias
sócio-produtivas nas regiões do entorno de
Manaus e do Alto Solimões. Outras regiões do
País que também receberam a atenção dos italianos foram a Serra das Confusões, no Piauí; o
entorno de Juiz de Fora, em Minas Gerais; o eixo
Araraquara / São Carlos, em São Paulo, e o eixo
Pelotas / Bagé, no Rio Grande do Sul.
Para um projeto bilateral tão loquaz, dinheiro (e muito!) é indispensável. O Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
(MDIC) orçou verba milionária para o avanço do
programa de apoio às micro e pequenas empresas brasileiras (MPE´s), do qual os projetos com
os italianos fazem parte.
A rede de centros tecnológicos e apoio
às MPE´s do Governo federal precisará obter
junto ao mercado 17,5 milhões euros, sendo 8
milhões da União Européia (EU) e 9,5 milhões
do Brasil. A previsão de conclusão é em 30 de
junho de 2008. Posteriormente, a parte mais ousada do programa, que é a internacionalização
das MPE´s, irá consumir 44 milhões de euros,
divididos igualmente entre UE e Brasil. Ambos
recursos estão concentrados na Financiadora de
Estudos e Projetos (Finep) e no Sebrae.
Os municípios amazonenses atendidos pelo
programa bilateral com a Itália são Manaus, Manacapuru, Rio Preto da Eva, Presidente Figueiredo, Itacoatiara, Atalaia do Norte, Benjamin
Constant e Tabatinga, os três últimos da região
do Alto Solimões.
A implantação dos Arranjos Produtivos
Locais (APL´s) vai durar três anos e o desafio
inicial é capacitar dirigentes, técnicos de governos e populações locais para desenvolverem e
manterem os projetos. Por enquanto, diagnósticos que apontam com exatidão os potenciais das
regiões já estão concluídos e alguns projetospilotos, em andamento.
— O nosso padrinho italiano é a Umbria.
Essa região tem forte interesse nesse programa
de cooperação no Amazonas. Como é o caso da
Toscana pelo Piauí. O Amazonas tem uma relação, embora criada agora, mais próxima com
italianos do que com os demais estados, claro
que não é uma relação cultural, como as que São
Paulo, Rio e Sul do País têm com a Itália — assinala Schettini, que é filho de italiano.
Embora a verba inicial ainda seja pequena,
comparada à ousadia dos programas, Schettini
não mostra desânimo. Reconhece ser impossível
seduzir uma “fábrica da Ferrari” para a Zona
Franca, mas potencializar o que já há nas regiões mais remotas do Amazonas é, para os italianos, um saudável desafio empreendedor.
O turismo e a estruturação de uma política
ambiental baseada no Protocolo de Kyoto também
estão na lista de prioridades da missão italiana.
— Escolhemos essas áreas [do Alto Solimões], consultando cada local que receberá os
projetos — enfatiza Schettini.
Bons resultados industriais da Zona Franca
de Manaus, que faturou US$ 18 bilhões em 2005,
e iniciativas como o Centro de Biotecnologia no
Amazonas chamam a atenção de investidores
internacionais, como os italianos, mas a falta
de mão-de-obra qualificada ainda preocupa os
estrangeiros, como foi o caso de Giovanni Monatnari, da Lega Nazionale delle Cooperative e
Mutue (Legacoop), um conjunto de cooperativas
que agrega sete milhões de associados na Itália.
A liga - pondera Schettini - aportou em Manaus
com o interesse inicial de comprar produtos
manufaturados, mas se depararou com a necessidade urgente de capacitação de todos os elos
da cadeia produtiva.
PRIMEIROS INVESTIMENTOS
Futuras gerações: quem mais lucrará
COMUNITÀ ITALIANA
/
JANEIRO 2006
Os italianos e os amazonenses arregaçaram as
mangas. Já está em funcionamento na cidade de
Benjamin Constant uma unidade de energia solar
da italiana Premel. O gerador atende uma pequena comunidade e através de um poço, também
filtra e distribui água potável para a população.
O objetivo deste projeto-piloto é abrir caminho
para que a Premel monte uma planta industrial
na Zona Franca. O mel amazonense também
atraiu os italianos.
— A Legacoop sugeriu que participássemos
da feira de Bolonha, na Itália. A idéia deles é
de que o estado do Amazonas seja representado
pelo mel, mas com as condições adequadas para
chegar lá. E a última área seria a de madeira-móveis, que está sendo desenvolvida para a criação
JANEIRO 2006
/
Arquivo Comunità
Fotos: Seplan AM
MÃOS À OBRA
‘A Legacoop sugeriu
que participássemos
da feira de Bolonha,
na Itália. A idéia
deles é de que o
estado do Amazonas
seja representado
pelo mel’
VICENTE SCHETTINI,
DA SEPLAN-AM
de um centro de serviços na cidade de Manaus
e isso se acopla a outra idéia do Governo do estado, que é a implantação do parque industrial
para este setor — antecipa Schettini.
A análise que vem sendo feita para a área
de madeira-móveis já deu sinais de que o futuro
reserva sucesso. No dia 15 de janeiro, uma equipe de técnicos italianos esteve em Manaus e foi
diretamente para o Alto Solimões para conhecer
mais detalhadamente o potencial da região neste segmento.
Na planta do projeto, consta que o valor
estimado para criação do futuro centro técnico
é de US$ 1,7 milhões, com recursos do BID/
Sebrae e da Região de Marche. A previsão é de
que as operações comecem em setembro. Dali,
a expertise dos italianos vai se desdobrar na
capacitação de gestão de serviços, em inovação
tecnológica, assistência técnica, formação profissional, certificação e apoio à comercialização,
principalmente para o exterior.
VOCAÇÃO TURÍSTICA
A importação tecnológica e a expertise dos italianos vão transformar as cadeias produtivas do Alto
Solimões e adjacências de Manaus em concorridos
pólos de atração turística. Diretores da Amazonastur, Jordan Gouveia e Edmilson Leão informaram que os italianos solicitaram, inclusive, um
roteiro turístico para ser divulgado na Itália.
COMUNITÀ ITALIANA
— Para isso, pleiteamos uma verba de R$
400 mil ao Ministério da Integração para facilitar a confecção desse roteiro — assinala Gouveia. O recurso seria liberado até fevereiro.
Essa missão de negócios não é a primeira
investida italianos no turismo local. A vocação
turística do Amazonas atraiu, nos últimos 10
anos, muitos empreendimentos internacionais,
como o resort de selva Mercure, no município
de Novo Airão, próximo à Manaus, que deverá
ser inaugurado no segundo semestre. Um investimento que recebeu recursos de um grupo de
empresários da Emiglia Romana vinculado a um
fundo de pensão, em parceria com a operadora
hoteleira Accor.
— Eles não tinham todos os recursos necessários para completar o hotel e queriam captá-los no estado. Tiveram enormes dificuldades
em convencer o Banco da Amazônia a conceder
um empréstimo de R$ 2 milhões. É um hotel
enorme de selva, são 180 apartamentos - conta
Schettini, que acredita terem sido investidos no
Mercure cerca de R$ 5 milhões.
O DESAFIO DOS RIOS
A nova missão de italianos optou, entretanto,
por regiões mais distantes da capital do estado,
como Tabatinga e Benjamim Constant. São 12
dias de barco de Manaus até o Alto Solimões.
Um dos fatores de segurança para investimentos
em áreas tão remotas, é a presença da Igreja
católica nos municípios que praticamente fazem
fronteira com o Peru. Lá estão, desde 1909, a
missão dos freis capuchinhos de Assis, agora sob
a orientação de dom Alcimar Magalhães, bispo
da diocese do Alto Solimões.
Ingressar nessa região, segundo Schettini,
“foi exigência dos italianos”, que desafiaram a
complexa geografia, a distância e a conseqüente
dificuldade de comunicação com Manaus.
— Os problemas do estado do Amazonas
estão, em parte, na questão geográfica. O rio é a
nossa estrada, e uma viagem de Manaus à Tabatinga leva 12 dias de barco. Agora, de Tabatinga
para uma outra comunidade, significa que a missão pode levar mais 12 dias viajando. Uma passagem de avião de Manaus para Tabatinga custa
uma vez e meia uma de Manaus para Brasília.
Para minimizar o impacto destas barreiras geográficas, estuda-se a possibilidade de
criação de um programa de cidades gêmeas.
Schettini cita a cidade de Letícia, na Amazônia
colombiana, que recebe 30 mil visitantes por
ano, enquanto a amazonense Tabatinga não
explora o potencial turístico local. São turistas
brasileiros e do exterior que aportam apenas
em Letícia.
— A integração desses corredores é essencial para o desenvolvimento do turismo na região — vaticina Schettini, um genuíno oriundi.
Seu pai chegou ao Rio de Janeiro com apenas oito anos de idade. Uma parte da família foi para o
Amazonas e a outra, para a Venezuela. O avô do
economista veio da Basilicata e chegou antes ao
Brasil para trabalhar como operador de máquinas de capacitação de água de Manaus. — Eles
eram agricultores e não tinham uma perspectiva
muito boa de trabalho. No caso de meu avô, ele
retornou à Itália e atuou na Guerra, mas ainda
pôde trabalhar, depois, no Brasil.
15
Sangue,
suor
e fé...
na selva
Frades capuchinhos de Assis preparam comemorações
do centenário da missão religiosa no Amazonas
Luciana Bezerra dos Santos
e André Felipe Lima
Luciana Bezerra dos Santos
RECURSOS
16
Para manter os colégios criados pelas missões, os
recursos vinham exclusivamente da Itália. Atualmente, o Governo do estado do Amazonas aluga os
centros educacionais no Alto Solimões e paga os
professores. Os recursos da Itália continuam chegando, mas agora são destinados aos postos médicos, maternidades e geração de energia elétrica
organizados pela missão capuchinha. São verbas
repassadas pela campanha “Amici per la palla”, da
Associazione Insieme Fratelli Indios (Aifi).
Para arrecadar fundos, Frei Fulgenzio, que
chegou à Amazônia em 1965, recorda uma curiosa
história. Vascaíno, no Brasil, e tifosi da Juventus
de Turim, o religioso esteve no Rio de Janeiro, em
1967, para correr a sacola em clubes de futebol.
Foi ao Flamengo, Botafogo e Fluminense. Não colaboraram. Estava bastante desapontado, até que
recebeu um convite para um almoço... no Vasco.
— No almoço, papo vai, papo vem e eu tinha
uma foto, por acaso, do time de Benjamin Constant
vestido com uma camisa de malha Hering e com
uma faixa preta. Como tinha morrido o ex-presi-
COMUNITÀ ITALIANA
/
JANEIRO 2006
Arquivo Comunità
M
anaus (AM) — Em 1909, um grupo
de italianos embrenhou-se na floresta
amazônica em busca de uma missão de
fé. Eram os freis capuchinhos de Assis,
que ao invés de manterem-se em Manaus, navegaram rio acima até chegarem ao Alto Solimões, onde consolidaram uma das missões católicas mais
bem-sucedidas na América Latina. Um trabalho
que fortaleceu a região da Amazônia e ajudou a
abrir caminhos para iniciativas de empreendedores italianos, como as que recentemente aportaram nas cidades de Benjamin Constant e Tabatinga, na fronteira com o Peru. Uma região onde havia apenas floresta, hoje há desenvolvimento em
150 mil quilômetros quadrados, que corresponde
a meia Itália. Uma evolução que não maculou as
culturas das tribos e tampouco o meio ambiente.
Frei Fulgenzio Monacelli, nascido em Grello, na
região da Úmbria, em 1938, ex-pároco da Igreja
de São Sebastião, em Manaus, por 21 anos, e uma
das figuras religiosas mais carismáticas e respeitadas no Amazonas, narra um pouco dessa trajetória
dos capuchinhos. História que também é a dele:
— Naquela época [1909] em que chegaram,
se depararam com diversas dificuldades, pela
língua, cultura, clima, distância. No começo, se
preocupavam mais com a questão social e empreendedora do que com a pastoral. Faltavam
colégios, igrejas, hospitais... os capuchinhos fizeram tudo isso. Mas para uma construção resistir ao tempo foram necessários tijolos. E os capuchinhos construíram as primeiras olarias, que
tinham a finalidade também de oferecer trabalho
àquelas pessoas da região.
As missões atuaram em cidades como Santo
Antônio de Sá, Humaitá, Amaturá, Tabatinga, Atalaia do Norte, São Paulo de Olivença e Benjamim
Constant, estas duas últimas mantêm uma população de sete mil índios ticunas.
— Nossa pérola! — exclama frei Fulgenzio.
Outro frei, Fidelis de Alviano, já morto, foi o
responsável pelo trabalho cooperativista entre os
ticunas, ensinando-os a ler e a escrever. Uma gramática ticuna foi criada por ele. Trabalho considerado por vários pesquisadores como um dos tesouros da cultura indígena.
‘Os capuchinhos
construíram as
primeiras olarias,
que tinham a
finalidade também
de oferecer trabalho
àquelas pessoas
da região’
FREI FULGENZIO
dente Castelo Branco, era luto. Foi a minha sorte.
Agradeci, mesmo sem falar, na época, um bom
português, mas eu tinha uma voz bonita — lembra, com bom humor, o frei, que entregou o dinheiro aos frades capuchinhos do Rio Grande do
Sul, onde havia uma fábrica de sapatos. O que
veio em troca foram 45 pares de chuteiras, 33
bolas e cinco uniformes completos com calção e
meias para as comunidades carentes de Manaus e
do Alto Solimões praticarem o esporte bretão.
LUTA DE CLASSES NA SELVA
A época do auge da borracha coincide com a chegada dos capuchinhos ao Amazonas. Além das
agruras na selva, enfrentando doenças que, em
muitos casos, mataram alguns religiosos, os capuchinhos tiveram como obstáculo a maçonaria.
— Os capuchinhos, na época da borracha,
foram ameaçados de morte porque a maçonaria
era bem implantada e o padre era um obstáculo,
uma pedrinha no sapato. Hoje, em relação aos
madeireiros, não há isso porque a igreja já abriu
[sic] um pouco. Há uma história de uma cidade
[Remate de Males] da região do Atalaia onde um
padre foi ameaçado de morte. Ele conseguiu fugir, mas antes disso amaldiçoou a cidade e, por
isso, ela não existe mais. Mas isso é uma lenda
do início do século XX — desconversa o frei.
Lidar com o risco de morte iminente era comum. O frei recorda a trágica ironia do destino
com um padre que morreu afogado em Benjamin
Constant:
— Era festa para a chegada do nosso superior da Itália. Nosso padre estava filmando com
aquelas máquinas antigas e pesadas nas costas e
em pé, na proa de um barco. Quando foi tocado,
perdeu o equilíbrio e caiu. A água era turva e ele
se afogou, todos esperavam que ele boiasse, mas
não aconteceu. Naquela época todos os missionários eram italianos, havia apenas alguns bra-
JANEIRO 2006
/
sileiros vindos da província de São Paulo, que
também tinham sangue italiano.
Frei Fulgenzio esteve em 2004 na Itália e lá
ficou por sete meses para fazer duas operações
melindrosas para tratar um câncer. Seu irmão
mais novo, Frei Mario, um de seus cinco irmãos,
assumiu o posto na Igreja de São Sebastião. Sobre as comemorações do centenário dos capuchinhos na Amazônia, ele é comedido: a finalidade, diz, “não é triunfalista”.
De 1909 para cá, o número de italianos missionários vem diminuindo sensivelmente. Frei
Fulgenzio atribui a queda das vocações religiosas ao número cada vez mais reduzido de filhos
dos casais na Itália.
— Hoje os capuchinhos vêm mais como intercâmbio, passam seis meses e depois voltam.
No Brasil já há muitos missionários.
Fotos: Reprodução
ééEspecial Amazôniaéé
Especial
1909 — Vindos da
província da Úmbria,
chegaram os primeiros
quatro missionários.
Na foto, à esquerda,
Frei Agalangelo e Frei
Martino; abaixo, Frei
Domenico e
Frei Ermegildo.
1911 — Os frades iniciam as obras pastorais
como igrejas e escolas, mas começam a sofrer as
intempéries da selva e alguns morrem com febre
e esgotamento.
1922 — Benjamin Constant é definida como
“estação missionária”.
PREPARANDO A FESTA
O frei italiano Valerio Di Carlo, de 73 anos, é outro incansável religioso para que as comemorações do centenário sejam inesquecíveis. Embora
confesse ir pouco ao Alto Solimões, o frei arriscou-se no mundo do humor para ajudar a região.
Veia artística não lhe falta. Conhecedor de muitas piadas, só poderia mesmo escrever um livro,
“Fra Valerio... poco serio” (da italiana Editrice
Tau) — já na quinta edição. A versão em português está sendo negociada com uma editora do
Rio de Janeiro. Até o papa já recebeu um exemplar da bem-humorada obra solidária.
— Fui ao Rio recentemente para divulgar o
livro. Fui apresentado a Jô Soares, mas ele ainda
não me chamou [para entrevista no programa de
TV]. Em fevereiro volto à Itália.
O livro não é pouco para este relações-públicas da missão capuchinha. Uma partida de
futebol com os 29 jogadores brasileiros que atuam na Itália e as seleções italiana ou brasileira
está sendo organizada por frei Valério. Ele pedirá, porém, ao governador do Amazonas, Eduardo
Braga, que interceda junto ao presidente Luiz
Inácio Lula da Silva para apenas encaminhar
uma carta à Itália apoiando o evento.
— Quando falei, por e-mail, ele [presidente
Lula] não entendeu a minha solicitação. Ele disse ‘não ter nada a ver com a seleção’ e que, ‘portanto não poderia me ajudar’. Acho que o Lula
não entendeu o que eu quis dizer. Queria apenas
um apoio moral, nada mais. Inclusive mencionei
que enviava dinheiro para ajudar comunidades
pobres no Brasil, mas, mesmo assim, ele não
entendeu — lamenta o frei. A partida será em
2009, no estádio Olímpico, em Roma.
As dificuldades atuais para arrecadar fundos
ou apenas um apoio formal de um chefe de estado não são novidade para os capuchinhos. Encaram tudo como um desafio que será cumprido à
risca. Esse destemor levou um deles, frei Miguel
Arcangelo, que trabalhou há mais de 40 anos no
Amazonas, a entrar na fila para o processo de
santidade no Vaticano. Morto há quatro anos,
ele e seus companheiros deixaram pérolas arquitetônicas em Manaus, como a Igreja de São Sebastião. Mas o que vale mesmo é a mensagem de
perseverança dos religiosos por respeito às culturas da floresta amazônica existentes há bem
mais tempo na região que a centenária missão
dos capuchinos.
COMUNITÀ ITALIANA
1927 — Chegada das Irmãs Terceiras
Franciscanas Capuchinhas em São Paulo de
Olivença (na foto acima).
1928 — Remate
de Males, uma
das cidades mais
importantes do
Alto Solimões,
desaparece
sob a cheia
do rio (foto à
esquerda).
1938 — Benjamin Constant é elevada à
categoria de “cidade” em 31 de março de 1938.
1952 — A missão dos Capuchinhos no
Amazonas torna-se “custódia” em 6 de maio.
1960 — Realizado, em maio, o congresso
eucarístico cujas finalidades são implantar a
igreja local e a Ordem dos Frades Capuchinhos
no Amazonas.
1992 — Elevação da “prelazia” à
Diocese do Alto Solimões. dom Alcimar
Caldas Magalhães (foto abaixo)
substituiu dom Adalberto Marzi. Mudança de
sede de São Paulo
de Olivença para
Tabatinga.
2002 — Frades
capuchinhos iniciam
organização para
as comemorações
dos 100 anos da
missão religiosa no
Amazonas.
17
Notizie
SCANDALO NELL’ UNIPOL
FUOCO AMICO
PIZZA ACROBATICA
N
ella prima quindicina di questo mese è stato realizzato il concorso di
Pizza Acrobatica presso la Casa d’Italia a Rio de Janeiro. Circa 10 persone si sono presentate al suono di canzoni brasiliane. I primi tre collocati
sono stati scelti dalla commissione esaminatrice che aveva tra i suoi giurati i campioni mondiali Paolo Coppola, Giorgio Riggio e Giovanni Dascola.
I vincitori José Miguel da Silva, Manoel Vieira e Francisco de Assis Roque,
arrivati rispettivamente al primo, secondo e terzo posto, comporranno il
gruppo che, per la prima volta, parteciperà al campionato mondiale di pizza acrobatica in Italia.
Il concorso, che è stata la realizzazione del sogno di Mario Tacconi, conosciuto come il pizzaiolo di Faustão, ha avuto il coordinamento del Consolato Italiano e del Coni Brasil (Comitato Olimpico Nazionale Italiano).
Durante una settimana, circa 18 persone sono state allenate, ma soltanto
10 hanno voluto partecipare al concorso.
— Questo è appena l’inizio, spero di non fermarci qui. Il Brasile è
uno dei pochi paesi che non partecipano ai campionati mondiali — ha
detto Tacconi.
Il direttore del CONI Brasile, Alfredo Apicella, è d’accordo col pizzaiolo.
— Quest’evento è importantissimo perché sta dando opportunità ai pizzaioli brasiliani di partecipare al campionato in Italia — ha detto. (N.G.)
NONNA FA UNA RAMANZINA AL PREMIER
I
l 6 gennaio, a Roma, un giudice di pace ha intimato il premier Silvio
Berlusconi a chiarire perché non ha pagato correttamente la pensione
ad una signora italiana di 78 anni. Berlusconi voleva pagare al di sotto dei
500 euro, il minimo che lui stesso aveva promesso nella campagna politica
ai pensionati. La ramanzina della vecchietta italiana è stata stimolata dal
partito Italia dei Valori, il cui leader è il giudice dell’operazione Mani Pulite, Antonio di Pietro, che si presenterà alle elezioni del 9 aprile nella ‘Lista
dei Consumatori’, una specie di Procon in Italia. Berlusconi sarà sentito dal
giudice il 28 febbraio, insieme al ministro del lavoro, Roberto Maroni.
COMUNITÀ ITALIANA
/
JANEIRO 2006
l governo del primo ministro italiano, Silvio
Berlusconi, è minacciato dagli stessi gruppi
che lo hanno aiutato a conquistare il potere.
Il principale fuoco amico parte dalla Confindustria, oggi diretta da Luca di Montezemolo,
che denuncia ciò che classifica come incapacità della classe politica, specialmente quella
governativa, di rinvigorire il paese sia politicamente, sia economicamente.
In un articolo pubblicato sul quotidiano Il Sole 24 ore, il leader imprenditoriale italiano critica duramente Berlusconi, la
cui situazione nei sondaggi di opinione è
in caduta libera a soli quattro mesi dalle
elezioni generali. Montezemolo difende una
nuova Costituzione che ridefinisca regole
per le istituzioni e l’economia del paese. Ma
avverte che prima bisogna eleggere dirigenti “onesti e competenti”, il che non sarebbe il caso attuale nell’Italia di Berlusconi.
Ignorando gli avvertimenti dell’opposizione
del centrosinistra, gli imprenditori consideravano Berlusconi l’uomo “provvidenziale”
che avrebbe iniziato un processo di modernizzazione del paese.
Oggigiorno Montezemolo non perdona
Berlusconi per la “crescita nulla del 2005,
CAMBIO ALLA
BANCA D’ITALIA
I
/
I
l presidente del gruppo di assicurazioni
italiano Unipol, Giovanni Consorte, indagato dalla Giustizia per uno scandalo di
offerta pubblica di acquisto bancaria (OPA),
ha rinunciato all’incarico. Consorte e il vicepresidente dell’Unipol, Ivano Sachetti,
hanno lasciato formalmente l’incarico al
Consiglio di Amministrazione del gruppo il
9 gennaio. La dimissione di Consorte, che è
legato ai dirigenti dei Democratici di Sinistra (DS), il maggiore in termini di opposizione, non ha causato sorprese in Italia.
Hanno ambedue lanciato un’OPA alla
Banca Nazionale del Lavoro (BNL) per compensare un’altra della spagnola BBVA. La
stampa locale ha informato che la giustizia
sospetta che Consorte si sia fatto pagare illegalmente 50 milioni di euro, il che è stato
smentito dallo stesso.
La giustizia di Milano, che indaga un’altra OPA lanciata dalla Banca Popolare Italiana (BPI) sul Banco Antonveneto, e in cui
Consorte ha aiutato l’ex presidente della BPI,
arrestato nel dicembre scorso per innumerevoli irregolarità commesse, sospetta che
Consorte abbia ricevuto questi pagamenti
per manipolazioni finanziarie “dubbiose”.
4 MILIONI DI EURO PER L’ALLINEAMENTO
l Consiglio dei Ministri italiano ha approvato la nomina dell’ex direttore generale del tesoro Mario Draghi come presidente
della Banca d’Italia, sostituendo Antonio
Fazio, che ha rinunciato dovuto alle indagini della giustizia. Draghi, che si deve insediare il 1º febbraio, è economista, ha 58
anni e conosce bene la struttura della Banca d’Italia, ove è stato assessore economico negli anni ’90, quando Ciampi occupava
l’incarico di presidente.
Draghi è stato vicepresidente della banca di investimenti Goldman Sachs
dal 2002. Nel suo futuro, l’arduo compito
di ridare alla Banca d’Italia la credibilità
perduta, che ha cominciato a crollare con
i crack delle aziende Parmalat e Cirio, ed
è caduta ancor di più dopo le discutibili
azioni di Fazio nelle Offerte Pubbliche di
Acquisto lanciate alla BNL e all’Antonveneto.
Durante la sua carriera professionista,
ha occupato un incarico al Consiglio di
Amministrazione della Banca Mondiale, è
stato capo del Comitato Economico e Finanziario dell’Unione Europea, ed è stato
a capo della direzione generale del Tesoro
in Italia, dove è conosciuto come il promotore di grandi privatizzazioni e dovuto
al fatto di essere autore della legge sulle
Offerte Pubbliche di Acquisto, che porta il
suo nome.
JANEIRO 2006
la perdita di competitività del paese, il
difficile controllo dei conti pubblici e gli
scandali finanziari”. Inoltre, Berlusconi è rimasto segnato da forti dispute con il potere
giudiziario. L’opposizione lo accusa di aver
usato il suo controllo sul Parlamento per approvare leggi che sbarrano il normale andamento dei processi giudiziari. Il potere esecutivo italiano viene responsabilizzato per
aver portato il paese alla perdita di gran
parte della sua credibilità esterna – anche
nell’Unione Europea, dove Berlusconi non
conta sulla simpatia della maggior parte dei
suoi colleghi.
L’esempio più recente di mancanza di
prestigio è quello della dimissione del presidente della Banca d’Italia, Antonio Fazio,
dovuto alle pressione della UE. Fazio è sotto
processo per abuso di potere. Nel suo articolo, Montezemolo ricorda che capacità di governare non significa rimanere molto tempo
al potere: “Significa, soprattutto, prendere
decisioni che soddisfino le aspirazioni e interessi della maggioranza della popolazione
e non soltanto i desideri individuali”, ha
concluso riferendosi implicitamente al premier italiano.
D
opo la nota del Ministro per gli Italiani all’Estero, Mirko
Tremaglia, sulla decisione adottata dal presidente della
Camera, Pier Ferdinando Casini di dichiarare inammissibile
l’emendamento a favore delle elezioni degli italiani all’estero, sono state ricevute “ampie assicurazioni affinché il Governo si impegni a riproporre il provvedimento entro la fine
dell’anno”. Il provvedimento era stato inserito nel maxiemendamento e prevedeva l’autorizzazione per l’anno 2006 di
un impegno di spesa di 4 milioni di euro, utile all’aggiornamento definitivo degli schedari dell’Aire, l’Anagrafe italiana
dei residenti all’estero.
COMUNITÀ ITALIANA
Reprodução
João Carnavos
I
19
Saúde
Saúde
Reprodução
SONO E BEBEDEIRA
E
studo realizado pela Universidade do
Colorado, nos Estados Unidos, aponta que a capacidade de raciocínio pode ser
melhor depois de uma noite em claro ou de
uma bebedeira do que após uma boa noite de
sono. Segundo os pesquisadores, a capacidade mental dos pacientes é pior nos primeiros
minutos depois de acordar. Essa conclusão,
publicada na revista especializada Journal of
the American Medical Association, em janeiro, tem implicações diretas para pessoas que
trabalham em turnos noturnos e para aqueles
que, como médicos, têm que realizar tarefas importantes pouco depois de acordar. Os
participantes do estudo passaram seis noites
dormindo oito horas e ao acordarem participavam de um teste que media a capacidade
deles com somas de números.
20
mulheres em relação ao comportamento masculino diante da gravidez indesejada. Entre os
homens, 66% ficaram satisfeitos com a gravidez, mesmo sendo inesperada, 83,3% acompanharam a gestação e 76,9% registram formalmente os filhos. A gestação não mudou o tipo
de relacionamento com o parceiro para 58% das
mulheres entrevistadas. Entre os casados (18%
dos homens), 94,1% mantiveram o matrimônio
e dos casais amasiados, que não possuem vínculo formal (47% dos homens), 83,3% permaneceram juntos.
vínculo existente entre os parceiros antes de uma gravidez indesejada determina o comportamento dos homens diante
da gestação e do filho. De acordo com um
estudo realizado na Escola de Enfermagem da
USP, com famílias de baixa renda, os homens
casados, que vivem juntos ou apenas namoram a parceira, são os que mais assumem os
filhos, apesar da gestação inesperada. A pesquisa foi realizada com 100 mulheres moradoras em uma comunidade de São Paulo. O
estudo verificou também a experiência das
Calos Jardim: diagnóstico rápido com exame do reto
total, 13 mil são estimados só no estado de São
Paulo, segundo o Instituto Nacional de Câncer. E
a mortalidade, infelizmente, não pára de crescer
no estado: passou de 10,6% dos casos em 2000
para 11,7%, em 2002.
Dezessete de novembro é o dia nacional da
próstata. O slogan da campanha este ano é “Você deve tocar neste assunto”. (L.B.S.)
FRUTAS E CALOR I
FRUTAS E CALOR II
E
lgumas frutas têm muito líquido e são capazes de reidratar o corpo no verão, como
a melancia e o melão. Uma das grandes vantagens das frutas é, contudo, a riqueza de fibras.
Quem come pelo menos duas porções de fruta
por dia terá muito mais chance de evitar uma
constipação. E o verão contribui, oferecendo
nesta época do ano mangas, ameixas, abacaxis, nectarinas, figos e goiabas, ricas em fibras.
Pêssegos, por exemplo, têm uma discreta ação
laxante. Já as maçãs e goiabas podem ajudar a
reduzir níveis de colesterol e o risco de doenças
cardiovasculares.
m nenhuma outra estação do ano, os irresistíveis sabores e cheiros das nossas
frutas são tão marcantes como no verão. Para
quem se queixa do calor, as frutas são recursos
refrescantes, batidas com muito gelo e água e
servidas como suco. Para aqueles que gostam
das estações quentes, as frutas só acrescentam
prazer aos dias de verão. São grandes fontes
de vitaminas, sais minerais e substâncias ativas com ação antioxidante e ajudam a prevenir
algumas doenças, além de controlar os níveis
de gordura no sangue e facilitar todo o sistema digestivo.
O
A
DOAÇÃO DE OSSOS
P
oucas pessoas sabem, mas ossos também podem
ser transplantados. A falta de informação faz com
que o Instituto Nacional de Traumato-Ortopedia (Into), no Rio, realize bem menos transplantes do que
sua capacidade: quase mil por mês. Para esclarecer a
população sobre a importância da doação de tecidos
músculo-esqueléticos, o Ministério da Saúde promove,
neste mês, uma campanha de doação de ossos. Foram
desenvolvidas diversas atividades educativas, artísticas e desportivas, na Avenida Atlântica, localizada na
praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. Mais informações pelos telefones (21) 2587-6444.
COMUNITÀ ITALIANA
/
JANEIRO 2006
Reprodução
— Encontrado, com raras ocasiões, câncer
de próstata em homens entre 40 e 50 anos, o
que é raríssimo de acontecer. Nesses casos, a
doença é mais agressiva. Por isso, a importância de um diagnóstico precoce para tentar salvá-lo de uma evolução ruim. O diagnóstico precoce é dado através de check-up, que é o exame
local da próstata. O grande problema desse exame é que só pode ser acessado através do reto
e aí vem o preconceito do homem, em relação
ao exame — destaca o médico. — É muito fácil
diagnosticar com o toque — completa.
O urologista recomenda que, após os 45 anos,
todo o homem deve fazer o toque retal e o exame de PSA (Prostate Specific Antigen — Antígeno
Prostático Específico), repetindo-os a cada ano.
— As seguradoras estão exigindo isso dos
homens. Aqueles que tenham parentes próximos
com câncer de próstata podem começar a fazer o
exame aos 40 anos. Caso o paciente tenha a doença abaixo dos 70 anos de idade, com a cirurgia
a cura é de 80% dos casos. Acima dos 70 anos,
não vale a pena tratar com cirurgia, porque o
paciente pode ficar impotente. Nesse caso, são
60% dos casos.
Mais de 46 mil novos casos de câncer de
próstata devem surgir no Brasil este ano. Desse
Reprodução
O
câncer de próstata é um dos que mais
afetam o homem. Só é superado pelo
câncer digestivo. A doença prostática
maligna é hoje responsável por uma incidência
muito alta no homem, só que na maioria das vezes é uma doença com uma evolução letal, que
acontece na maioria das vezes em idosos acima
de 80 anos.
— Como é uma doença de evolução muito
lenta, as pessoas não morrem dela, mas com outras causas, como as vasculares, por exemplo.
Hoje 80% dos pacientes com câncer de próstata
têm uma história natural muito longa, até a doença evoluir para a metástase. Mas isso vai depender de um paciente para outro — explica o
urologista Carlos Jardim.
Há, contudo, pacientes que vivem até 15
anos. Quando se faz um diagnostico precoce,
ressalta Jardim, se detecta um câncer dentro
da próstata, chamado de localizado. O paciente
tem grandes chances de cura. O percentual, nesse caso, gira em torno de 90%, dependendo do
estádio e do tipo do tumor.
Existem tumores mais agressivos outros,
nem tanto. Em homens mais jovens, com 50
anos, a tendência é de que o câncer seja avassalador.
GRAVIDEZ INDESEJADA
Arquivo Comunità
Câncer de próstata, um toque importante
SaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSalute
É VERÃO, CUIDADO!
M
uitas pessoas adoram ficar estiradas
na areia se expondo excessivamente
ao sol. Além do perigo de desenvolver um
câncer de pele, há outro problema: a insolação. Ela pode provocar falta de ar, dor de
cabeça, náuseas e tontura, temperatura do
corpo elevada, pele quente, avermelhada e
seca, extremidades arroxeadas e até mesmo
a inconsciência. Se esses sintomas forem
percebidos, é aconselhável que a pessoa
procure a sombra, além de se hidratar de
forma adequada. Em casos graves de queimaduras e de aumento da temperatura corporal, e necessário procurar o atendimento
médico. Lembre-se: use protetor solar, beba
cerca de dois a três litros de água por dia e
evite tomar sol entre 10h e 16h.
Reprodução
SaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSalute
FUMANDO MENOS...
... MAS NEM TANTO
P
O
esquisa realizada pelo Istituto Nazionali di
Statistica (Istat) constatou uma acentuada
redução no consumo de cigarro na Itália. No
período de dezembro de 2004 a março do ano
passado, havia 11 milhões e 221 mil viciados
em tabaco, ou seja, 22,3% da população acima
dos 14 anos. Em 25 anos, houve uma redução
de praticamente 12%. Um total de 28,5% dos
homens e 16,6% das mulheres ainda mantém o
fumo, sendo que o percentual mais alto de fumantes está localizado na Itália central (24,3%)
e a mais baixa (20.9%), ao Sul. Conforme a pesquisa, o percentual de fumantes é maior entre as
pessoas com menos instrução.
estudo do Istat sobre fumo na Itália também registrou um incremento da desigualdade social em relação ao consumo do fumo.
Existe mais propensão para começar a fumar
entre os indivíduos de condições sócio-econômicas menos favoráveis. Mais da metade dos
fumantes italianos tem o vício há mais de 20
anos. Começam a fumar na adolescência e juventude (44,8% iniciaram entre 14 e 17 anos).
Quase 90% fumam cigarros e a média fica entre
14,8 cigarros/dia. Quanto mais velho o italiano,
mais ele fuma. Entre 30 e 59 anos, o percentual
daqueles que fumam mais de 20 cigarros por dia
é maior do que entre os adolescente.
COMBATE AO ROTAVÍRUS
O
New England Journal of Medicine publicou duas pesquisas que afirmam que
os testes com duas vacinas contra o rotavírus foram bem-sucedidos. Atualmente, meio
milhão de crianças, na faixa de dois a três
anos, morre devido a essa doença. As vacinas denominadas Rotateq e Rotarix, que
foram testadas em 130 mil crianças, apre-
sentaram eficácia de 85 a 98% dos casos,
respectivamente, sem efeitos colaterais consideráveis. Cerca de 33% das internações
hospitalares por diarréia em todo o mundo
são causados pelo rotavírus, que também
provoca vômitos, febre alta, dores abdominais, além de gastroenterite desidratante,
que pode ser mortal.
Notizie
FREDDO CHE UCCIDE
NUOVA SEDE
A 75 ANNI
GESÙ È ESISTITO?
G
esù Cristo è esistito veramente? Se no, la Chiesa
Cattolica starebbe violando la legge quando insegna che è vissuto 2mila anni fa? Queste domande le sta
facendo un religioso che, tra l’altro, è ricorso alla giustizia. Il caso sta mettendo uno di fronte all’altro due
sacerdoti che hanno studiato nello stesso seminario:
Luigi Calcioli, che è divenuto ateo dopo anni di studio,
e Enrico Righi, un sacerdote che scrive su un giornale
parigino e che sarà la difesa del caso.
Il primo difende che l’idea dell’esistenza di Gesù
è in relazione all’oscurantismo e alla regressione della
Chiesa Cattolica. Secondo lui, l’istituzione non starebbe
ubbidendo a due leggi italiane, sull’abuso delle credenze popolari e personificazione. Il religioso sostiene che
la figura di Gesù Cristo è stata costruita sulla base della
personalità di Giovanni di Gamala. Questi era un giudeo
che ha lottato contro l’esercito romano nel I secolo. In
controparte, Righi dice che l’esistenza di Gesù è provata
storicamente, attraverso testi e documenti. Ma si dice
tranquillo perché garantisce che la giustizia è dalla sua
parte. I due sacerdoti, secondo l’agenzia Reuters, saranno ascoltati a partire dal 27 gennaio.
ITALIA NUCLEARE
VOLO RECORD
L
U
’ Italia deve riconsiderare le sue
fonti di energia con l’obiettivo
a lungo termine di sfruttare di più
l’energia nucleare dopo che la disputa
della Russia con l’Ucraina ha compromesso le importazioni di gas da parte
dell’Italia, ha detto il Ministero dell’Industria italiano. “Dobbiamo avere
coraggio e lavorare affinché l’Italia
divenga meno dipendente dagli altri
paesi in energia”, informa il Ministero in comunicato ufficiale.
Michele Bartoloni
l freddo che ha cominciato ad attingere l’Italia del nord all’inizio di
quest’anno sta uccidendo varie persone. Fino alla chiusura di quest’edizione, già sette persone erano morte a
causa del freddo, vittime di ipotermia.
I morti erano indigenti, che non disponevano di fissa dimora. L’ultima vittima era un iraniano di 48 anni trovato
senza vita il 3, vicino a Perugia (Italia centrale), secondo la stampa italiana. Oltre
alle morti, le nevicate hanno tumultuato le città e chiuso le autostrade nelle regioni
del centro-nord italiano, mentre al sud le piogge e i forti venti hanno completato il
panorama critico di quest’inverno. A Milano, il Comune ha reso disponibile circa 300
macchine per sparpagliare sale ed evitare che la neve congeli.
n italiano che, pochi giorni fa,
si è trasformato nel primo uomo a volare sulla maggior Cordigliera andina, sull’Aconcagua, il 6 gennaio ha superato il suo stesso record
di volo in altezza con deltaplano,
quando ha raggiunto i 9.100 metri. Secondo l’Ansa, Angelo D’Arrigo,
battezzato “Condor dell’Aconcagua”,
ha superato di 100 metri il segno di
9000 metri stabilito in un volo sull’Everest nel 2004.
’ex partigiano Urbano Lazzaro, che ha lottato contro l’occupazione nazista durante la Seconda Guerra Mondiale, è morto il giorno 3 c.m. in un ospedale
di Vercelli, in Piemonte, Italia del nord, a 81 anni. La
ripercussione della morte di Lazzaro ha un motivo particolare: era stato lui il responsabile per l’arresto, il
27 aprile 1945, del dittatore Benito Mussolini, quando
fuggiva vestito da soldato tedesco e nascosto su di un
camion, vicino alla frontiera con la Svizzera. “Signor
Benito Mussolini, la dichiaro in arresto”, disse il partigiano, che è stato sepolto
con tutti gli onori militari nel paese di Crova. Mussolini fu fucilato insieme alla sua
amante, Clara Petacci. I loro corpi furono esposti in piazza pubblica a Milano.
Nato a Quinto Vicentino, provincia di Vicenza, Italia del nord, impiegato pubblico
della Guardia di Finanza, Lazzaro fu arrestato dalle truppe naziste tedesche l’8 settembre
1943, ma riuscì a fuggire prima di essere deportato nei campi di concentrazione.
Il guerrigliero ha raccontato la storia della cattura dell’ex dittatore fascista in
un libro, scritto a quattro mani con Pier Bellini delle Stelle, conosciuto come “Pedro”, il comandante della brigata nella quale militava. “Là c’è il caprun”, che in dialetto piemontese significa “testone”, avrebbe detto ad un compagno. Allora Lazzaro
è salito sul camion, ha gridato tre volte senza risultato, il nome del dittatore in
fuga. Quando si avvicinava ad un uomo in fondo al camion, Lazzaro ha dato voce di
prigione. Solo allora, secondo la sua versione, il Duce ha lasciato cadere la mitragliatrice ed ha permesso che lo arrestassero. Il resto della storia è coinvolto in un
mistero che nemmeno Lazzaro, conosciuto come “Bill”, è riuscito a chiarire.
Dopo la fine della guerra, Lazzaro si è sposato e ha vissuto parte della sua vita
a Rio de Janeiro, dove ancora oggi vivono due delle sue tre figlie. Si è dedicato a
viaggiare per il mondo come impiegato di un’impresa idroelettrica italiana durante
molti anni. Ritornava a Rio costantemente per visitare le figlie. Una è giudice e l’altra è direttrice dell’Osservatorio Astronomico.
COMUNITÀ ITALIANA
/
n occasione dei suoi 75
anni di vita, il Circolo
Italiano ha inaugurato
la sua nuova sede a Rio
de Janeiro, nell’Avenida
Presidente Antonio Carlos, 54, segundo andar
no Centro.
Durante la cerimonia, avvenuta il 16 di gennaio, è stata anche rinnovata la direzione del Circolo stesso. Durante l’inaugurazione ha preso la parola
l’attuale presidente, Vittorio Perrotta, rinominato all’aunanimità a
dicembre, che ha illustrato i programmi per il prossimo triennio
2006-2009. È stato, inoltre reso noto il primo provvedimento adottato dalla direzione: la nomina a presidente emerito in onore a Mario
Miceli che, per molti anni ha ricoperto la carica di presidente del Circolo per numerosi mandati. Alla festa hanno partecipato anche numerosi consiglieri del Comites (Comitato degli Italiani all’Estero).
L
UN PARTIGIANO E IL DUCE
L
I
RAZZISMO I
Reprodução
Reprodução
I
JANEIRO 2006
’attaccante Paolo Di Canio, in una intervista rilasciata ad una radio romana, ha promesso che non festeggerà più i suoi gol con
saluti fascisti in direzione ai tifosi. Secondo il calciatore, questa attitudine sarà in pro alla “immagine della Lazio”, squadra in cui gioca.
“Ho riflettuto durante le vacanze di Natale ed ho deciso di mettere gli
interessi della squadra al di sopra dei miei. Eviterò di fare certi gesti
verso il pubblico”, ha promesso Di Canio.
Malgrado abbia desistito di commemorare i gol con gesti fascisti,
Di Canio garantisce che non cambierà la sua filosofia e il suo modo di
pensare. Durante un’intervista, il calciatore ha lasciato ben chiaro che
continuerà a difendere lo stesso ideale: “è una visione differente, la
libertà in modo diverso”.
Dovuto alle sue commemorazioni, l’attaccante ha preso una multa
di 10mila euro ed è stato sospeso per una partita a dicembre. La tifoseria della Lazio è conosciuta in Europa come una delle più preconcette e con un forte legame col nazifascismo, ma il club cerca di cambiare
questa immagine e sta divenendo solidale con la Lega italiana nella
lotta contro il preconcetto negli stati del paese.
Ernane D. Assumpção
Notizie
SENZA IMPUNITÀ...
L
’italiano Mimmo Scopsi, 41 anni, della provincia di La Spezia, è
stato arrestato il 7 scorso nella spiaggia di Cumbuco, a Caucaia,
nel Ceará. Condannato nel 1994 dalla giustizia italiana a 10 anni e
cinque mesi di reclusione per truffa, appropriazione indebita, ricettazione di merce rubata e falsificazione di documenti, Scopsi viveva in
situazione legale in Brasile da quattro anni, con residenza fissa a Rio
de Janeiro e nelle spiagge di Jericoacoara e Canoa Quebrada, ambedue
nel Ceará. Mentre l’Interpol gli dava la caccia in modo instancabile,
l’italiano aveva già sollecitato il visto permanente in Brasile e faceva
piani per aprire un ristorante alla spiaggia di Cumbuco. Il truffatore
aspetta l’estradizione verso l’Italia nelle celle della Polizia Federale a
Fortaleza, nel Ceará.
...CON IMPUNITÀ
I
l truffatore Mario Scopsi, nel caso fosse estradato in Italia, potrà
pure guadagnarci. Ciò perché nella sessione speciale del Parlamento
italiano, avutasi il 27 dicembre scorso, si è discussa la possibilità di
rilasciare alcuni carcerati per ridurre l’affollamento delle carceri italiane. Soltanto circa 100 parlamentari, di un totale di 630, sono comparsi alla sessione e non è stata fissata nessuna votazione. Ma la poco
comune sessione, nel mezzo delle feste natalizie, ha messo in risalto
un senso di urgenza sull’argomento. In accordo con i dati forniti dal
Ministro della Giustizia, nelle prigioni italiane ci sono 59.125 carcerati, numero questo cresciuto negli ultimi mesi. La capacità massima
delle prigioni è di circa 42.580 detenuti.
Nel 2003, il parlamento italiano ha approvato una legge che permetteva che le autorità diminuissero due anni delle sentenze dei detenuti condannati per reati non violenti e che avessero già scontato
perlomeno metà della loro sentenza. Ma critici dicono che la legge
non è stata sufficiente.
Il giorno di Natale, centinaia di persone, tra cui vari politici,
hanno partecipato ad una marcia nel centro di Roma per chiedere
clemenza per alcuni detenuti condannati per offese minori e non
violente. La manifestazione è stata organizzata dal piccolo ma forte Partito Radicale, che sta difendendo l’idea dell’amnistia per alleviare il sovraffollamento. Il premier Silvio Berlusconi ha dichiarato, la settimana scorsa, in una conferenza di fine d’anno data alla
stampa, che è a favore dell’amnistia: “Lo stato di emergenza delle
prigioni è tanto che credo che un atto di clemenza sia assolutamente appropriato.”
RAZZISMO II
L
a federazione italiana di hockey su
ghiaccio ha annunciato che il giocatore Daniel Veggiato, dell’Alleghe, non potrà
mai più partecipare ai giochi di nazionale
per aver pronunciato insulti contro un avversario. In una partita tra Alleghe e Cortina, ambedue della serie A del campionato
nazionale, Veggiato è stato espulso dovuto
agli insulti lanciati varie volte contro il rivale Luca Zandonella, che è nato nelle Isole
Mauricius. La commissione disciplinare della federazione farà ancora una riunione per
decidere se la punizione contro Veggiato
può essere ampliata anche alle sue attività nei club. “Quando un uomo di 30 anni fa
una cosa del genere, mi sembra chiaro che
non è una brava persona”, ha commentato
Zandonella, 18 anni.
JANEIRO 2006
/
COMUNITÀ ITALIANA
23
Opinione
Opinione
Sulla nostra pigrizia
Giovani contro la mafia
Ezio Maranesi
24
Associati o no,
amiamo il Circolo
[Italiano di San
Paolo], e abbiamo
la chiara percezione
della importanza
di avere un punto
di incontro per
la comunità
ciale suggerire interventi palliativi: a mio modesto
avviso il Circolo andrebbe “reinventato”, ammesso
che sia possibile. Bisognerebbe cioè definire come
vorremmo che fosse tra x anni e quali potrebbero
essere i mezzi e le tappe della rinascita. Naturalmente il progetto dovrebbe essere gestito da
un gruppo di persone con visione, capacità impresariale e poteri per
decidere. Qualcuno
crede che ciò possa
avvenire? I casi
Varig e Circolo sono
emblematici, ma
sono due fra tanti.
A livello Italia
il problema è
ben piú complesso. Difficoltà congenita a
saper decidere,
gioco politico, spirito polemico, narcisismo accademico, inespressi egoismi, diffusa indifferenza,
individualismo che rasenta l’anarchia, superficialità, ci hanno portato a rifiutare l’energia nucleare,
con gravi conseguenze per l’economia italiana, a
respingere il treno ad alta velocità, a discutere
da trenta anni la difesa di Venezia dalle inondazioni, a demonizzare il ponte sullo stretto, ecc.
spingendoci verso il sottosviluppo. C’è sempre
qualcune che sostiene che si può fare di meglio,
o si può fare altro e, nel gioco democratico, riesce a bloccare tutto. Questo qualcuno può anche
avere qualche ragione, ma rifiutando tutto non si
realizza nulla. Il ponte sullo stretto, per esempio:
può non essere indispensabile. In fondo siamo
arrivati al 2006 senza ponte. C’è chi sostiene che
bisognerebbe prima realizzare la Salerno-Reggio,
o la Messina-Palermo; c’è chi sostiene che il ponte
sarebbe “mangiato” dalla mafia, quindi non s’ha
da fare. Veramente si crede, in buona fede, che
questi problemi non potrebbero, volendo, essere
risolti? Non ci si rende conto che, quanto meglio
il Meridione sarà collegato con l’Europa, tanto piú
efficace e rapido sarà il suo riscatto?
Mi piacerebbe essere capace di imitare Erasmo
da Rotterdam e scrivere “L’elogio alla pigrizia” invece che alla pazzia. In fondo, l’incapacità di decidere, di realizzare quanto deciso, è infatti una
forma di pigrizia mentale che è conservatorismo,
poca voglia di coivolgersi coi fatti e di cambiare
gli scenari. Così l’individuo non cambia la propria
vita, il gestore non cambia la politica d’impresa,
il governo, con il decisivo contributo dell’opposizione, non riesce a realizzare gli investimenti, ecc.
Ma la pigrizia conforta, è gradevole, rilassa. E ai
referendum l’italiano si astiene, non per esprimere
sofferte scelte politiche ma per andare al mare.
Tanto peggio per chi ha bisogno delle
sue decisioni.
COMUNITÀ ITALIANA
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JANEIRO 2006
N
on si è ancora placata l’eco del doppio
concerto calabrese di Capodanno, iniziato a Cosenza pochi minuti dopo la
mezzanotte e proseguito la sera in quel
di Locri. Il cantante Jovanotti è salito sul palco
per “parlare” di pace e di giustizia, per incoraggiare le giovani leve calabresi a lottare contro i
prepotenti e a impegnarsi nel riscattare una terra oltraggiata. Ai suoi piedi c’erano circa 40mila
persone; al suo fianco c’era una delegazione degli ormai celebri “ragazzi di Locri” — i giovani
riunitisi in comitato spontaneo —, che ha rivolto un accorato messaggio anti-mafia. Per comprendere il doppio concerto, le ragioni ad esso
sottostanti e il suo significato, occorre fare un
passo indietro, fino allo scorso 16 ottobre.
Quel giorno, in tutta Italia, si tennero le Primarie del Centro-sinistra in vista delle elezioni del
prossimo aprile; quella domenica, a Locri — la
cittadina jonica posta ai piedi del massiccio dell’Aspromonte, nel sud della Calabria, che da celebre colonia magnogreca si è trasformata in roccaforte mafiosa –, nei pressi di un seggio elettorale
fu ucciso a colpi di pistola il vicepresidente del
Consiglio regionale, Franco Fortugno. La possibilità che si trattasse di un omicidio di stampo mafioso fu presa immediatamente in seria considerazione. Nei giorni seguenti si registrò la presenza
— insolita in Calabria e, proprio per questo, sintomo della gravità della situazione — del ministro
dell’Interno, del presidente della Repubblica, dei
rappresentanti delle varie istituzioni. Soprattutto, però, emerse la presenza della Locri giovane,
di quei ragazzi che brandivano uno sconcertante
striscione bianco e urlavano lo slogan «Adesso
ammazzateci tutti!» ripreso da un altro striscione. Gli stessi ragazzi mobilitarono l’intero Mezzogiorno italiano in una Marcia della Pace capace di
far confluire a Locri sindaci e cittadini; gli stessi
ragazzi, poco tempo dopo, si confrontarono con i
duemila giovani meridionali, impegnati nella Carovana contro le mafie, che fecero tappa a Locri.
Il comprensorio della Locride si trovò repentina-
mente sotto ai riflettori, ma non
si limitò a interpretare il solito
ruolo passivo sottoposto alle
leggi dell’omertà e della paura;
governanti e governati — in un
lodevole clima di collaborazione
— si rimboccarono le maniche,
invece, per creare le condizioni
socio-economiche che favorissero una vera e propria rinascita.
Il 3 novembre, l’Assemblea
regionale approvò all’unanimità un ordine del giorno mirato
ad avviare un “progetto d’urto”
rivolto in primo luogo al territorio della Locride
e capace di sconfiggere la ‘ndrangheta (la mafia
calabrese). Otto i punti-cardine della strategia:
avviare la realizzazione di nuove scuole pubbliche;
approntare un piano dei trasporti per collegare
tutti i comuni della Locride; istituire un Master in
Management della Pubblica Amministrazione e degli Enti locali destinato a 50 giovani della Locride,
laureati in Economia, Giurisprudenza, Scienze politiche; ristrutturare i centri storici; promuovere la
costituzione di un’emittente televisiva satellitare
e di una stazione radio dell’istituendo forum per la
resistenza e la verità contro la ‘ndrangheta e tutte
le illegalità, da affidare in gestione ai ragazzi della
Locride; attivare uno sportello antiracket e antiusura; stipulare una convenzione con la Prefettura
di Reggio Calabria per monitorare le transazioni di
capitali e di attività economiche; incrementare i
fondi in bilancio regionale destinati sia a consentire un uso sociale dei beni confiscati alla ‘ndrangheta sia al risarcimento a favore delle vittime di
reati di stampo mafioso.
La pervicacia dei giovani locresi è andata oltre, fino a strappare una promessa al presidente
del Consiglio regionale, Giuseppe Bova, il quale,
ha dimostrato concretamente il proprio impegno:
in sinergia con il Comune di Locri, con la Diocesi
di Locri-Gerace e con l’Ufficio scolastico provinciale di Reggio Calabria, la Regione Calabria ha
Reprodução
evento della Regione Emilia-Romagna è lodevole
eccezione. Associati o no, amiamo il Circolo, e
abbiamo la chiara percezione della importanza
di avere un punto di incontro per la comunità.
Il nostro Circolo non lo è più da anni, vive del
suo passato glorioso ma non tenta nemmeno di
rinverdirlo. Chi ci ha provato ha fallito perché le
cose devono restare come sono. Sarebbe superfi-
Elena Buetler
L
e leggi di Murphy possono essere assimilate alle leggi fisiche. Le basi scientifiche
traballano un po’; diciamo che tendono
ad essere universali. Ve ne è una che recita: nessuno risolve i problemi che non si risolvono da soli. Se ricevete una lettera che vi porta
qualche problemino che non sapete bene come
gestire, provate a metterla sotto una pila di libri.
La ritroverete dopo tre mesi, e vi accorgerete che
il problemino non esiste più, anzi non è mai esistito. Attenzione: badate che la lettera non sia
una ingiunzione a pagare le tasse. Noi bipedi, milioni di noi, siamo quasi sempre tentati di rendere omaggio a questa legge, sia come singoli che
come integranti della collettività.
Ciascuno di noi, nel suo percorso, si è
talvolta trovato in situazioni stressanti, per
motivi professionali, sentimentali, di rapporti
col prossimo, o altri. Ha sperato a lungo che
le cose migliorassero, ed ha cercato malamente
di intervenire, trovando, in realtà, alibi per non
farlo. Poi il pallone scoppia e il botto è violento; sarebbe stato meno drammatico se si fosse
preso per tempo il toro per le corna. Ma non
voglio parlare di drammi individuali; essi diventano spesso gossip e non dovrebbero interessare
nessuno. Anche se, in verità, milioni di persone
annusano morbosamente la spazzatura servita
da “big brother” o dalla “isola dei famosi”.
Decisamente più interessanti e degni di
commento sono i nostri comportamenti quanto
ci troviamo a gestire una impresa, un ente, in
altri termini quando abbiamo una poltrona su
cui stare seduti. La Varig è in coma da anni e
rischia di fallire, ma la Fundação Rubem Berta,
che ne ha il controllo, non molla. Di questa vicenda si sa poco, quindi rischio di dire fesserie,
ma quando una impresa va sempre peggio è
legittimo pensare che siano necessari interventi
drastici. Per stare più vicino a noi, è noto che
il Circolo Italiano di San Paolo ha seri problemi
di sopravvivenza: conti in rosso, perdita di associati paganti, ecc. Gestisce un ristorante che
è il ritrovo di pochi soci, in prevalenza consiglieri, ex consiglieri o aspiranti tali ed è la sede
di eventi legati alla collettività. Questa ultima
attività è senza dubbio la più interessante anche se, spesso, gli eventi sono noiosi. Il recente
Manuela Fragale
Il “ragazzi di Locri” protestano contro la mafia
istituito il forum per la resistenza e la verità contro la ‘ndrangheta e tutte le illegalità, contraddistinto dal lungimirante e speranzoso acronimo
Fo.re.ver. A rincarare la dose di entusiasmo, mille
studenti della Locride hanno consegnato al presidente del Consiglio regionale un appello contenente cinque proposte per una vera riscossa civile. Nell’ordine: maggiori controlli nelle aziende
sanitarie locali; maggiore sfruttamento dei beni
confiscati alla ‘ndrangheta e riconversione in spazi di legalità; incontri sulla cultura delle legalità,
in ambito scolastico e universitario; investimento
nelle risorse naturali; dotazione di strumenti adeguati alle forze dell’ordine e alla magistratura.
Mentre il vento di cambiamento sferza sulla
Calabria aspromontana, in riva allo Jonio crotonese si respira aria di scontento: il parroco di
Isola Capo Rizzuto ha inaugurato il 2006 rilasciando un’intervista amara. A suo dire, dopo il
delitto Fortugno la Locride è salita alla ribalta
e ha avuto la possibilità tanto di esternare le
proprie emozioni quanto di progettare un futuro “diverso”, mentre il resto della Calabria ha
continuato a lottare in maniera anonima, quasi
fosse indenne dall’illegalità. Come se non bastasse, dall’altopiano della Sila è stato rivolto
un invito al presidente della Repubblica: Venga
a San Giovanni in Fiore, un paese che non ha
meno problemi di Locri!
Calcio
Reprodução
Giordano Iapalucci
Editoria de arte
Squadrone del 1951 laureatosi campione mondiale contro la Juventus di Torino
Ma le cose sarebbero cambiate di lì a poco. Senza perdersi d’animo e
pieni dalla voglia di chi eredita nelle vene la passione per il calcio fu fissata una nuova riunione per il giorno successivo. Vi parteciperanno 46 persone. Fu così che il Palestra Italia poté incominciare battere i suoi primi
aneliti di vita.
Per motivi economici, il mandato del primo presidente, Ezechiele Simone durò solo 19 giorni.
La prima guerra mondiale si stava facendo sentire e l’Italia per far fronte all’emorragia di uomini a causa delle varie ondate migratorie incominciate già a fine XIX sec. chiamò alle armi anche chi ormai aveva fatto la
faticosa scelta di vivere all’estero. Tra questi vi fu anche Augusto Vicari, il
2º presidente del Palestra Italia.
La situazione economica si complicava ogni giorno di più. I pochi soldi della comunità italiana a
San Paolo, che prima arrivavano alle casse del
Palestra Italia, ora erano indirizzati alla Croce Rossa Italiana e alla Pro Patria con
l’obiettivo di dar manforte nella guerra
contro la Prussia. L’idea venne a Luigi
Cervo, che non accettando l’idea di chiudere i battenti, decise di organizzare una partita
di pallone; in fondo era o non era un club di calcio!
L’idea era quella di rinvigorire la visibilità del club e,
allo stesso tempo, di far infiltrare la voglia di calcio
tra la popolazione italiana e non di San Paolo.
Pappagallino verde,
simbolo del Palmeiras
26
Il dado era tratto e nel caldo pomeriggio
estivo del 24 gennaio 1915 esordiva il Palestra
Italia contro la squadra del Savoia composta da
giocatori della colonia italiana della città di Sorocaba dello Stato di San Paolo. Italiani, oriundi e brasiliani accorsero numerosi, tanto da far
affluire nelle casse del Palestra Italia la non trascurabile cifra di 200 contos (la moneta che circolava allora in Brasile.
In un recente articolo apparso sul Diário de
São Paulo, l’importante storico Alberto Helena
Jr. ricorda come “il Palmeiras, in questi 90 anni di esistenza, nonostante avesse
mantenuto un forte legame
con le proprie origini nitidamente peninsulari, galvanizzò tifosi di tutti i colori
e provenienze”.
Nella prima partita ufficiale che coincise con la
prima vittoria (2-0) i giocatori del Palestra Italia
entrarono in campo indossando una maglietta verde
con una fascia bianca all’altezza del cuore e come
già ricordato la croce della
Casa Reale dei Savoia (solo
nel 1917 lo scudo reale cederà lo spazio a quello
del Palestra. A sua volta perderà anche la fascia
bianca facendo rimanere la maglietta tutta verde). Era stato raggiunto l’obiettivo di mettersi
in mostra nel cercare di dare un ulteriore punto
di riferimento per tutti italiani o brasiliani che
cercavano un’alternativa ad una domenica che
non fosse solo canottaggio, bocce o teatro. Allo stesso tempo fu “acceso” l’importante motore
di riconoscimento non solo popolare, ma anche
elitario, ovvero da parte di chi potesse investire
finanziariamente nel progetto Palestra Italia.
Reprodução
Il calcio della madre patria che si
mostra alle instancabili e vitalissime
comunità italiane d’oltre oceano. La
voglia di trapiantare e far nascere a
San Paolo quella stessa tradizione
che in Italia, già alla fine del XIX sec.,
aveva preso piede nei verdi campi
lombardi, piemontesi, liguri e veneti
1993: con Edmundo e Evair il Palmeiras
recupera importanza nel calcio brasiliano.
In basso, il primo presidente del club, Ezechiele Simone
COMUNITÀ ITALIANA
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JANEIRO 2006
1920: PARQUE ANTÁRTICA
La guerra era ormai alle spalle. Molti ritornavano
a casa e per alcuni “casa” significava terra brasiliana. Tutto faceva pensare ad una grande annata
calcistica ed in effetti non ci volle molto perché
il primo trofeo importante entrasse nella bacheca
del Palestra Italia. Il 1920 non significò soltanto il primo titolo nel campionato paolista (conquistato a scapito del fortissimo Paulistano), ma
anche la costituzione di quella sede sportiva che
rimarrà famosa con il nome di “Parque Antártica”.
Ma perché proprio con questa denominazione?
Il nome stesso riporta ad una conosciuta
azienda di produzione di bibite e birra. É infatti proprio da lì che prende spunto l’idea dell’appellativo. La Companhia Antarctica Paulista dopo
essersi spostata nel 1905 nel quartiere Mooca,
nella zona ovest della capitale paolista, trasformò la sua vecchia sede nell’Avenida Água Branca
in un parco di divertimenti e ricreazione con al
centro un bel campo di calcio. Lo stesso suolo
erboso in cui il Palestra Italia già giocava i propri campionati da tempo.
Fu solo nel 1920 che il campo, come tutto il
parco, per una stratosferica cifra di 500 contos,
JANEIRO 2006
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Reprodução
Il verde
che
abbaglia
F
orse non tutti sanno che l’origine del Palmeiras (originariamente Palestra Italia) è molto legata alla meno blasonata Pro Vercelli, squadra di Vercelli, nel Veneto, città famosa per la produzione
di riso. Fu durante un tour in Brasile nel 1914, che, incantati dalle
giocate della squadra italiana, si risvegliò la voglia da parte di alcuni italo-brasiliani, con i “baffi a manubrio” tra cui Luigi Cervo, Ezechiele Simone, Luigi Emanuele Marzo e Vincenzo Ragonetti (tutti abitanti dell’allora
italianissimo Brás) di fondare una propria squadra di calcio. Proprio per
simbolizzare le origini da dove aveva preso spunto tale idea, la maglia dell’allora Palestra Italia presentava lo scudo che la stessa Pro Vercelli aveva
sulle proprie maglie: la croce dei Savoia.
Elemento fondante del nuovo club doveva essere la connotazione popolare. A tal proposito venne deciso di far pubblicare sul giornale “Fanfulla”,
di cui era proprietario Vincenzo Ragonetti, un testo che recitava le seguenti parole: “Tutti coloro che desiderano partecipare alla creazione di un club
italiano di calcio devono comparire alle 20.00 del 25 agosto 1914 al n.2 di
Rua Marechal Deodoro per la riunione di fondazione del Palestra Italia”.
Ma il successo di presenze atteso dai quattro giovani non rispecchiò le
speranze. Infatti, a quell’epoca, molti associavano l’idea di un club a balli, recite e eventi ricreativi, dove il gioco del calcio non risvegliava certo
interessi profondi nella gente. La domenica non era ancora il giorno di andare allo stadio e per i molti connazionali residenti a San Paolo, il ritrovarsi a teatro o alla “Società dei Canottieri” a remare e a giocare a bocce
era un motivo per parlare sulla loro madre patria e cercare così di alleviare
un po’ la nostalgia.
passò sotto la proprietà dei
“verdi”. Iniziò cosi una delle
prime fruttifere collaborazioni di merchandising. In
questo caso tra chi produceva bibite e chi produceva
campioni. È curioso mettere in risalto che tale rapporto di collaborazione fu così
buono che nel 1927 il centro campo del Palestra Italia
(che si consacrò per la terza
volta campione paolista), formato da Pepe, Goliardo e Serafini, fu soprannominato Sissi, Gasosa e Guaraná, prodotti che l’Antarctica commercializzava a quell’epoca e che i venditori ambulanti urlavano (per venderle) sulle tribune.
Non si possono dimenticare alcuni campioni del passato e del presente che militando
nelle fila sia del Palestra Italia che del Palmeiras hanno fatto storia non solo nel campionato italiano ma anche nella nazionale italiana.
Si tratta nello specifico di Anfilóquio Guarisi
Marques che nonostante fosse nato a San Paolo
vinse la coppa del mondo del 1934 con la maglia “azzurra”. Fu il primo brasiliano campione
del mondo ancor prima che il Brasile alzasse la
coppa Rimet al cielo.
‘È una maglietta
con una P bianca a
farmi innamorare
perdutamente del
Palmeiras. Mio
padre mi dice:
“questa è la mia
squadra”. E il suo
racconto è come
una fiaba... Si papà,
anch’io sono del
Palmeiras’
DARWIN PASTORIN DAL LIBRO
“CUORE STRANIERO”- AAVV
CURIOSITÀ
Nel 1932 il Palestra Itália vinse invitto il titolo paolista. In 11 partite conquisto 11 vittorie
Il più grande capocannoniere di sempre del Palmeiras è Heitor (Ettore). Giocò dal 1917 al 1931
marcando 202 gol.
Le otto stelle sul distintivo del Palmeiras non significiano titoli, ma corrispondono al mese di agosto, mese di fondazione del club.
Nel giugno del 1942, obbligato da una legge che poibiva qualsiasi associazione a nomi stranieri,
il Palestra Italia cambiò per ben due volte il nome. La prima volta in Palestra di San Paolo e la
seconda definitivamente in Palmeiras.
Il nome Palmeiras fu scelto in onore all’Associação Atlética das Palmeiras, un antico club che sin
dal 1914 mantenne sempre un ottimo rapporto di amicizia e di rispetto con la squadra italiana.
Nei primi anni di vita il Palestra Italia SP dava priorità ai giocatori di origine italiana. Solo negli
anni quaranta fu contrattato il primo giocatore di colore, Og Mereira. In un momento di recrudescenza razzista, sopratutto in Europa é bene ricordare l’importanza dello sport come sorta di “ponte” tra le differenze razziali e non come barriera.
José João Altafini ‘Mazzola’ che militò nelle fila del Palmeiras dal ’56 al ’58 è attualmente l’unico giocatore al mondo ad aver disputato due mondiali con due nazionali differenti: nel ’58 con il
Brasile e nel ’62 con l’Italia.
COMUNITÀ ITALIANA
27
Calcio
Quando si parla di immigrazione
italiana ci si dimentica, forse troppo
spesso, delle profonde radici che
questa ha nello stato di Minas Gerais.
Ma la forza e la numerosità che da
sempre sostennero il Palestra Italia
di Belo Horizonte è dimostrata dalla
potenza che già dai primi anni di
vita tale squadra dimostrò nel calcio
brasiliano e mondiale
Acervo de Miguel Morici
DAL “JK” AL MINERÃO
Giordano Iapalucci
Editoria de arte
In una foto d’epoca i fondatori del Palestra nella Casa d’Italia a Belo Horizonte
Posto di riguardo nella storia del Palestra mineiro spetta alla famiglia
Fantoni. Con i suoi tre giocatori Ottavio (Nininho), Giovanni (Ninão) e
Leonizio (Niginho) rappresentò alla fine degli anni venti, inizio anni trenta
il maggior punto di riferimento del proprio vivaio calcistico. I tre giocatori
furono “visti e presi” da un osservatore italiano della Lazio. Nel campionato italiano non delusero le attese e si dimostrarono dei veri fuoriclasse
durante i loro numerosi anni di militanza.
Ma allo stesso tempo non si può dimenticare il grande cannoniere
della storia del Cruzeiro. E chi poteva essere se non un oriundo. Italo
Fratezzi detto Bengala. Insieme ad Alcides, negli
anni trenta, formavano “l’ala dell’amore e
del rumore”. L’amore per la poesia e per
l’affiatamento dei due e il rumore per il
clamore che suscitavano nella tifoseria ogni
volta che si prodigavano nelle loro mirabolanti azioni.
Nel 1942 stesso obbligo e stessa sorte
del Palestra Italia di San Paolo: cambiare
nome. I termini stranieri e sopratutto quelli
relativi a nazioni che il Brasile stava combattendo nella 2ª guerra mondiale non erano
permessi. Anche in questo caso non fu sufficiente cambiare il nome da Palestra Italia in
La furbizia della volpe come
simbolo del Cruzeiro
28
Palestra Mineiro, la parola Palestra era ancora
troppo italiana. Dopo aver bocciato anche la
proposta di chiamarlo Ypiranga, la conclusione dell’epopea avvenne dopo circa 10 mesi
di riunioni tra la direzione e i soci del club.
Nell’ ottobre dello stesso anno fu approvato il
nome di Cruzeiro Esporte Clube in onore alla
costellazione della Croce
del Sud, maggior simbolo della patria brasiliana.
L’uniforme non poteva più
rappresentare i colori della
bandiera italiana e fu così
deciso di adottarne una
simile: quella della nazionale azzurra. Ma strano
che possa apparire l’esordio con la nuova maglia
avvenne molto più tardi.
Solo all’inizio del 1943 durante una gara amichevole
contro il São Cristóvão di
Rio de Janeiro.
COMUNITÀ ITALIANA
/
JANEIRO 2006
La prima partita ufficiale
del Palestra fu nel Prado Mineiro; ma già nel
1922, dove attualmente esiste il Parque Esportivo do Cruzeiro, nel Barro Preto, fu costruito e
inaugurato, con una partita contro il Flamengo,
un nuovo stadio. Fu l’invidia di molti, tra cui i
grandi e acerrimi avversari dell’Atlético. Per 23
anni fu palco di grandi ed emozionanti partite
e nel corso di tali anni assistette al cambio di
nome e di uniforme esigiti dal Getúlio Vargas.
La crescita in numero di soci del club e la risonanza delle grandi prodezze della squadra
erano ormai realtà da tempo ed esigevano un
nuovo stadio. La nuova “tana”, con una capienza di circa 5.000 posti, venne intitolata
all’ora sindaco di Belo Horizonte, Juscelino
Kubitschek in una calda giornata invernale del
1945: il 1 di luglio.
Cosa interessante e peculiare, ma in un certo
qual modo non troppo inusuale a quei tempi,
fu la partecipazione diretta di alcuni giocatori
del Cruzeiro alla costruzione delle tribune. Bibi
e Caierinha, campioni del centrocampo erano
anche abili come falegnami, Geraldo II era un
ottimo muratore e Hermetério pensava a far crescere un erba fitta e rasa.
“Oggi si realizza il nostro grande sogno di
dare al Cruzeiro uno stadio compatibile con le
sue tradizioni e con le aspettative del domani. È stata la sua più grande conquista fino ad
oggi”, tuonò l’allora presidente del club, Mario
Grosso all’inaugurazione. Testo estratto dal libro
“De Palestra a Cruzeiro” di Plínio Barreto e Luiz
Otávio Trópia Barreto.
Da quel giorno il club italiano aveva una
propria sede dove allenarsi, giocare e dimostrare il proprio orgoglio per la costruzione di
tale impianto.
La demografia brasiliana cresceva, la voglia
di calcio pure. Rio de Janeiro, già dal 1950,
aveva il suo Maracanà (comunale), San Paolo
il suo Morumbi (privato)da 80.000 posti. Effet-
JANEIRO 2006
/
Acervo Cruzeiro E.C.
profondo
blu
La formazione pentacampione del 1969
che fece tremare il Santos di Pelé.
In basso, uniforme degli anni 30
Acervo Cruzeiro E.C.
Nel
L
a notizia della fondazione, il 26 agosto 1914, del Palestra Italia
di San Paolo si ripercosse positivamente sugli immigrati italiani
che risiedevano a Belo Horizonte dando nuova linfa alla volontà
di creare un club italiano di calcio nella capitale mineira. Dopo
vari tentativi andati male, come quello dello Americano Foot Ball Club e
del Palestra Brazil, non si poteva più aspettare. L’occasione giusta arrivò
con la visita del console italiano a Belo Horizonte tra la fine del 1920 e
l’inizio del 1921. Dopo un primo incontro nel giorno di natale fu deciso
di fissare un altro appuntamento per l’anno nuovo. Esattamente il 2 gennaio 1921. In quel fatidico giorno veniva fondato quel club che avrebbe
rappresentato e integrato ancor di più la colonia italiana. Nasceva così
la Società Sportiva Palestra Italia con l’uniforme che ricalcava i colori
della madre patria. Camicia verde, polsini rossi, pantaloncini bianchi,
calzettoni bianchi rossi e verdi. Nello scudo a forma romboide vi erano
le iniziali SSPI. Ma vi era una differenza profonda tra questo neonato
club e gli altri di Belo Horizonte come l’ América o l’ Atlético.Il primo era
sostanzialmente del popolo, in cui prevalevano muratori, commercianti,
in pratica la mano d’opera della città arrivata nel 1894 per costruire la
capitale di Minas Gerais. Gli altri due club erano istituzioni a cui facevano parte politici e avvocati, appartenenti all’alta società. Nonostante
questa apertura diciamo cosi popolare fino al 1925 vi poteva partecipare
solo chi era della colonia italiana.
tivamente Incominciava
a mancare qualcosa alla
terza città del Brasile. La
soluzione fu la costruzione della maestosa opera
da parte del municipio
di Belo Horizonte dello
Stadio José de Magalhães
Pinto, chiamato comunemente “Mineirão. Si tratta del secondo più grande stadio pubblico brasiliano, che lo stesso Cruzeiro condividerà tra
emozioni, vittorie e sconfitte con l’altra grande
di Belo Horizonte, l’Atlético.
“Sempre siamo stati del calcio. Siamo nati
nel calcio e siamo del Cruzeiro per causa del
calcio. Ci sono stati alti e bassi, ma l’importante è che tutto è passato e oggi possiamo
ammirare il nostro club come uno dei più forti
del calcio mondiale”. Cosi José Francisco Lemos Filho, presidente de Cruzeiro degli anni
cinquanta dimostrò tutta la sua indistruttibile
passione per il calcio e sopratutto per il Cruzeiro in una dichiarazione raccolta nel libro
“De Palestra a Cruzeiro” di Plínio Barreto e
Luiz Otávio Trópia Barreto.
‘Il futuro è vostro
cruzeirenses... siate
come sempre è
stata la speranza
che mai è mancata
alla vostra
giovinezza, affinché
l’intrapendenza
delle vostre energie
siano sempre nel
futuro del Brasile’
JUSCELINO KUBITSCHEK
DAL LIBRO “DE PALESTRA
A CRUZEIRO”
CURIOSITÀ
Nella partita di inaugurazione (3-3) dello stadio Prado Mineiro, dove attualmente è il Parco Sportivo del Cruzeiro, fu invitato il Flamengo. In quella occasione il Palestra Italia di Belo Horizonte
chiese a quello di San Paolo 3 giocatori in prestito. Si trattava del difensore Gasparini, del controcampista Severino e dell’attaccante Heitor.
Nel 1926 due squadre vinsero il campionato mineiro. Si trattò del Palestra Italia per quanto riguarda la lega AMET e l’Atletico per la LMDT. Entrambe le lege erano riconosciute dall’entità massima
del calcio di allora, ovvero la CBD.
Ninão reggiunse un record difficilmente battibile sia in Brasile che nel mondo. In 127 partite riuscì
a marcare ben 160 gol.
Per partecipare al Campionato Mineiro del 1921, il Palestra devette passare per um test.: vincere
due partite, uma contro l’Ipanema (squadra vincitrice della 2ª divisione) e contro il Palmeiras (ultimo della prima). I risultati rispettivamente 2-1 e 3-2.
Il caricaturista Fernando Pierucetti nella creazione della mascotte della squadra (un volpe) si ispirò
all’ex-presidente del club Mario Grosso, di cui la maggior qualità era la furbizia.
Dopo appena due settimane dalla sua prima partita ufficila il Palestra entrava in campo per affrontare quello che sarebbe stato il suo più grande rivale storico: l’Atletico. Con un sorprendente 3-0
fece rimanere giornalisti e addetti ai lavori attoniti.
L’attuale Cruzeiro giocò nella sua storia un’unica partita con il nome di Ypiranga Esporte Clube.
Fu contro l’Atletico e perse per 2-1. Fu motivo per cambiare immediatamente e definitivamente il
nome in Cruzeiro Esporte Clube.
COMUNITÀ ITALIANA
29
Esporte
Pouca
neve
Para enfrentar prejuízos com aquecimento
global, organização das Olimpíadas de inverno,
em Turim, cria nevascas artificiais
Guilherme Aquino
Reprodução
Correspondente • MILÃO
30
M
ilão — A falta de neve é o grande desafio para
os organizadores das Olimpíadas de inverno de
Turim, das quais o Brasil vai participar e estão
marcadas para fevereiro. Por conta do aquecimento global, a neve, mesmo com as tempestades que desabam sobre a Itália desde dezembro, continua a cair em
pouca quantidade. E para compensar o problema, se apela
para a tecnologia. Os Alpes são testemunhas das mudanças climáticas do planeta. As montanhas com 1500 metros
de altura, como as de Sauze D’Oulx, por exemplo, já deveriam estar completamente cobertas de neve desde o mês
de novembro, como ocorria décadas atrás. Para garantir o
sucesso dos Jogos Olímpicos de inverno, os organizadores
espalharam por todas as pistas canhões capazes de produzir a neve artificial.
Uma mistura de água e ar sai em alta pressão. O borrifo
cobre a pista com flocos quase congelados. Eles criam uma
camada escorregadia, mas perto das condições ideais. Já a
neve natural é muito melhor e faz a alegria dos esquiadores. Caminhar sobre a água, em estado quase sólido, é para
quem sabe e exige equilíbrio e concentração. E antes dos
Jogos de inverno, todos querem experimentar as pistas e o
cenários da próxima Olimpíada. Ate os brasileiros, antigos
freqüentadores de Valle Nevado, nas cordilheiras dos Andes
chilenos, mudam o itinerário, trocam de continente e de
cordilheira e visitam as montanhas de Turim.
A Itália entrou em 2006 debaixo de mau tempo. A nevasca chegou de repente e surpreendeu muitos motoristas
mais distraídos. Acidentes se multiplicaram por toda a península. As auto-estradas que cortam o país e as estradas
estatais, que formam a rede de transporte entre os pequenos “comune”, foram palcos de derrapagens, capotagens,
batidas e engarrafamentos.
Mas depois da tempestade vem a bonança e as regiões
de montanha agradecem a providencial nevasca. Ela encanta cenários e cobre de branco as cidades sedes da próxima Olimpíada de inverno de Turim, como Sestriere e Sauze
D’Oulx. O símbolo dos Jogos, que acontecem em fevereiro,
estão por toda a parte. Nas lojinhas, nos restaurantes, nas
esquinas das ruas, nas fachadas das casas e dos prédios.
Um sinal de boas vindas ao evento e aos benefícios que ele
pode trazer como o incremento do turismo. Para muitos, a
Olimpíada é um verdadeiro salto para o futuro e uma chance
de inscrever a região no mapa do mundo.
COMUNITÀ ITALIANA
/
JANEIRO 2006
Os teleféricos ligam as montanhas olímpicas e cruzam os cumes de ponta a ponta no Val
di Susa. Alguns, mais modernos, têm cabines
fechadas, algo que não se via por essas bandas.
Os muros de contenção e túneis antigos também sofreram as conseqüências das obras com
vistas aos Jogos Olímpicos de inverno. Todos
estão padronizados, quer no desenho, quer no
material usado.
Em Sestriere, os operários ainda montam
as tribunas das arquibancadas nos pés das pistas. Eles trabalham sob uma temperatura de
até menos 20 graus centígrados e fazem parte
de um grupo de 20 mil voluntários, que trabalham em silêncio e conseguem rir mesmo dando duro em condições extremas. Não gostam
de conferir nomes ou sobrenomes, mas dizem
que são orgulhosos de “colocar um pouco de
si nos Jogos e, quem sabe, conseguir um emprego depois”. Enquanto muitos se divertem,
a turma dos andaimes, martelos e pinos vai
construindo para que o público possa ver de
perto as competições.
BRASILEIROS ESQUIADORES
Em Sauze D’Oulx, quatro esquiadores diletantes
de São Paulo e Balneário de Camboriú, em Santa Catarina, anteciparam as férias do inverno
tropical e viajaram rumo ao inverno alpino. O
objetivo era conhecer as pistas olímpicas. Eles
mostraram alguma intimidade com os esquis
nos pés, o problema é a quantidade de roupas.
Os macacões lembram aqueles usados pelos astronautas. A “fantasia” fica ainda mais especial
— ou espacial! — com as botas para encaixar
os esquis, produtos fabricados com nanotecnologia. Os capacetes e óculos mal deixam ver o
rosto dos “bravi” esquiadores brasileiros. Mas
quem disse que se sentem peixes fora d’água?
O símbolo dos Jogos,
que acontecem em
fevereiro, estão por
toda a parte
JANEIRO 2006
/
— Estou de sunga por baixo.
Dá para curtir, são apenas dez
dias e depois a gente volta para
o Brasil, para a praia — confessa o oftalmologista Paulo Ferreira, na sua primeira temporada de
esquis na “varanda dos Alpes”,
como é conhecida a cidade de
Sauze D’Oulx, sede da modalidade de “freestyle”. Mas a pista
oficial ainda não está completamente pronta e por isso continua
interditada.
Os trabalhos estão um pouco
mais atrasados. Mas sendo oftalmologista, ele enxerga bem — e
Esquiadores brasileiros em Sestriere: tombos e lazer garantidos
longe! — e rumou os esquis para
Sestriere, sede do “slalom gigante”. E, ali, a 2.300 metros de altura, o brasileiro
— O principal problema das pistas são as
não se decepcionou. Os outros três companhei- crianças que estão aprendendo. Elas descem a
ros de viagem seguiram os rastros na neve e montanha em grupos, como centopéias. Eu caí
encontraram uma pista veloz, no meio dos bos- muito por causa delas, mas as quedas foram meques, “pendurada” em alguns trechos com uma nos graves do que as da economia brasileira em
inclinação assustadora, feita sob medida para os 2005 — ironiza o economista e professor da
atletas olímpicos.
Fundação Getulio Vargas, Carlos Da Costa, em
E, nestas condições, quem não está acostu- depoimento à Comunità. Para evitar mais contumado acaba conhecendo a neve local de perto, sões, a brasileira Cíntia Simão Abrate preferiu o
muito de perto. Os tombos são inevitáveis. As trenó “mais perto do chão”.
únicas dúvidas são quanto, quando e onde eles
— Cheguei a fazer aulas de esqui, mas não
vão acontecer. A ausência de uma boa quantida- deu muito certo. Achei melhor encontrar uma
de de neve natural provoca a criação de placas outra diversão na neve, como menos risco —
de gelo ao longo das partes da pista que rece- contou ela à Comunità.
bem pouca luz do sol. Neste caso, não existe
Ela optou por não fazer parte da triste estacomo frear e, fatalmente, o esquiador vai para tística que todos os dias registra um acidente.
o chão, duro.
Por sorte, a maioria não é grave. Um hematoma
aqui, outro ali, uma fratura lá…faz parte do joRECORDE DE TOMBOS
go e do risco. E se paga o preço de usar as pistas
Entre os meses de novembro e janeiro, o número olímpicas, difíceis, criadas para quem realmente
de acidentes já havia superado a casa dos mil. conhece o esporte. Existe uma “corrida” entre
O valor dos seguros varia de pista para pista e os praticantes amadores de conhecer cada palevita prejuízos maiores dos que um belo escorre- mo dos trechos das novas pistas, cada vez mais
gão pode provocar. Não é difícil encontrar muita velozes. Todos sabem que entre os dias 10 e 26
gente mancando, de muletas, com pernas e bra- de fevereiro, eles deixarão de ser protagonistas
ços engessados, isso quando a saída não é pas- para ser espectadores da maior festa dos esporsar alguns meses. A falta de intimidade com os tes de inverno.
esquis e as pranchas de snowboard cobra caro a
Para quem não quiser tomar frio, a transmisimprudência. Depois de um tombo feio é comum são de televisão está garantida. O governo conver o esquiador acidentado descer a pista com os seguiu um pacto com todos os trabalhadores enesquis nas mãos, a pé.
volvidos com a Olimpíada de Turim para cancelar
do dicionário a palavra “greve”. Entre os dias 31
de janeiro e 23 de março, tudo vai funcionar na
Itália. Um presente para os visitantes e para a
população, em nome dos Jogos de inverno.
COMUNITÀ ITALIANA
31
História
ITALIANOS ‘MINEIROS’ VIERAM DO RIO
Colonização italiana em Minas Gerais foi importante para modernização do Estado
Nayra Garofle
uando se fala em italianos no Brasil,
logo se pensa em São Paulo e nos estados do sul. Mas outras regiões do país,
entre as quais o Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais, também tiveram forte presença dos imigrantes. Aliás, Minas
teve grande participação de italianos na construção de sua capital, Belo Horizonte, quando,
em decorrência da abolição da escravatura, os
italianos chegaram para substituir a mão-deobra escrava.
Historiadores, como o capixaba Luiz Carlos
Biasutti, de 71 anos, vêm se debruçando em
exaustivas pesquisas para resgatar a história da
imigração italiana em Minas. Formado em Direito, Filosofia e Pedagogia, Biasutti foi professor
durante 15 anos, promotor de Justiça por 17,
juiz e presidente do Tribunal de Alçadas de Minas Gerais e desembargador do Tribunal
de Justiça do mesmo estado. Hoje, já aposentado, é coordenador da Cultura e da Memória da
Escola Judicial da Magistratura Mineira Edésio
Fernandes. O que muitos podem questionar é o
motivo pelo qual Biasutti foi parar em Minas e
porque se interessa tanto pela cultura local.
— Todo o meu interesse em Minas Gerais
sobre a cultura italiana começou justamente
ao descobrir que os ítalo-brasileiros que vieram
pelo porto de Vitória e aqui chegaram foram importantíssimos na história moderna de Minas Gerais. Ninguém nem tomava conhecimento disso.
Mais de mil italianos e filhos de italianos trabalharam na construção da estrada de ferro Vale do
Rio Doce e na edificação da cidade de Belo Horizonte. Foi uma história de fé, amor, sofrimento,
trabalho e vitórias — recorda Biasutti, um neto
de italiano, que reside em Belo Horizonte.
— Vim para BH porque os padres capuchinhos sicilianos tinham uma casa de formação
para meninos em Santa Teresa [cidade capixaba
em que Biasutti nasceu] e, em seguida, o curso
clássico era feito em Minas Gerais, per-
to da cidade de Teófilo Otoni, numa cidade chamada Itambacuri, onde, como aluno do Seminário Maior estudava em livros no idioma italiano
e com professores frades italianos. O governador
de Minas, Israel Pinheiro, também descendente
de italianos, nomeou-me diretor do Colégio Estadual de Itambacuri. Havia muito entrosamento
entre Santa Teresa e esta cidadezinha por causa
dos frades capuchinhos sicilianos. A construção
do seminário maior e da Igreja Matriz de Itambacuri são obras de ítalo-brasileiros de Santa Teresa
— relembra o ex-desembargador.
Segundo Biasutti, algumas atividades ítalobrasileiras vêm sendo implementadas no estado.
— No ano passado, por exemplo, a Universidade Federal de Minas Gerais conseguiu realizar o primeiro seminário sobre a imigração italiana no estado e foi simplesmente um sucesso
absoluto. Havia muitas pessoas tanto da capital quanto do interior. O atual cônsul Gabriele
Anis está bem animado com os movimentos
culturais — disse.
Biasutti, cuja família é da província de Udine, tem apenas uma filha que ele diz ser bastante interessada na cultura italiana. Maria Beatriz
é uma jovem advogada que possui a dupla
O pedagogo, jornalista, historiador, também
formado em Direito e presidente da Associação
Lucchesi Nel Mondo no Rio de Janeiro, Julio Cesar Vanni, de 78 anos, é uma memória viva da
cultura italiana em Minas Gerais. Filho de italiano e nascido em Pequeri, no sul de Minas, ele é
um dos poucos que tentam resgatar a cultura de
seus descendentes na terra do pão de queijo.
Segundo o “professor”, como é conhecido
pela comunidade, a imigração italiana em Minas
aconteceu de forma distinta de outras regiões
do Brasil. Uma grande parte dos que iam para
Minas Gerais não possuía terras garantidas, diferentemente do que aconteceu no sul do País. Outros se aglomeravam nas grandes cidades, como
ocorreu em Belo Horizonte e Juiz de Fora.
— Em Minas, muitos foram em busca de trabalho nas lavouras de café, principalmente depois da abolição da escravatura — contou.
Vanni conta ainda que muitas famílias italianas que trabalhavam nas lavouras de Minas, aos
poucos, foram se dispersando para as grandes cidades, em busca de outras oportunidades devido
à crise do café. No solo mineiro, por exemplo,
não há cidades nem bairros com características
da cultura italiana, como é possível encontrar no
Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, em São
Paulo e até no Espírito Santo, mas há milhares
de famílias cujo sangue é oriundo da bota.
De acordo com uma pesquisa realizada pelo
professor, a partir de 1875, período em que se
iniciou a imigração de europeus, aproximadamente 1,5 milhão de italianos entrou no país.
Arquivo Comunità
sotaque da Bota
Reprodução
‘Uai!’ com
nacionalidade e muito interesse pela cultura e
história de seus ancestrais.
— Aliás, fala italiano melhor que o pai! —
exulta Biasutti, autor de várias obras referentes
à cultura italiana, como: “Documentário do Centenário do Município de Santa Teresa – Álbum de
Recortes (1891-1991)”, “No Coração Capixaba
– 120 anos de História da mais antiga colônia
italiana no Brasil: Santa Teresa”, “Augusto Ruschi – Patrono da Ecologia no Brasil”; “São Roque
do Canaã” e “Roteiro dos Italianos e seus descendentes em Minas Gerais – Subsídios para uma
história da imigração italiana”.
O historiador Biasutti: imigrantes chegaram pelo porto de Vitória rumo à Minas Gerais
Sendo que, ao conferir registros no Arquivo Nacional e em cartórios da Zona da Mata, foi constatado que o contingente mineiro de italianos
foi superior a 120 mil.
Os municípios mineiros que mais receberam
imigrantes italianos dentre os já existentes antes de 1930 foram Belo Horizonte, Juiz de Fora,
São João del Rei, Mar de Espanha, Conselheiro
Lafaiete, Além Paraíba, Barbacena, Carandaí,
São João Nepomuceno, Leopoldina, São Geraldo,
Ubá, Ouro Fino, Divinópolis, Ponte Nova, Guara-
‘Mais de mil
italianos e oriundi
trabalharam na
construção da
estrada de ferro Vale
do Rio Doce e na
edificação de Belo
Horizonte’
Reprodução
LUIZ CARLOS BIASUTTI
32
COMUNITÀ ITALIANA
/
JANEIRO 2006
JANEIRO 2006
/
COMUNITÀ ITALIANA
rá, Rio Novo, Bicas, Matias Barbosa, Muriaé e Rio
Pomba. No sul de Minas, poucos foram os imigrantes registrados. De acordo com Vanni, essa
região mineira deve ter recebido também alguns
contingentes vindos do estado de São Paulo.
Autor de vários livros, entre os quais “Sertões do Rio Cágado”, Vanni diz que passou três
anos de sua vida pesquisando todas as sextasfeiras no Arquivo Nacional para a conclusão de
seu trabalho mais recente: “Italianos no Rio
de Janeiro”.
— Os livros de registro de imigrantes, que
estão no Arquivo Nacional, são importantes fontes de pesquisa. Há muitos volumes com folhas
arrancadas, destruídas pelo tempo e sem a identificação da localidade de destino do imigrante
dentro do país. Outra falha é o não registro de
muitos imigrantes, talvez por negligência de servidores públicos da época ou por esperteza dos
recém-chegados. Lamentavelmente, não foram
encontrados os registros de entrada no Brasil de
muitos ancestrais de pessoas do nosso relacionamento que nos confiaram passaportes e dados
para simples conferência — critica Vanni.
O historiador afirma que a intenção inicial
era escrever sobre os italianos em Minas Gerais,
mas ao longo da pesquisa percebeu que os italianos em Minas chegava pelo porto do Rio.
— Aliás, nesse período, chegavam na região da Zona da Mata, muitos imigrantes pelos
trens de bitola métrica, que não passavam pelo
controle das hospedarias oficias — conclui Julio Vanni
Italiani sono gli stranieri che apprezzano
di più il carnevale carioca
I
— Il mondo intero conosce il Brasile per
la nostra arte e cultura. È questo che vogliamo far vedere nel carnevale 2006. Questa mescolanza di tanti popoli che sono passati di
qui, gli indigeni, i negri, gli immigranti, come
gli italiani, giapponesi, tedeschi, infine, tutti
quelli che sono arrivati in Brasile. Il risultato
è stato una mescolanza di razze che ha fatto
essere il nostro popolo così com’è – dice il carnevalesco della Portela.
Stelle come la top model internazionale Naomi Campbell, Marisa Monte, Paulinho da Viola e
Zeca Pagodinho, sono già confermati nella sfilata dell’azzurra e bianca del quartiere di Madureira, zona nord di Rio.
— Abbiamo un numero di turisti stranieri
che vengono tutti gli anni. E quest’anno la Por-
tela verrà con quattromila componenti — assicura Magalhães.
Sicuramente gli italiani sono gli stranieri che
più si deliziano con il carnevale carioca. Nella
sfilata della Portela, un gruppo (N.d.T.: ala) solo
di italiani è già garantito. Ma a capo dei patiti
del carnevale italiano c’è un brasiliano. Roberto
Amaral enfatizza che le maschere del gruppo degli italiani rappresenteranno il pane, il vino, la
pizza e l’uva.
— La Portela ha una tematica importante
che parla della cultura e l’Italia verrà rappresentata molto bene dall’area del turismo. Il gruppo
è composto da 100 componenti, tra italiani e
oriundi. La Portela ha 10 settori e il nostro è
il quinto, ben vicino alla batteria, il cuore della scuola. Il gruppo del turismo rappresentato
dall’Italia è un regalo della Portela agli italiani.
Altri paesi verranno festeggiati nella parte dell’immigrazione, ma la scuola ha un affetto speciale per l’Italia perché agli italiani piace molto la Portela, i cui colori rappresentano anche
l’Azzurra — dice Amaral. Sul carro allegorico del
gruppo degli italiani ci saranno persone celebri,
ma i nomi non sono ancora stati definiti.
Foto: Rio Tur
l Brasile è il grande festeggiato della sfilata delle scuole di samba nel carnevale 2006
di Rio de Janeiro. Delle 14 scuole di samba che formano la sfilata principale, nove
cantano nei loro temi e samba l’orgoglio di essere brasiliani. Ma nel cuore del carioca patito
di carnevale c’è anche un posticino per l’Italia,
che sarà presente in gruppi della Portela e della
Caprichosos de Pilares. La prima presenterà nell’Avenida, dalle mani del carnevalesco Ilvamar
,Magalhães, ciò che il Brasile ha di migliore e
genuino: un miscuglio popolare di credenze, popoli… il Brasile è multicolorato.
La Portela, mette in risalto Magalhães, quest’anno parlerà di un popolo che è considerato dai
turisti come il più caloroso, allegro e felice.
COMUNITÀ ITALIANA
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JANEIRO 2006
Reprodução
Luciana Bezerra dos Santos
Naomi Campbell,
Marisa Monte,
Paulinho da Viola
e Zeca Pagodinho
sono già confermati
nella sfilata
della Portela
— Farò vedere tutta l’influenza europea nell’architettura del Brasile-colonia, nell’Impero e
nella Repubblica. Quest’anno, la Viradouro sfilerà con 4,5mila componenti divisi in 35 gruppi e
otto carri allegorici. La maschera della batteria
rappresenta il Teatro Municipale di Rio e le baiane rappresenteranno il ciclo del caffè — anticipa Milton Cunha, il carnevalesco della scuola di
samba di Niterói.
L’attrice Suzana Vieira, della TV Globo, spicca nella Grande Rio. A lato, Milton Cunha
SONDAGGIO PROVA: RIO È ALLEGRIA
Il gradevole clima di Rio de Janeiro, il carnevale, la simpatia e la ricettività dei carioca sono
proprio indiscutibili punti attrattivi per gli stranieri. E la prima e recente edizione dell’inchiesta
Anholt-GMI City Brands Index (CBI/ Indice di
Marca delle Città) lo conferma. Lo studio è stato
realizzato dalla Global Market Insite (GMI), fornitrice di soluzioni integrate per inchieste mondiali di mercato su internet, in partnership con
il consulente e scrittore Simon Anholt. Secondo
gli intervistati, Parigi continua a significare storia d’amore e Milano, stile. New York è energia e
Washington, potere. Tokio rappresenta modernità; Lagos, corruzione e Barcellona, cultura. Rio
de Janeiro è svago.
Nello studio, Rio merita distacco nel quesito
clima, simpatia e ricettività dei suoi cittadini.
Ernane D. Assumpção
Pausa nella tarantella...
è ora di samba
Anche la scuola di samba Viradouro, di Niterói, città vicina a Rio, è entrata nel tema “Brasile” per la sfilata di quest’anno. Oltre all’influenza dell’ art nouveau parigina, anche l’architettura italiana degli inizi del secolo XX farà da
cornice ai carri allegorici, maschere e decorazioni della scuola bianco e rossa, come quella dei
maestosi teatri italiani, che hanno influenzato
i tratti del Teatro Municipale, a Rio — il quarto
carro della scuola — e il Teatro Amazonas, a Manaus, in Amazonas.
Foto: Rio Tur
Comunidade
Carnevale
Perde in questi item soltanto da Sidney, in Australia. Ma la città è più conosciuta di Pechino,
Il Cairo e Praga. Secondo il 54% degli italiani è
la più attraente. Perlomeno il 92% degli italiani intervistati hanno scelto il Carnevale come
un grande evento mondiale. Lo stesso vale per
il 94% dei danesi, seguiti dai polacchi (93%),
olandesi (91%) e americani (59%). Secondo il
30% dei danesi e il 30% degli olandesi intervistati il Carnevale è molto di più di questo: è un
“monumento” brasiliano.
Quando si sceglie un monumento nel senso
stretto della parola, il Cristo Redentore è stato
il più gettonato dagli internauti degli Stati Uniti e del Canadà (47%), Australia (60%) e Regno
Unito (66%). Il sondaggio è stato realizzato tra
oltre 17mila uomini e donne tra i 18 e i 64 anni
di 18 paesi.
CHI SFILERA’?
Domenica 26/02
Lunedì 27/02
Salgueiro: Questa scuola del quartiere Tijuca, zona nord di Rio, è stata fondata nel 1953
e ha fatto la sua prima sfilata nel 1954. Da allora è già stata campionessa otto volte.
“Microcosmo: ciò che gli occhi non vedono, il cuore sente”. Colori: rosso e bianco.
Porto da Pedra: Anche la Unidos do Porto da Pedra ha le sue origini in una squadra di
calcio dallo stesso nome. Per il 2006, il samba-tema sarà “Benedetta sei tu tra le donne
del Brasile”. Colori: rosso e bianco.
Rocinha: Campionessa del Gruppo di Accesso nel 2005 con il tema “Un mondo senza
frontiere”, la scuola ha incoronato la presentatrice TV Adriane Galisteu, ex di Senna, come madrina di batteria. Fondata nel 1988, ritorna nel 2006 con il tema è “Felicità non
ha prezzo”. Colori: azzurro, verde e bianco.
Mangueira: Dal 1932 la Mangueira ha già vinto 18 carnevali. La scuola si attribuisce
l’invenzione del samba-tema e dice di essere stata la prima, nel 1933, a incorporare il
tema della sfilata alle parole del samba, pionierismo rivendicato anche dalla Portela.
Ha vinto il titolo per l’ultima volta nel 2002. Quest’anno si scommette sul tema “Dalle
acque del vecchio Chico (N.d.T.: il fiume Rio San Francisco), nasce un fiume di speranza”. Colori: verde e rosa.
Imperatriz Leopoldinense: Il nome di questa scuola fondata nel 1959, nel quartiere di
Ramos, zona nord di Rio, è un omaggio all’imperatrice Leopoldina e ad un tradizionale negozio di tessuti del quartiere. La scuola ha conquistato un tricampionato (1999,
2000 e 2001). La carnevalesca Rosa Magalhães si è appropriata del detto dei Tre Moschettieri per il suo tema: “Tutti per uno, uno per tutti”. Colori: verde e bianco.
Viradouro: Fondata nel 1946, a Niterói, la scuola si è presentata per la prima volta nel
Gruppo Speciale nel 1991, ma è stato nel 1997 che ha conquistato il primo posto nel
carnevale carioca. Anche quest’anno avrà l’attice Juliana Paes come regina di batteria
con il tema “Architettando carnevali”. Colori: rosso e bianco.
Caprichosos: Fondata nel 1949. Il tema scelto è “Nel carnevale con lo (stato) Espirito
Santo, Espirito Santo caprichou! (cioè, ce l’ha messa tutta!). colori: azzurro e bianco.
Mocidade: Nata nel quartiere di Padre Miguel nel 1955, anch’essa da una squadra di
calcio. La scuola è conosciuta dovuto alla sua batteria, considerata “voto 10”. Ha già
conquistato cinque campionati, l’ultimo nel 1996. Scommette sul tema “La vita che ho
chiesto a Dio” nel 2006. Colori: verde e bianco.
Vila Isabel: La Unidos de Vila Isabel è stata fondata nel 1946 e ha sfilato la prima volta
nel 1947. Nel carnevale del 1988, la Scuola ha conquistato per la prima volta il titolo di
campionessa, con il samba-tema “Kizomba”. Nel 2006, presenta il tema “Soy loco por ti
America” nella Sapucaì. Colori: azzurro e bianco.
Unidos da Tijuca: La scuola è nata l’ultimo giorno del 1931, nel quartiere carioca della Tijuca, formata da operai delle fabbriche di tessuti e sigarette della regione. Il tema
“Ascoltando tutto ciò che vedo, sto vedendo tutto quello che ascolto”. Colori: azzurro
pavone e giallo oro.
Grande Rio: Originaria della città di Duque de Caxias, regione metropolitana di Rio, la
Acadêmicos do Grande Rio è una scuola nuova, fondata nel 1988. Tema “Amazzonia, l’Eldorado è qui”. Colori: rosso, verde e bianco.
Império Serrano: Questa scuola, del morro della Serrinha, Madureira, zona nord di Rio,
è già stata campionessa del carnevale carioca nove volte dalla sua prima sfilata, nel
1948. Il tema del 2006 è “L’Impero del Divino”. Colori: verde e bianco.
Beija-Flor: La scuola è l’attuale tricampionessa. Nata nel 1948 a Nilópolis, la Beija-Flor
ha conquistato il suo primo campionato nel 1976. La scuola ha già vinto il carnevale
otto volte. Alla ricerca del tetra, entra nell’avenida con il tema “Poço de Caldas effonde
sulla terra le sue acque miracolose”. Colori: azzurro e bianco.
Portela: Nasce nel quartiere di Madureira. A partire dal blocco Vai Como Pode. Accanto
alla Mandueira e alla Unidos da Tijuca è una delle tre scuole che hanno partecipato alla
prima sfilata, nel 1932. E’ ancora l’unica scuola ad aver partecipato a tutte le sfilate da
allora ed è quella che accumula il maggior numero di titoli (21). Tema 2006: “Brasile
segna il tuo viso e fallo vedere al mondo”. Colori: azzurro e bianco.
JANEIRO 2006
/
COMUNITÀ ITALIANA
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Luciana Bezerra dos Santos
A
oitava edição do Fashion Rio, realizada
entre os dias 9 e 14 de janeiro, no Museu de Arte Moderna (MAM), no Aterro do
Flamengo, abriu a temporada mundial de
lançamentos outono-inverno de 31 grifes, que
recuperaram o preto e o cinza como tendências,
mas o tom foi mais brilhante para o Fashion Business. A bolsa de negócios do Fashion Rio registrou um crescimento de 20% nas vendas sobre
a versão do ano anterior. Foram movimentados
R$ 304 milhões entre os compradores nacionais
e US$ 11 milhões para exportações, dos quais
US$ 8 milhões negociados no evento. O Fashion
Business vem sendo decisivo para incrementar
mundialmente a marca made in Brazil.
Como nas edições anteriores, empresários
italianos mostraram grande interesse pela moda
brasileira. Chamariz de italianos, o pólo de moda
intima de Nova Friburgo, no Rio, reúne mais de
900 empresas de confecção de lingerie, moda
praia e fitness. O faturamento anual já está em
torno de R$ 600 milhões e as exportações das
marcas, em franca ascensão. Foi uma das sensações do Fashion Business.
Um exemplo disso é a marca Máscara-Internacional, uma das empresas da região de Friburgo de moda sexy. Dono da grife, o arquiteto formado nos Estados Unidos, Mahmoud Mazloum,
abandonou a prancheta e projetos arquitetônicos para se dedicar à moda íntima. Hoje a grife
produz cerca de 15 mil peças por mês e exporta
15% do que produz. O mercado italiano é o que
mais se interessou:
— Em 2005 exportei para a Itália cerca de
10 mil conjuntos. Hoje distribuo minhas peças
para mais quatro lojas no mercado italiano. Isso
em menos de um ano, já que a parceria com os
empresários italianos teve início no ano passado, durante a Feira de Lingerie de Nova Friburgo,
a Fevest — ressalta o empresário.
A consultora de moda Milena Cariello, do Senai
Moda, adiantou à Comunità que a nova entidade
vai explorar o marketing sobre o setor e estender
parcerias a institutos de moda italianos:
Márcio Madeira
Como na edição do
ano passado, a grifes
brasileiras fizeram da
bolsa de negócios do
Fashion Rio 2006 uma
passarela de negócios
com a moda italiana
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COMUNITÀ ITALIANA
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JANEIRO 2006
Divulgação
Arquivo Comunità
Deu Itália
de novo
Arquivo Comunità
Moda
A italiana Verbena Roscalla surpreendeu-se com a moda brasileira. Glória e Taís Leão: pedidos da Itália. O look infantil da Lilica Ripilica
— Em 2005 fizemos uma parceria com a
Promos de Milão para levar 20 empresários do
pólo de Friburgo para apresentar seus produtos
na Itália. A fibra natural brasileira, o algodão e
os bordados tiveram muito impacto na Itália.
A finalidade do Senai Moda é estreitar o elo
entre estilistas e indústria têxtil, apresentando
tendências, tecnologias e design que agreguem
valor ao setor da confecção.
— Trouxemos o Instituto Elderkoort, o maior
observatório internacional de design de moda,
para que pudessem mostrar aos estilistas cariocas a visão do que será a coleção primaveraverão – afirma o superintendente do Senai-RJ,
Fernando Guimarães.
Priscila Lago, gerente de exportação das marcas cariocas Redley e Cantão, destaca que as grifes brasileiras continuam na mira dos italianos.
— Inclusive fui procurada por uma empresa de
distribuição na Itália e vamos avaliar as propostas.
Estamos esperando para trabalhar mais a distribuição para o mercado italiano. Esperamos fechar
com esse evento em torno de duas mil peças, que
daria em valores R$ 40 ou 60 mil por mês.
INSPIRADO NOS IMIGRANTES
Na última temporada, a Cantão fechou contratos internacionais e fez parcerias com mais de
80 pontos de venda no Brasil. A marca estampa
14 lojas no Brasil e já comercializa nos Estados
Unidos, Canadá, Itália, Emirados Árabes, África
do Sul, Nova Zelândia e Austrália. A coleção
outono-inverno está baseada na filosofia grega
e celebra liberdade, amor, beleza e o bem-estar.
Outra importante grife brasileira, a Colcci criou
uma coleção baseada na imigração européia
que desembarcou no Brasil no final do século
XIX. Cores, que vão do preto ao marinho, do
cinza ao branco total, desenharam na passarela
do Fashion Rio a epopéia de alemães, italianos
e poloneses.
Segundo a estilista da Colcci, Lilá Cozani,
os imigrantes traziam em suas bagagens trajes
volumosos e cheios de detalhes inadequados
para nossa temperatura. Lilá misturou os ritos
e costumes dos imigrantes no desenvolvimento
da coleção.
— É um inverno despido: estes grupos
vieram de lugares muito frios para o inverno
de mentira [sic] do Brasil. Apliquei na coleção
efeito de desgaste para dar aparência puída em
toda a coleção, assim como ficavam as roupas na
JANEIRO 2006
/
época depois de tanto tempo de uso — explica
a estilista.
Segundo Monique Campos, coordenadora
de marketing da Lilica Repilica – grife para o
público infanto-juvenil —, desde a primeira participação no Fashion Rio, em janeiro de 2005, a
empresa cresce exponencialmente. Atualmente
mantém nove lojas Lilica & Tigor no Oriente
Médio, em Portugal e recentemente abriu um
escritório na Itália.
— Não esperávamos que com a participação
no evento a empresa ganhasse tanta visualização assim. O retorno da mídia foi espontâneo
— enfatiza Monique. Em sua terceira participação no evento, a grife espera um crescimento
de 25% em suas vendas, em relação ao mesmo
período do ano anterior.
Há 15 anos no ramo da moda, a Italiana
Verbena Roscalla foi a única convidada vip do
Fashion Businnes. Na edição anterior, o Centro
Internacional de Negócios (CIN) da Firjan e a
Promos (agência especial da Câmara de Comercio de Milão para internacionalização do produto
italiano no mundo) trouxeram um grupo de sete
investidores italianos. Segundo Roscalla, que
visita o Brasil pela primeira vez, os italianos
compram bastante produtos brasileiros.
— Na Europa, muitas lojas estão vendendo
a moda brasileira. Grifes como Daslu, Chocolate,
Redley e Maria Bonita fazem sucesso nas vitrines
da Bota. A moda brasileira tem ótima qualidade
e um bom preço. O problema da Itália é o euro,
que está nas alturas — avalia a empresária, que
dirige um showroom em Milão com marcas italianas e espanhola. O Fashion Business, ressalta
Verbena, está no mesmo patamar de qualidade
dos eventos organizados na Europa.
— Estou realmente surpresa. Como os brasileiros são organizados em questão a eventos
de moda... meu interesse maior era encontrar
biquínis, mas as grifes estão apresentando suas
coleções outono-inverno. Pensava que por ter
um clima tropical, o inverno no Brasil fosse menos frio e que os biquínis fossem mais expostos,
já que a estação não é tão fria assim como na
Europa. Depois do Rio, ela seguiu para Belo Horizonte para negociar com outras empresas.
DA BAHIA PARA A ITÁLIA
O estande da Bahia no Fashion Business trouxe
19 empresas de Salvador e Feira de Santana. Entre elas, a Coco Doce, de moda praia e fitness. A
COMUNITÀ ITALIANA
coleção teve estampas inspiradas na obra do artista plástico Genaro de Carvalho (1926-1971).
Segundo Rita Vicente, dona da grife, sua empresa também conquistou recentemente o mercado
italiano. Acostumada a ver suas peças nos maiores magazines do País, Rita não se amedrontou
com a exigência dos empresários italianos.
— O primeiro contato com a multimarca italiana foi durante uma feira do setor, em Miami, em
setembro de 2005. Eles gostaram da qualidade dos
meus produtos e, em novembro, fecharam, inicialmente, um pedido de trinta mil peças — destacou
Rita, que preferiu manter sigilo sobre o nome da
empresa, mas afirmou que os italianos abriram
uma carta de crédito no valor de US$ 200 mil.
Um dos itens fundamentais para continuar
essa parceira, segundo ela, foi à qualidade das
peças e a entrega pontual.
— Se continuarmos assim, a expectativa de
fecharmos negócios para o próximo verão europeu é de 90%.
Acostumada aos bastidores do mundo fashion,
Tais Leão, de 24 anos, resolveu trocar a vida agitada de modelo para se tornar dona do seu próprio negócio. Filha da artista plástica Glória Leão,
desde pequena brincava com as tintas e passeava
por universos abstratos fazendo desenhos inusitados e pintando tecidos. Não deu outra: Taís se
formou em Belas Artes e, em 2005, viajou para a
Itália em busca de algo que, segundo ela, estava
“faltando” em sua carreira profissional.
— Escolhi a Itália porque é o berço do Renascimento. Em Milão, a pessoa respira moda,
estilo, tendências. O curso de moda me abriu
um leque de idéias que até então não conhecia.
Tudo que faço tem um toque italiano porque o
que eu vivi lá foi muito importante para o meu
crescimento profissional. Aprendi um sentimento de liberdade, de poder fazer tudo e quando
voltei para o Brasil repassei para o meu trabalho
— ressalta a estilista, que, em outubro do ano
passado, teve seus produtos expostos numa feira
de Milão voltada para compradores europeus.
Segundo Taís, o evento foi mal divulgado,
mas não se abalou com a falta de compradores.
Colocou seu portifólio embaixo do braço e apresentou seus produtos às multimarcas de Milão. O
resultado foi inesperado.
— Os italianos gostaram muito do meu produto, estamos em negociação. O primeiro pedido
deve sair ainda no primeiro semestre desse ano
— concluiu o estilista.
37
Comportamento
Un mese, una bellezza
È sempre la stessa storia
ed è una moda tutta
italiana; si, ma non si
tratta né di vestiti né di
scarpe, anzi meno se ne
vedono e meglio è! Più che
di moda si potrebbe parlare
di euforia generalizzata
per quei pezzi di carta
che scandiscono i giorni
e i mesi: è una gara a chi
lancia il calendario più sexy
Giordano Iapalucci
I
Fotos: Divulgação
n Italia, ormai da qualche anno si assiste
ad una vera e propria “guerra dei calendari”. Modelle, attrici più o meno formose,
o qualunque elemento vivente che possa
attirare l’attenzione del consumatore viene proposto per accompagnare le giornate degli italiani per tutto il resto dell’anno.
Il capostipite delle bellezze Oggetto di culto
per chi ama la bellezza femminile immortalata
su foto, nonché il più famoso calendario al mondo, quello della Pirelli, è stato inaugurato a fine
2005 sulla “passerella” parigina, contrariamente
alla tradizione che lo aveva visto fino all’anno
passato presentato a Londra.
Per chi, dunque, vede la fotografia come
un’arte ed una forma di cultura non può perdersi questa leccorna visiva. Per il 2006 i fotografi Mert Alas (inglese) e Marcus Piggott (turco),
hanno presentato un calendario i biano e nero
(eccetto i mesi di Marzo (Gisele Bundechen) e
Novembre (Natalia Vodianova) per dare un maggior risalto, amplificare la luce e gli effetti del
mare sui corpi bagnati.
Sotto il tema della “tradizione e innovazione”, in un viaggio nella seduzione del nudo
(bandito neglia anni passati) in cui gli scatti
riportano spesso agli anni sessanta-settanta,
il set fotografico ha avuto come sottofondo le
bellissime spiagge di Cape d’Antibes, i lussuosi
yacht e il fascino della Costa Azzurra (Francia).
“The Cal”, come è chiamato il calendario Pirelli, è una grande vetrina per le dive delle passerelle e spesso un trampolino di lancio per coloro che lo saranno. Tra le 12 bellezze del 2006 è
da sottolineare la presenza della bellezza latina
Jennifer Lopes, a cui è spettato la copertina, la
ritrovata Kate Moss e la già citata brasiliana Gisele Bundechen. Ma poiché è un oltraggio alla
bellezza femminile non ammirare cotanta formosità e sopratutto le parole sono nulla rispetto
alla gioia che l’occhio può dare, vi rimandiamo,
ma sopratutto vi consigliamo a consultare il sito
della Pirelli: www.pirelli.it
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COMUNITÀ ITALIANA
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JANEIRO 2006
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