A M A I O R M Í D I A D A C O M U N I D A D E Í T A L O - B R A S I L E I R A www.comunitaitaliana.com.br Ano XIII – Nº 92 ISSN 1676-3220 R$ 7,50 Rio de Janeiro, janeiro de 2006 Concentração! Carnaval carioca pronto para receber foliões do mundo todo Especial ‘Amazonas’: presença italiana que poucos conhecem Reprodução Janeiro de 2006 8 4 Editorial No calor dos fatos 5 Cose Nostre JK, um indefectível sedutor 7Parliamone 20Saúde 22Notizie 24Opinione Marco Lucchesi La vicenda di Kertész 10 36Moda Entrevista Marília Ferreira Emmi 38Comportamento Reprodução Historiadora realiza estudo pioneiro sobre imigração italiana no Pará 12 Especial Elo perdido na floresta Amazonas recupera vice-consulado e atrai investidores da Bota para o Alto Solimões Palmeiras e Cruzeiro hanno in comune molto di più dei successi sul campo: l’Italia 30 Esporte Olimpíadas do frio 26 História Pão de queijo com pizza Pesquisadores narram a trajetória dos italianos que ajudaram a construir a história de Minas Gerais COPERTINA Viva il carnevale! Italiani, muse, come Juliana Paes... è arrivato il momento di vibrare con le scuole di samba carioca 32 Ernane D. Assumpção Reprodução Turim recebe milhares de adeptos dos jogos da neve 34 Roberto Moreira (O Fluminense) Editoria de arte Reprodução Calcio I due ‘Palestra’ COSE NOSTRE Julio Vanni DIRETOR-PRESIDENTE / EDITOR: Pietro Domenico Petraglia (RJ23820JP) DIRETOR: Julio Cezar Vanni VICE-DIRETOR EXECUTIVO: Adroaldo Garani PUBLICAÇÃO MENSAL E PRODUÇÃO: Editora Comunità Ltda. TIRAGEM: 30.000 exemplares ESTA EDIÇÃO FOI CONCLUÍDA EM: 20/01/2006 às 16:30h DISTRIBUIÇÃO: Brasil e Itália REDAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO: Rua Marquês de Caxias, 31 Centro – Niterói – RJ – Brasil CEP: 24030-050 Tel/Fax: (21) 2722-0181 / (21) 2719-1468 E-MAIL: [email protected] SUBEDIÇÃO Luciana Bezerra dos Santos [email protected] REDAÇÃO: Giordano Iapalucci (repórter especial), e Nayra Garofle REVISÃO / TRADUÇÃO Cristiana Cocco Tatiana Correia Ribeiro PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO: Alberto Carvalho FOTO DE CAPA Roberto Moreira (O Fluminense) COLABORADORES: André Felipe Lima – Franco Vicenzotti – Braz Maiolino – Lan – Giuseppe D’Angelo (in memoriam) – Pietro Polizzo – Venceslao Soligo – Marco Lucchesi – Domenico De Masi – Franco Urani – Giovanni Meo Zilio – Fernanda Maranesi – Giuseppe Fusco – Beatriz Rassele CORRESPONDENTE: Guilherme Aquino (Milão) Comunità Italiana está aberto às contribuições e pesquisas de estudiosos brasileiros, italianos e estrangeiros. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores, sendo assim, não refletem, necessariamente, as opiniões e conceitos da Revista. La rivista Comunità Italiana è aperta ai contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti brasiliani, italiani e estranieri. I collaboratori esprimono, nella massima libertà, personali opinioni che non riflettono necessariamente il pensiero della direzione. ISSN 1676-3220 4 Filiato all’Associazione Stampa Italiana in Brasile B No calor dos fatos rasil 400. Esta é a época em que o país se transforma num caldeirão multicultural latente. Com a bola rolando pelos campeonatos estaduais, sol, praia e corpos à mostra, temos a combinação perfeita para melhorar o humor deste povo. “Até o fim do carnaval” pouco (ou nada) se resolve por aqui. Não adianta falar de crise, pensar em democratização dos meios (da riqueza, da terra, da informação...), fazer análises econômicas, tentar construir ou desconstruir qualquer coisa, pois todas as atenções estão voltadas para o “bem estar” geral. Essa utopia só termina com as águas de março. É quando começamos a nos dar conta de que somos cidadãos e temos um dever a cumprir. Lembremos que este é um ano de eleições, o que deve significar o evento mais importante de todos. Não vamos deixar de torcer pela seleção e fazer ecoar a alegria da pátria de chuteiras, mas temos um tortuoso quadro sócio-politico a reverter. Já é hora deste povo ter acesso à educação. Cerca de 15% dos brasileiros com mais de 15 anos são analfabetos. Junto aos analfabetos funcionais – pessoas que soletram, falam o próprio nome, mas não conseguem redigir uma carta ou ler um texto e compreendê-lo – chegamos, conforme pesquisa, a absurdos 75%. A inserção política e social só se dará através do aprendizado. Karl Marx dizia que “não se pode esperar que os povos apáticos, os povos da miséria verdadeira e total, façam a revolução. A revolução quem a faz são aqueles que percebem que lhes cabe um quinhão, um pedaço do latifúndio e estão dispostos a brigar por isso”. A esse propósito, revirando alguns textos, deparei-me com um de Frei Betto – a quem muito admiro –, que data da posse do governo Lula, e que, inevitavelmente, também se deixou enganar, reconhecendo logo em seguida sua desilusão ao deixar em poucos meses o Palácio do Planalto. Ele dizia: “Fizemos sim uma revolução, mas por outros métodos. O da organização popular, da conquista progressiva de espaço na política, tendo como mentor Paulo Freire; como arma, a ética; como princípio, a fidelidade aos pobres; repensando e, agora, promovendo a refundação do Brasil pela via da participação cidadã e do fortalecimento da democracia”. Logicamente, estava tomado pela euforia. O s italianos no exterior irão votar pela primeira vez em abril. Enquanto que em outros lugares, como nos Estados Unidos, os candidatos mobilizam eleitores e promovem debates, por aqui, até o fechamento desta edição, ainda não se sabia quem eram os candidatos. N a Itália, apesar do favoritismo da esquerda de Romano Prodi, o cenário para as eleições de abril continua indefinido. Para justificar sua permaPietro Petraglia nência no poder, Silvio Berlusconi escreveu a “Oração eleitoral”. O primeiEditor ro ministro explica em 12 páginas quatro pontos que considera fundamental para a sua reeleição: “aquilo que fizemos, aquilo que não fizemos, aquilo que faremos e os riscos da esquerda no governo”. Segundo o premiê, existe, na Itália, os comunistas, como Fausto Bertinotti, “prontos a inchar o estado e a abolir a propriedade privada”, e os pós-comunistas, “que fingem que o comunismo com 100 milhões de mortes nunca existiu”. E parte para o ataque: — O adversário político, para eles, é um inimigo a ser eliminado, se não fisicamente, moralmente e politicamente, talvez com o uso político da justiça. Seguindo o ensinamento teórico de Gramisci, ocuparam todos os setores do poder. O resultado é que hoje, além de administrar 16 das 20 regiões italianas, 77 das 110 províncias, 6.500 cidades das oito mil, controlam quase tudo: a magistratura, a escola, a universidade, os sindicatos, os patronatos, as cooperativas, os principais bancos e a grande maioria da mídia. Vamos também dar o Palazzo Chigi e a maioria no Parlamento e, assim, teremos um regime! C om a vitória de Michelle Bachelet, no Chile, e Evo Morales, na Bolívia, o novo continente está mais à esquerda do que nunca. Já o velho continente europeu, deposita, cada vez mais, suas fichas na política neoliberal. Pela primeira vez na história democrática de Portugal é eleito um presidente da República de centro-direita. O ex-premiê, e atual presidente, Aníbal Cavaco Silva (apesar do nome de sambista) é responsável pela multiplicação de estradas e hospitais, pela diminuição do desemprego e da mortalidade infantil, que se deu no início dos anos 90. Cavaco, porém, é, sobretudo, conservador: em 1993 se recusou a assinar a portaria que concede o feriado de Carnaval. M as aqui, no paraíso tropical, respira-se o samba. E, mesmo assim, o que se faz para explorarmos a nossa indústria turística ainda é pouco... A Embratur acaba de fechar dois acordos com operadoras italianas, através de seu escritório em Milão. Em menos de dois anos, foram fechados 32 acordos para que operadoras da bota “vendam” o Brasil como destino. Tomara que o Brasil, com seus 10 mil quilômetros de costa, suas cachoeiras e toda essa abundância natural que conhecemos, se espelhe na Itália para adotar as medidas de sucesso da condução de políticas para este setor. Só Roma recebe cerca de 15 milhões de turistas todos os anos. O triplo de todo o território verde-amarelo. EDITORIAL Boa Leitura! Entretenimento com cultura e informação COMUNITÀ ITALIANA / JANEIRO 2006 FRENTE BRASIL-ITÁLIA NO RJ SEXO E TV NÃO COMBINAM F P oi criada a Frente Parlamentar Brasil-Itália no estado do Rio de Janeiro. O projeto, cuja autoria é do deputado estadual, Adroaldo Peixoto Garani (PSC), foi aprovado em dezembro de 2005 na Assembléia Legislativa. A Frente tem a meta de estreitar as cooperações política, econômica, educacional e cultural entre o Rio e o estado italiano. Os parlamentares já podem aderir à iniciativa. esquisa italiana aponta que casais que não têm TV no quarto fazem sexo duas vezes por semana. Em média, oito vezes por mês. Para aqueles que têm TV no quarto, o índice cai para quatro relações mensais. Segundo a sexóloga Serenella Salomoni, responsável pelo estudo, o efeito é ainda mais marcante entre casais com idade acima dos 50 anos, onde a média fica em torno de 1,5 relações por mês. O estudo descobriu ainda que filmes violentos e reality show são programas considerados “inibidores da libido”, já que diminuem a procura pelo parceiro. A pesquisa entrevistou 523 casais italianos para saber quais efeitos a televisão tem em suas vidas sexuais. MOTOR A EXPLOSÃO TURISMO EM ALTA A A Fondazione Barsanti e Matteucci, criada em Lucca em 2003, está difundindo por toda a Itália e no exterior através das associazioni italiane, a história da criação do motor a explosão, uma conquista científica italiana que o mundo tem atribuído ao francês Felipe Lebon, em 1801. Segundo o presidente da Fondazione, Pierluigi Lazzerini, os cientistas Eugênio Barsanti e Felice Matteucci criaram o primeiro motor a explosão muitos antes de Lebon. O primeiro modelo da invenção italiana encontra-se no Deustsches Museum di Mônaco, com a devida referência científica enaltecendo o pionerismo de Barsanti e Matteucci. É a prova eloqüente de um feito italiano que na época empolgou o mundo. PONTE ITÁLIA-PINDA T reze empresários italianos vieram ao Brasil de olho na região de Pindamonhangaba, no Vale do Paraíba. A vinda da missão é resultado da participação do município paulista em uma feira industrial ocorrida em outubro passado, em Parma. Segundo Álvaro Staut Neto, diretor de Indústria, Comércio e Serviços do município, os italianos estariam dispostos a investir R$ 55 milhões em condomínios empresariais. MURALHA AMÉLIA V inte metros da muralha de Amelia, que teve o início de sua construção no século VII a.C., na região de Úmbria, demoronaram no último dia 18. Com 15 metros de altura é também conhecida como muralha ciclópica pelas dimensões das pedras utilizadas para sua construção, sem utilização de cimento. Segundo especialistas, a queda representa uma notável perda do ponto de vista arqueológico e histórico. JANEIRO 2006 / Maurizio Brambatti / Ansa FUNDADO EM MARÇO DE 1994 M ilhares de pessoas se concentraram, no dia 16 de janeiro, na praça Farnese de Roma para uma marcha convocada em favor da legalização das uniões não-oficializadas, inclusive as homossexuais. Teve até benção simbólica do juiz Giovanni Palombarini. A esquerda, porém, está dividida em relação ao movimento. cidade de Roma recebeu um número recorde de turistas no ano passado, com mais de 16 milhões de visitantes. Roma está investindo em tecnologia e vai oferecer, a partir de março, serviços de informação eletrônica nos melhores hotéis. Trata-se de um tipo de agenda eletrônica, a chamada “mini GPS”, disponível em quatro idiomas, que vem com um mapa da cidade, informa sobre itinerários e contém informação histórica sobre os monumentos e igrejas. Além disso, o aparelho explica o sistema das linhas de metrô e ônibus com seus respectivos horários para facilitar a estadia dos turistas na capital. JK, UM INDEFECTÍVEL SEDUTOR A no novo, vida nova. Remexia os meus arquivos quando encontrei um bilhete, cujo original está ao lado desta nota, escrito por Juscelino Kubitschek e endereçado a mim no distante 9 de junho de 1972. Na época, o médico-político JK era presidente do conselho de administração do antigo Banco Denasa. Não sei se há algum valor para historiadores. Creio que não. Mas o revival que se instalou na mídia sobre a figura do ex-presidente do Brasil me induziu a publicar esta carta na coluna. Afinal, muito vem sendo dito sobre JK. Alguns o definem como um “dos maiores políticos” da República; outros, como um “pé-de-valsa” incomparável; os mais sisudos e conservadores, como um “incorrigível mulherengo” responsável pelo que teria sido um dos períodos mais contundentes de ilusionismo político (a criação de Brasília) da história do País. Não importa o que digam. O conheci pessoalmente na época em que fui delegado do antigo Ministério da Educação e Cultura, o “MEC”. E JK sempre foi um camarada preocupado com os outros. Às vezes, quase altruísta. Com aquela mineirice peculiar, pedia pelos outros. Como o caso da professora Helga Almeida Cardoso, ex-auxiliar dele no Palácio do Catete, descrito aí do lado. O que foi retratado pela minissérie da TV Globo é aquilo mesmo: um JK para muitos e não para poucos. O “amigo de sempre”, como ele se despedia em suas cartas. Um indefectível sedutor nato. COMUNITÀ ITALIANA 5 PARLIAMONE con l’Avvocato Giuseppe Fusco [email protected] ASSISTENZA, QUESTO MISTERO DOLOROSO L ’argomento di oggi riguardava i corsi di lingua e cultura italiana. Tuttavia non sarà cosi, perché una notizia mi ha turbato parecchio. Si tratta di questo: un cittadino italiano telefona al Comitato di Assistenza (il tradizionale Coasit di Rio de Janeiro) per chiedere se il suo nome c’è o non c’è nella lista dei cittadini bisognosi assistiti. Risposta: non lo sappiamo, deve sentire in consolato, perché noi non sappiamo più nulla. Cosi comincia il calvario di uno che non ha niente da mangiare e tantomeno comprarsi le medicine necessarie. Non ho avuto il tempo di controllare se questo è vero o no, anche perché il Direttore aspetta il mio “pezzo” che era già pronto, ma io ho preferito rimandare e, in fretta e furia, l’ho sostituito con questa notarella sconsolata e perplessa. I cittadini italiani bisognosi che vivono nella Circoscrizione consolare di Rio de Janeiro, a quel che mi dicono, sono molti, forse trop- pi in una comunità che si vanta di essere solidaria e patriottica e dove funziona un servizio di assistenza gestito dal consolato generale. Ecco, probabilmente l’esclusione del Coasit (se è vero) avrà una giusta spiegazione deve trattarsi di un problema di opportunità organizzativa e logistica, di controlli incrociati, di fondi scarseggianti da distribuire con cura, parsimonia e quant’altro. Sarà sicuramente così. Intanto, chi ha fame ha fame, poi, col tempo, si vedrà. Lo so, è un antico e complesso problema che gli enti preposti e competenti, tra cui il Comites (Comitato degli Italiani all’Estero), affrontano da sempre: quello di una rivoluzione concettuale in primo luogo, perché la solidarietà di cui stiamo parlando non è una elargizione benevole e paternalista del principe o del vescovo, o una pietosa elemosina del buon cristiano che vuole guadagnarsi il Paradiso, ma um diritto garantito. na estante cartas Vozes Cidadãs: aspectos teóricos e análises de experiências de comunicação popular e sindical na América Latina, de Cicilia M. Krohling Peruzzo, tem como objetivo estimular ainda mais as pesquisas e os debates dos estudiosos da Comunicação Social, em prol de uma cidadania ativa, com a participação consciente do cidadão. Editora Angellara, 374 págs., R$ 45. Alcoolismo, novas perspectivas, de Claudio Pierlorenzi e Alessandro Senni, enfoca o problema do alcoolismo nos seus vários aspectos sociais, psicológicos e jurídicos. Editora Itália Nova, 176 págs., R$ 32. Em nome de São Francisco, de Grado Giovani Merlo, contempla os três séculos mais importantes da história minorítica e da memória franciscana no início do século XIX. Editora Vozes, 344 págs., R$ 46. O mistério das bolas de gude, de Gilberto Dimenstein, busca personagens de diversas origens, com uma história em comum: o desejo de criar alternativas à desesperança vivida pelos que se encontram em situação de risco. Editora Papirus, 192 págs., R$ 28. JANEIRO 2006 / COMUNITÀ ITALIANA CADÊ OS LOMBARDOS? Tive a grata satisfação de ganhar na sede do Consulado Italiano, no Rio de Janeiro, um exemplar de sua esplêndida publicação, onde, além de apurar todas as matérias, um assunto que mais me chamou a atenção: a nota que se refere ao encontro dos toscanos na Argentina. Por que não fazem o mesmo os lombardos residentes em nossos estados brasileiros? WALDEMAR SOLDI, Rio de Janeiro (por carta) ANALFABETISMO É impressionante que um País do G-8 apresente índice tão alarmante de analfabetismo. Sinal dos tempos, ou será falta de vergonha na cara das autoridades italianas. Correta a observação do sociólogo Francesco Alberoni de que a linguagem, o vocabulário e a leitura fragmentada dos italianos são indícios claros do agravamento do problema. GIOVANNI CECCARINI São Paulo (por e-mail) IMIGRANTES Meu avô é assinante da revista e sempre que posso dou uma olhadinha. Gostaria de parabenizá-los pelo excelente conteúdo. As matérias dos imigrantes italianos em Vitória e em São Paulo são fundamentais para preservarmos nossas origens. Que tal uma matéria sobre Bento Gonçalves e Garibaldi? GABRIELLA TROTTA Porto Alegre (por e-mail) 7 Marco Lucchesi - Articolo La vicenda di Kertész Dalle alte pianure dell’Ungheria e dal genio di due romanzieri dell’Europa Centrale – parenti di Musil, Mann e Broch – sono appena giunti in Brasile Divorzio a Buda di Sándor Márai e Kadish per un bambino mai nato, di Imre Kertész P hongrois, nonché a una serie di saggi lessicali e etimologici. Non sono andato oltre una (dotta, forse?) ignoranza, una certa pratica strumentale, riuscendo, tuttavia, a porre in relazione piani e contesti, a partire da un piccolo dizionario e modi grammaticali. Si tratta di una lingua di forza e bellezza, equilibrio e ragione. E se un idioma fosse capace di impedire la conoscenza della sua letteratura, sarebbe lecito immaginare Shakespeare sconosciuto a Sumatra, Beijing o Helsinki, dal momento che l’inglese si mostrerebbe incompatibile con quelle lingue e culture nelle quali sarebbe tradotto? L’argomento dell’impenetrabilità dell’ungherese mi sembra insufficiente, buono per mascherare – per inerzia ideologica – altre e più complesse motivazioni di ordine politico e culturale, che si modificano a vista d’occhio dalla caduta del muro di Berlino. In Brasile, la diffusione della letteratura ungherese è la risultante dello sforzo di un manipolo di traduttori (Paulo Rónai, Paulo Schiller, Ildikó Sütö, Ladislao Szabo), che non solo conoscono l’originale, ma anche il mestiere della traduzione, dominando con maestria la lingua d’arrivo, così come la letteratura brasiliana e portoghese. Ma c’è tutto un mondo da costruire, hanno molto di ciò che si era soliti chiamare Alta Modernità – una vasta tradizione del romanzo del XIX secolo, in cui si riprendono quelle figure e intrecci che ora, in Márai, si dissolvono completamente. Ma il tutto senza clamore, senza assumere una teatralità vuota ed aggressiva. Quasi come la chiesa di San Matteo a Buda, e i suoi castelli e palazzi in rovina. Abbiamo quasi un’odissea mentale, sorta di rieducazione borghese dei sensi, ma di una borghesia liberale, contraddistinta da gesti di umanismo e disperazione. Tutto ciò che si può capire del giudice Kristóf Kömives, cercando l’equilibrio classico, la distanza quasi olimpica e oggettiva che si richiederebbe ad un alto magistrato. Le sottigliezze sono qui importanti, allusioni, remissioni, che raggiungono l’apice con la misteriosa visita del dott. Greimer, terribile e meraviglioso avvenimento, di una narrativa notturna, eminentemente notturna, fatta di ombre e silenzi – indimenticabile per il lettore più esigente. Sándor Márai rappresenta oggi per me non esattamente il dramma della lingua, della storia o dell’autore. Ma il dramma di una letteratura ingiustamente emarginata e dei grandi valori di una certa perduta Modernità. Questi stessi valori riappaiono in un romanzo che mi è caro: Verdetto a Canudos (Ítélet Canubosan), in cui Márai si ispira al capolavoro di Euclides da Cunha Os sertões (come già aveva fatto Mario Vargas Llosa ne La guerra en el fin del mundo, 1981). Márai segue la traduzione inglese di Samuel Putnam e rimane impressionato dall’opera di Euclides (“il libro è come la vegetazione del sertão: abbondanza e aridità allo stesso tempo”) e il genocidio che la giovane Repubblica perpetrò ai danni dei seguaci del Conselheiro, nel 1896, nell’entroterra di Bahia. Quando penso a Márai – in questo scenario diffuso, impreciso e capillare della letteratura ungherese in Brasile – mi rivolgo d’acchito al bellissimo libro di Imre Kertész, Senza destino, del 1975, nella versione di Paulo Schiller, a partire dal quale riprendiamo, secondo un’altra chiave, ciò che in Molnár era un excursus lirico. Considero Kadish a un bambino mai nato, il capolavoro di Kertész, uno dei libri più belli di cui abbia notizia Passiamo per un’adolescenza difficile, quella di Kertész, che nasce da una famiglia ebrea di Budapest, nel 1929. Deportato ad Auschwitz, Buchenwald e Zeitz, ad appena 15 anni, nel 1944. Passati poco più di dodici mesi, Kertész ritorna a Budapest e vive come traduttore (di Hoffmansthal, Nietzsche, Canetti, Schnitzler), librettista e scrittore, riflettendo sulla sua drammatica esperienza dei campi di concentramento, a partire dalla quale elaborò i suoi romanzi, come in Senza destino. Una drammatica percezione delle trasformazioni e del linguaggio praticato dal corpo, sottomesso ad un’infinità di prove. Il peso della Storia. I suoi fantasmi. E assurdi. Come interpretarli? Come salvaguardarsi da questi mali? E tuttavia, lungi dal ridurre il fato a mera ideologia, Kertész rivela il vigore di questa esperienza al centro del fenomeno letterario, evitando aporie ulteriori, riduzioni e sequestri condannabili, in cui la letteratura scompare, lasciando al suo posto un’eredità extraletteraria di macerie, gesti, parole. In questa cognizione del dolore, ciò che sorprende è la logica della sopravvivenza o della sua pratica, che supera eroicamente limiti che prima sembravano invalicabili. In questo tono, in questa forma complessa di capire la Storia e il Soggetto, considero Kadish a un bambino mai nato, il ca- polavoro di Kertész, uno dei libri più belli di cui abbia notizia, intenso e veloce, come se fosse stato scritto adesso, a partire dalla sua musica, dai suoi ostinati, crescendo e diminuendo, come un grido lancinante, percorso da una forte disperazione. Sprovvisto di effetti meramente retorici e sproporzionati, Kadish è un tempio greco consacrato ad un angelo duro e diffuso, tremendo e lancinante, una specie di Ur-Schrei, dal grido primordiale, lanciato con esuberanza e pieno dominio del discorso. Penserei a modelli diversi, come la Lettera al padre di Kafka, o a quando Leopardi si dirige a Monaldo, e al libretto Erwartung, musicato da Schönberg. E tuttavia l’opera di Kertész è solitaria e non conserva un indirizzo specifico, mittente o destinatario. Somiglia di più ad un trattato sulla Dignità dell’uomo – come si faceva nel Quattrocento –, ma di una complessità nuova, fatta di adesione e disincanto, elaborante una ipermorale che parte da una data realtà, davanti ai cui orrori occorrerà formare un’altra e più complessa immagine degli uomini. Ogni qualsiasi spiegazione, più o meno determinista, più o meno classificabile, non risponde alla ricerca morale di Kertész. Ecco il punto cruciale, quando le nuvole di ferro si abbattono su di un campo di verde primavera, quando il trionfo della barbarie sembra l’ultimo di una serie, come e quando le figurazioni del Pentateuco e del suo Tempo forte sembrano gridare attraverso una distanza tremenda e solitaria, come lo splendore della stella solitaria della teologia giudaica. La condizione di Kertész, in quelle pagine, conosce nelle nuvole una forma di meraviglia dalla forma compatta e universale, distinta e pura, di paese e radice, di una stessa e molte lingue, come nei versi di Esenin, quando egli si ritrova a meditare, solitario, sulla Bibbia dei Venti, mentre pascola il gregge di inesauribile, segreta e purissima ricerca: Ho letto e pensato sulla bibbia dei venti con Isaia ho pascolato i miei dorati armenti. (trad. Andrea Santurbano) Reprodução er molti l’opacità della lingua ungherese impedisce una conoscenza più ampia della sua letteratura. C’è chi pensa che il magiaro sia tra le lingue più difficili, come Paulo Rónai – erudito, professore di latino a Budapest e che è diventato, per così dire, brasiliano, traduttore della Commédie humaine in portoghese e di antologie di racconti e novelle dell’Ungheria – è arrivato a dire in Come ho imparato il portoghese ed altre avventure che la grammatica ungherese conservava “un intrico di opachi labirinti”. Il fatto di non appartenere alla famiglia indoeuropea – essendo più vicina al finlandese, al turco e al mongolo –, causa all’inizio un certo disorientamento, come di chi si senta perduto in una terra di nessuno, senza riferimenti previ, in mezzo a parole definitivamente lunghe, irriducibili (o quasi) al Dizionario dell’Occidente, con una vasta mobilità frastica e una delicata relazione tra sostantivi e aggettivi, oltre ai complementi (inessivo, ilativo, elativo, sublativo, superesivo, delativo, alativo, terminativo, adesivo, ablativo e quant’altro!). Ho cominciato a studiare meglio la lingua da circa un anno e mezzo, con piccole interruzioni. Ora ottimista. Ora disperato. Mi sono dedicato alla grammatica di Sauvageot, Premier livre de da una buona antologia della poesia ungherese ad altri e più frequenti sforzi, come la creazione di un corso di lingua e letteratura ungherese nelle nostre Università federali. Il primo (e forse ultimo) grande successo di pubblico fu I ragazzi di via Pal (A Pál utcai fiuk), di Ferenc Molnár, tradotto da Rónai. Questo libro ebbe un grande impatto sulla mia generazione e su quella immediatamente precedente. Mi ricordo di tante pagine, e del terreno incolto, il Grund, e del Club in cui sognavano i ragazzi, così come degli episodi penosi, come le ore che precedono la morte di Nemecsek. Tutto questo emozionò la mia prima adolescenza. Decisi di scrivere a Paulo Rónai, perché c’erano degli echi fra quei ragazzi e ciò che io avevo vissuto a Niterói, dagli otto ai dieci anni d’età. Il terreno incolto. La fondazione del Club. E la guerra (di rosmarino e maggiorana) tra fazioni rivali. Lo stesso lirismo che avvicinava i giovani del Brasile a quelli dell’Ungheria. Altro e grande autore: Sándor Márai. Nato nel 1900 a Kassa, sotto il dominio dell’antico Impero austro-ungarico, i suoi romanzi erano molto letti negli anni ’30. Durante il regime fascista di Horthy, Márai visse periodi di esilio in Germania e in Francia, per lasciare definitivamente il paese dopo l’avvento del regime comunista, nel 1948. Andò in Canada e si stabilì poco dopo negli Stati Uniti. La sua opera cominciò a cadere in un forzato e assurdo dimenticatoio in Ungheria. Smarritosi in una grave solitudine, Márai decide di porre fine alla sua vita nel 1989, nella città di San Diego. Fu l’editrice Adelphi in Italia che cominciò a tradurne l’opera, oggi inserita nel catalogo delle maggiori case editrici d’Europa e degli Stati Uniti. Come possiamo ben vedere nel caso di Márai, le ragioni politiche sono state largamente superiori a quelle di ordine linguistico. Il romanzo Divorzio a Buda (Válás Budán) è un piccolo capolavoro. Libro di taglio classico, mitteleuropeo, pieno di passaggi, mondi interiori, grandi monologhi, geometricamente perfetti, grande agilità narrativa, oltre ad una strana e bella consistenza. In uno dei ritratti del protagonista, Márai fonde il paesaggio di Buda con i valori morali del Magistrato, traslati in tempi altri e gravi: Tutte le sue ricerche e interpretazioni, tentativi di domare il reale e superare gli istinti, 8 COMUNITÀ ITALIANA / JANEIRO 2006 JANEIRO 2006 / COMUNITÀ ITALIANA 9 Divulgação Entrevista Pará: imigração que poucos conhecem M anaus (AM) — Quem disse que apenas as lavouras de café seduziram os italianos que aportaram no Brasil no final do século XIX? Em entrevista à Comunità, a historiadora Marilia Ferreira Emmi afirma que há muita história a ser contada sobre a imigração. Principalmente acima do sul e sudeste do País, mas precisamente no Pará, onde italianos — a maioria oriunda da Calábria, Campânia e Basilicata — trocaram o trabalho nos cafezais do sudeste, pelos seringais da Amazônia. O auge da borracha era o “pote de ouro”, que muitos nunca alcançaram. E o comércio foi o grande atrativo, principalmente no interior do estado. “Até os anos 50, o município de Óbidos foi considerado o principal centro comercial dos italianos no Baixo Amazonas”, frisa a pesquisadora. Todo o esforço investigativo de Marília — pesquisadora do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos, da Universidade Federal do Pará — está sendo focado na elaboração de uma tese de doutorado. Um pioneirismo que vai resgatar dados fundamentais sobre a presença dos italianos no estado do Pará e que abrirá portas para novos estudos sobre a imigração no Brasil. Comunita Italiana — Conte um pouco sobre a trajetória de sua família no estado? Marília Emmi — Sou descendente de italianos pelo lado materno. Meu avô Fidelis Pollaro, natural de San Constantino de Rivello, região da Basilicata, chegou ao Brasil com 18 anos acompanhado de seu pai, Domenico Pollaro, em 1900. Depois de breve passagem por Belém, localizouse em Faro, na região do Baixo Amazonas [Pará], onde instalou um pequeno comércio e criava ovelhas. Em 1920, seu pai retornou à Itália, mas ele ficou no Brasil, pois já havia constituído 10 André Felipe Lima família. Tive pouco contato com ele, pois quando morreu, eu era criança. Segundo minha mãe, ele cultivava certas tradições italianas, como o hábito de comer macarrão caseiro às quintas e domingos. Minha ligação familiar maior com a Itália vem da parte de meu marido, Giovanni Emmi. Seu pai, que também se chamava Giovanni Emmi, natural de Língua Glossa, província de Catânia, na Sicília, chegou ao Brasil em 1924. Depois de passar um curto período no Rio de Janeiro e em Manaus, veio residir no Pará a convite de amigos, e instalou um hotel na cidade de Santa Izabel do Pará, a 45 km de Belém. Em sua casa, cultivavam-se vários traços da cultura e tradições italianas, desde a gastronomia, passando pela música, as festas cívicas e até a lealdade aos governantes italianos. Lutou na Itália na Primeira Guerra Mundial, mas durante a Segunda Guerra, já no Brasil, como outros italianos, foi alvo de perseguições que lhe custou a perda do hotel e a maioria de seus bens. Morreu aos 80 anos, sempre falando da Itália com profunda nostalgia. C.I. — O que, inicialmente, a despertou para a pesquisa sobre a colonização italiana no Pará? Marília — A pesquisa sobre imigração italiana no Pará tem certas particularidades. Trata-se de estudar a vinda de italianos na época designada como a da “grande imigração”, mas para uma região muito distante daquela que concentrava “fatores de atração”. A reflexão sobre esse período é uma estratégia para tratar de questões mais gerais da imigração e também para abordar a dinâmica da imigração italiana na Amazônia, tendo como referência o Pará. Essa pesquisa para minha tese de doutorado constitui a primeira etapa de uma pesquisa que pretendo realizar em outros estados da Amazônia. Um dos maiores estímulos para essa escolha encontra-se no fato dessa inserção regional ser pouco referenciada pela literatura que trata da imigração no Brasil. Aliás, essa produção é espacialmente localizada. Os estudos concentram-se no Sul e no Sudeste, regiões que receberam o maior número de imigrantes. Poucos estudos referem-se sobre a presença desses imigrantes na Amazônia, onde, apesar de pouca expressão quantitativa, esse movimento migratório ocorreu com relativa intensidade em um tempo que foge à periodização oficial. Em 1920, os italianos constituíram quantitativamente a terceira nacionalidade estrangeira no Pará, somente suplantada pelos portugueses e pelos espanhóis. Apesar da importância dessa participação, não se conhece um estudo aprofundado que realize a construção de uma historiografia sobre a imigração italiana no Pará e reflita sobre o significado e a contribuição dessa corrente migratória no processo de construção da sociedade paraense, na política e na economia regional, na introdução de novos padrões culturais, enfim uma investigação sobre os padrões de assimilação desse grupo. Esses pontos mencionados constituem objetivo da pesquisa Raízes italianas no desenvolvimento da Amazônia (1870-1950), que ora estou desenvolvendo. Outro fator que pesou na escolha do tema é que ao investigar as raízes italianas na Amazônia também estou investigando as minhas raízes. C.I. — Qual, com exatidão, é a influência dessa colonização na economia e cultura do estado? Marília — Segundo a literatura, a entrada de imigrantes italianos na Amazônia está relacionada com o auge da borracha. A riqueza proporcionada pela produção da borracha no final do século XIX atrairia arquitetos e artistas italianos para o exercício de atividades que se faziam necessárias no acelerado surto de urbanização regional. Eles eram requisitados pelas elites econômica e política locais. Mas a presença mais efetiva de grupos de italianos que escolheram o Pará como região de destino do processo de emigração deu-se a partir da última década do século XIX e, em maior número, a partir de 1920. C.I. — Quem eram esses italianos? De que regiões vieram? Marília — No levantamento realizado verifiquei que esses imigrantes poderiam ser agrupados em três segmentos. O primeiro seria constituído por famílias que vieram entre 1898 e 1900 subsidiadas pelo estado do Pará para serem assentadas em projetos de colonização ao longo da estrada de ferro Belém-Bragança. Refiro-me às colônias Anita Garibaldi (colonos lombardos e vênetos) e Ianetama (colonos sicilianos). A literatura registra que essas colônias não tiveram sucesso em termos de desenvolvimento da atividade agrícola e que poucas famílias permaneceram no local, algumas migraram para Belém enquanto outras retornaram à Itália. O segundo grupo seria formado por imigrantes que desembarcaram nos portos de Santos ou no do Rio de Janeiro e teve Belém como destino final do processo migratório. Eles eram em sua maioria oriundos da Calábria e da COMUNITÀ ITALIANA / JANEIRO 2006 Campânia e aqui se dedicaram ao comércio ou a atividades típicas das cidades: engraxates, jornaleiros, ferreiros, etc. O terceiro grupo seria formado por italianos que, no início do século XX, se instalaram na região do Baixo Amazonas, principalmente nos municípios de Óbidos, Oriximiná, Santarém, Juruti e Faro. Originalmente camponeses da Basilicata, no sul da Itália, ao se fixarem no Pará passaram a aliar suas atividades agrícolas ao comércio, chegando a se firmar no setor mercantil e desenvolvendo suas atividades com uma organização de base familiar. C.I. — Há áreas de Belém consideradas uma espécie de bairro “Bexiga”? Marília — Aqui, em Belém, não identificamos bairros de tradição italiana como em São Paulo. Entretanto, segundo a memória social, os italianos que aqui chegavam concentravam suas residências em ruas próximas ao centro comercial e também próximas aos prédios das associações de imigrantes italianos, como as ruas Frei Gil de Vila Nova, Padre Eutíquio, Manoel Barata e O’ de Almeida, onde ainda residem descendentes das primeiras famílias italianas que aqui se instalaram. C.I. — Em Santarém, interior do estado, vários imigrantes consolidaram investimentos. Houve manutenção de costumes italianos, ou perdeu-se identidade cultural? Marília — Na realidade, no interior do estado, os italianos concentraram seus investimentos nos municípios de Óbidos e Oriximiná. Até os anos 50, Óbidos foi considerado o principal centro comercial dos italianos no Baixo Amazonas. Mas a segunda geração desses comerciantes transferiu-se em sua maioria para Belém onde, atualmente, são profissionais liberais: médicos, advogados, dentistas, engenheiros etc. A cidade que ainda hoje mantém descendentes de italianos em atividades comerciais é Oriximiná, aí os imigrantes deixaram as suas marcas. As principais ruas do centro ainda têm nome de comerciantes italianos. C.I. — Em sua tese, a senhora comenta sobre a existência de duas associações de imigrantes na década de 1920. Estas associações ainda existem? Se não, por quê? Marília — Em Belém existiram várias associações que congregavam os imigrantes italianos: Societá Italiana di Beneficenza, fundada em 1912. Em 1920, essa sociedade criou a Scuola Dante Alighieri, destinada exclusivamente aos filhos de italianos; em 1923 foi criada a Associazione Nazionale Combattenti; em 1924 foi criado o Fascio Del Pará; em 1926 foi fundado o Itália Sport Club; em 1928 essas associações se uniram e criaram a Casa degli Italiani, cujo presidente, o comerciante Francesco Falesi, ainda tem descendentes no comércio de Belém. Outra associação era a Unione Italiana D’Istruzione e Mutuo Soccorso (UIIMS), foi criada em 1919 pelo comerciante Gaetano Verbicaro, que também tem descendentes em Belém. Em 1933 houve a fusão da Casa Degli Italiani com a UIIMS, dando origem a Società di Assistenza per gli italiani di Belém, que a partir de 1938 passou a chamar-se Casa da Itália Pará-Brasil. A partir da Segunda Guerra mundial, quando houve intensa perseguição aos imigrantes italianos, alemães e japoneses JANEIRO 2006 / ‘Não se conhece um estudo aprofundado que realize a construção de uma historiografia sobre a imigração italiana no Pará’ em todo Brasil, essa associação quase desapareceu, permanecendo apenas como um ponto de encontro de velhos italianos que se reuniam aos domingos para jogar baralho. Só na década de 1980, por iniciativa de alguns remanescentes da colônia italiana e de seus descendentes, a associação foi reestruturada e denominada Associação Cultural Ítalo-Brasileira (Acib). Essa associação atualmente funciona no antigo prédio da extinta UIIMS, situada na rua Manoel Barata, no centro comercial. Iniciativas da ACIB: criação do Centro de Língua e Cultura Italiana (Celci), que mantém até hoje um curso de língua italiana, e promoção, anualmente, da festa di San Gennaro. C.I. — Mais recentemente houve manifestações culturais? Marília — Em 2003, a Universidade Federal do Pará criou a Casa de Estudos Italianos (CEI), que mantém um curso de língua italiana em parceria com instituições culturais e universidades italianas. Com a criação dessa Casa, foi incluído o italiano como língua opcional no vestibular da Universidade Federal do Pará (Ufpa). Em agosto de 2005 foi realizada pela Prefeitura de Belém a exposição “Belém dos Imigrantes, história e memória”, mostrando a multiculturalidade da Amazônia numa exposição fotográfica, em que sobressaía a imigração italiana. A presença italiana na arquitetura de Belém, sobretudo da época da borracha, é significativa. Theatro da Paz, várias igrejas, palacetes, monumentos etc. C.I. — Sobre o aspecto religioso, a comunidade de Belém, mesmo sem uma igreja de San Gennaro, promove anualmente a festa do santo italiano. Desde quando isso vem acontecendo? Marília — Como a maioria dos italianos que se fixaram em Belém é originária da Calábria, região onde o santo é venerado, os membros da Acib decidiram promover anualmente a festa em homenagem a San Gennaro com a finalidade de congregar os italianos e seus descendentes. A festa realizou-se pela primeira vez em 1997 num quarteirão da Avenida Serzedelo Corrêa em frente ao prédio em que funcionava a Acib. Em 2005, como a sede da Acib passou a funcionar no antigo COMUNITÀ ITALIANA prédio da Unione Italiana, na rua Manoel Barata, a festa de San Gennaro passou a ser realizada num espaço maior, uma praça localizada em frente à Acib, onde funcionou, durante décadas, a Fábrica Palmeira. A programação da festa constitui em missa celebrada em italiano, apresentação de música e dança italiana e um festival gastronômico do qual participam os principais restaurantes locais especializados em comida italiana. C.I. — A senhora menciona que há uma linha direta entre Brasil e Gênova no Pará. Como ela se articulou e para que fins, especificamente? Marília — A linha de navegação Belém-Gênova-Belém funcionou nos fins do século XIX. Em 1897, foi dada a concessão de uma linha de navegação ao político e armador genovês Gustavo Gavotti, que passou a operar através da companhia Ligure Brasiliana. Os navios da empresa faziam linhas regulares Gênova-Belém-Manaus. Essa linha serviu para estimular a imigração na região. Seus navios trouxeram artistas, jornalistas e outros profissionais liberais à Amazônia. C.I. — Em 1934, havia em Belém 54 casas comerciais de italianos. Estes empreedimentos foram mantidos pelos descendentes? Marília — Até fins da década de 30 havia no Pará, aproximadamente, 40 estabelecimentos comerciais localizados em Belém e no Baixo Amazonas pertencentes a italianos. Eles se dedicavam ao comércio de gêneros alimentícios, materiais de construção, calçados e confecções. Alguns desses italianos, sobretudo os do Baixo Amazonas, também eram fazendeiros, entretanto, poucos descendentes continuaram a exercer as atividades econômicas de seus pais. A maioria veio para Belém, onde se tornaram funcionários públicos e profissionais liberais. Amazonenses recuperam vice-consulado da Itália em Manaus para fortalecer ponte com a imigração do início do século XX. O ano de 2006 é especial para o Amazonas. Investimentos da Bota começam a florescer no Alto Solimões e freis capuchinhos iniciam preparativos para o centenário, em 2009, da missão religiosa no estado Luciana Bezerra dos Santos Luciana Bezerra dos Santos e André Felipe Lima 12 COMUNITÀ ITALIANA / JANEIRO 2006 recebeu um convite para revitalizar o vice-consulado da Itália no Amazonas. Russo aceitou o desafio e transformou o que antes era apenas um escritório consular de correspondência em um centro de apoio e orientação para a comunidade de italianos e oriundi em Manaus. Uma bem montada infra-estrutura em um andar de sua clínica médica. — Em homenagem a meu pai, aceitei o cargo — ressalta. Para ele, quem assumir um vice-consulado deve ter uma família com “tradição viva”, “envolvimento” com a sociedade e, sobretudo, “orgulho” das origens. Russo, Calderaro, Aronne, Cantisani, Celani, Biondin, Pelosi, Conte, Limongi, Cardelli e Faraco são algumas das famílias que ajudam a contar a história do Amazonas, sem o folclore característico de que Manaus é “terra predominantemente de floresta, onça e pirarucu”. Lá foi escrita uma das histórias mais singulares da colonização italiana. Embora um grande número de descendentes desconheça a importância de sua ancestralidade para o Amazonas. Essa perda de identidade preocupa o vicecônsul, Arnaldo Russo, que realiza mensalmente um encontro de representantes das principais famílias de ítalo-brasileiros em Manaus. O viceconsulado, explica ele, reporta-se diretamente ao Consulado de Recife. — Como ficou sem contato muito tempo, a comunidade ficou dispersa e ninguém imagina como é difícil esse retorno. Conseguimos mostrar ao Consulado geral de Recife que tínhamos condições. Fizemos uma boa sede consular e começamos a reunir a comunidade para mostrar que já tínhamos condições de trabalhar com qualidade — pondera Russo, que recebe, em média, quarenta pessoas em cada encontro que promove — No jantar de fim de ano vieram 100 pessoas — completa. Em cada encontro, um convidado fala um pouco da trajetória da família no estado, mostrando, inclusive, fotografias e filmes. A reunião também propicia debates sobre as dificuldades da comunidade e o serviço consular. O final é sob a melhor medida italiana, regado à comidas típicas da mamma e vinho. Segundo o oftalmologista, a distância entre o escritório consular em Manaus e a comunidade desmotivou os descendentes. Existe atualmente em Manaus cerca de 400 oriundi e “muito poucos” italianos. Um número, embora pequeno, “considerável” para o tamanho de Manaus, como aponta Russo. No início do século, a colonização foi promovida principalmente por pessoas do Sul da Itália, especialmente da Basilicata e Nápoles. Ainda inicial, o trabalho do vice-consulado do Amazonas já obteve resultados positivos, como eventos culturais - em 2004, uma orquestra de câmara italiana apresentou-se no Teatro Amazonas - e a busca por cidadania italiana. — São centenas de pedidos para dupla cidadania que recebemos em nosso site [http://vicitaliamanaus.com.br] — destaca Russo, que ainda acha ser pouco o que vem sendo feito: — O processo JANEIRO 2006 / convidando os empresários italianos da região para fazer parte de mais esse projeto — sinaliza Russo, que também pretende instalar em Manaus um núcleo de assistência médica para italianos e descendentes e implantar um patronato. Segundo o oftalmologista, os trabalhos consulares são realizados com “recursos próprios”. — Temos que ir a Recife discutir autonomia. Queremos fazer os serviços por aqui. É impressionante a busca por cidadania, centenas de pessoas nos procuram em busca de informações sobre seus direitos. O próprio Consulado de Recife não colocou mais o Amazonas no circuito, nem cultural, nem de autoridades importantes italianas. Somente em 2004 é que veio a primeira atividade cultural aqui, com a orquestra italiana, onde 700 pessoas prestigiaram o evento — avalia o vice-cônsul no Amazonas. Arquivo Comunità Elo perdido M anaus (AM) — Artesão dos calçados, o italiano Giuseppe Russo chegou à Manaus em 1915. Seu pai aportou um tempo antes seduzido pelo ciclo da borracha no Amazonas. Sem o pai, Giuseppe casou-se com uma amazonense, que vive até hoje em uma das belas casas no centro velho de Manaus, onde está o majestoso Teatro Amazonas, obra cuja arquitetura foi desenhada também por italianos. Morreu com 75 anos, vítima de diabetes. Era duro na queda. Não deixou nenhum dos seus oito filhos o ajudarem na sapataria. Dizia que só se “aposentaria depois de formar” os filhos. O que cumpriu. Morreu sem retornar à terra natal, Rotondo, na província de Potenza, região de Basilicata, onde nasceu em 1885. Um típico italiano “bem machista”, tanto que a esposa era quem, no almoço e jantar, servia a todos os filhos e somente quando acabavam de se alimentar, comia. — Isso é bem característico do sul da Itália — recorda o oftalmologista Arnaldo Russo, de 54 anos, filho de Giuseppe, que há dois anos ééEspecial Amazôniaéé ‘Fizemos uma boa sede consular e começamos a reunir a comunidade para mostrar que temos condições de trabalhar com qualidade’ REDESCOBRINDO RAÍZES Médico oftalmologista há 30 anos, Arnaldo Russo é casado e tem dois filhos. Em 2002, visitou a Itália, especificamente a terra do pai, a rústica Rotondo — a seis horas de Roma. — Foi bastante emocionante visitar a terra dos meus antepassados. Infelizmente fiquei pouco tempo, apenas seis horas. A idéia é pegar a família e fazer uma viagem mais longa pela Itália em busca de parentes. O que chamou a minha atenção foi que após as 13h, ninguém faz nada, fecha tudo. Às cinco horas da tarde foi quando as pessoas começaram a chegar à praça, algumas mais idosas, com chapéus antigos, passeando pela praça. O pouco que se sabe hoje sobre a presença dos italianos no Amazonas está registrado no livro “Gli italiani nel Nord del Brasile”, cuja primeira edição foi publicada em 1931, em Belém, no Pará, por Ermenegildo Aliprandi e Virgilio Martini, uma obra rara, com pouquíssimos exemplares existentes. ARNALDO RUSSO, VICE-CÔNSUL DA ITÁLIA NO AMAZONAS de aproximação da comunidade na cidade é bem lento — acrescenta. Ele critica também organizações de eventos que envolvem italianos no Amazonas para as quais o vice-consulado sequer é convidado. — Acredito que essa distância se deva porque o consulado nunca teve expressividade na cidade — observa o vice-cônsul, que disse não ter sido informado sobre a recente visita de uma missão empresarial da Itália ao Alto Solimões — Fiquei sabendo agora, por vocês [repórteres da Comunità]. Em nossas reuniões, convidamos empresários, pessoas de opinião, para divulgarmos que estamos funcionando e, mesmo assim, ficamos sem saber o que está acontecendo entre o Amazonas e a Itália. PONTE MANAUS-ITÁLIA As eleições italianas também estão sendo acompanhadas por Arnaldo Russo. Ele frisa que os ítalo-brasileiros do Amazonas cadastrados no Consulado em Recife receberão todo o material necessário e votarão por meio do vice-consulado, em Manaus. Fortalecer o vice-consulado como centro de negócios e de cultura bilaterais é outra importante meta de Russo este ano. — Estamos pleiteando implantar a Câmara de Comércio Brasil-Itália e o Istituto Italiano di Cultura no Amazonas. Ambos deverão ser finalizados ainda no primeiro semestre desse ano. Assim, as missões vindas da Itália para o Amazonas tomarão conhecimento de que no estado existe um consulado, com trabalhos. Estamos COMUNITÀ ITALIANA Reprodução ééEspecial Amazôniaéé Especial Pioneirismo: casal Domenico e Angela Maria Conte 13 ééEspecial Amazôniaéé Especial ééEspecial Amazôniaéé Invasão italiana Empresários da Bota chegam ao Amazonas dispostos a incrementar economia e turismo do Alto Solimões e adjacências de Manaus M anaus (AM) — Os italianos estão invadindo a floresta amazônica. Mas por uma causa justíssima: ajudar a revigorar a economia das regiões mais remotas do estado do Amazonas. Várias empresas já firmaram acordos para implantação de projetos no Alto Solimões e nas cidades próximas à Manaus. As áreas moveleira, fitocosmética e fitoterápica, agroindústria, especialmente a industrialização da fécula de mandioca, pescado e piscicultura. São o foco dos investimentos. A articulação, que aproximou italianos do estado do Amazonas, foi iniciada em 2003, na Casa Civil, em Brasília, pelo subchefe de Assuntos Federativos da Presidência da República, Vicente Trevas, e o assessor especial da Presidência, Sérgio Alvarez. Os dois sobreviveram à avalanche política no Planalto. Ambos coordenam todos os acordos de cooperação bilateral do Brasil e têm boas relações com a Itália. Mas como o processo burocrático é lento e poderia esfriar o interesse dos italianos, o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu poderes ao seu fiel escudeiro, o secretário da Presidência, Gilberto Carvalho, para assinar, em junho de 2004, um acordo bilateral com a Itália. Naquela ocasião, uma delegação italiana esteve no Brasil para um seminário de três dias. Ficou 14 Luciana Bezerra dos Santos e André Felipe Lima acordado que um milhão de euros seria destinado ao programa, sendo que metade da verba ficaria com o Governo federal e a outra seria aplicada nos estados escolhidos para os projetos em um período de três anos. O Amazonas foi um dos contemplados. — Um investimento de 500 mil euros é um grão, que só comporta o pagamento das passagens dos italianos, as diárias e a elaboração das propostas. A idéia é de que o projeto seja concluído no final de 2006. A meta dos italianos é lançar uma semente e colher daqui a dois anos. Eles querem investimento a longo prazo — reconhece o economista Vicente Schettini, 44 anos, diretor do departamento de micro e pequenas empresas da Secretaria de estado de Planejamento e Desenvolvimento Econômico do Amazonas (Seplan), um dos mais envolvidos com o projeto e quem mais vem articulando estudos de viabilidade econômica na Amazônia com os italianos. O programa de cooperação Brasil-Itália foi instituído com a finalidade de criar políticas para o desenvolvimento local integrado entre os governos federal e estaduais e as regiões italianas de Marche, Toscana, Úmbria e Emília Romagna. No Brasil, o programa já iniciou o fomento de pólos de produção calcados em políticas públicas integradas e na estruturação das cadeias sócio-produtivas nas regiões do entorno de Manaus e do Alto Solimões. Outras regiões do País que também receberam a atenção dos italianos foram a Serra das Confusões, no Piauí; o entorno de Juiz de Fora, em Minas Gerais; o eixo Araraquara / São Carlos, em São Paulo, e o eixo Pelotas / Bagé, no Rio Grande do Sul. Para um projeto bilateral tão loquaz, dinheiro (e muito!) é indispensável. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) orçou verba milionária para o avanço do programa de apoio às micro e pequenas empresas brasileiras (MPE´s), do qual os projetos com os italianos fazem parte. A rede de centros tecnológicos e apoio às MPE´s do Governo federal precisará obter junto ao mercado 17,5 milhões euros, sendo 8 milhões da União Européia (EU) e 9,5 milhões do Brasil. A previsão de conclusão é em 30 de junho de 2008. Posteriormente, a parte mais ousada do programa, que é a internacionalização das MPE´s, irá consumir 44 milhões de euros, divididos igualmente entre UE e Brasil. Ambos recursos estão concentrados na Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e no Sebrae. Os municípios amazonenses atendidos pelo programa bilateral com a Itália são Manaus, Manacapuru, Rio Preto da Eva, Presidente Figueiredo, Itacoatiara, Atalaia do Norte, Benjamin Constant e Tabatinga, os três últimos da região do Alto Solimões. A implantação dos Arranjos Produtivos Locais (APL´s) vai durar três anos e o desafio inicial é capacitar dirigentes, técnicos de governos e populações locais para desenvolverem e manterem os projetos. Por enquanto, diagnósticos que apontam com exatidão os potenciais das regiões já estão concluídos e alguns projetospilotos, em andamento. — O nosso padrinho italiano é a Umbria. Essa região tem forte interesse nesse programa de cooperação no Amazonas. Como é o caso da Toscana pelo Piauí. O Amazonas tem uma relação, embora criada agora, mais próxima com italianos do que com os demais estados, claro que não é uma relação cultural, como as que São Paulo, Rio e Sul do País têm com a Itália — assinala Schettini, que é filho de italiano. Embora a verba inicial ainda seja pequena, comparada à ousadia dos programas, Schettini não mostra desânimo. Reconhece ser impossível seduzir uma “fábrica da Ferrari” para a Zona Franca, mas potencializar o que já há nas regiões mais remotas do Amazonas é, para os italianos, um saudável desafio empreendedor. O turismo e a estruturação de uma política ambiental baseada no Protocolo de Kyoto também estão na lista de prioridades da missão italiana. — Escolhemos essas áreas [do Alto Solimões], consultando cada local que receberá os projetos — enfatiza Schettini. Bons resultados industriais da Zona Franca de Manaus, que faturou US$ 18 bilhões em 2005, e iniciativas como o Centro de Biotecnologia no Amazonas chamam a atenção de investidores internacionais, como os italianos, mas a falta de mão-de-obra qualificada ainda preocupa os estrangeiros, como foi o caso de Giovanni Monatnari, da Lega Nazionale delle Cooperative e Mutue (Legacoop), um conjunto de cooperativas que agrega sete milhões de associados na Itália. A liga - pondera Schettini - aportou em Manaus com o interesse inicial de comprar produtos manufaturados, mas se depararou com a necessidade urgente de capacitação de todos os elos da cadeia produtiva. PRIMEIROS INVESTIMENTOS Futuras gerações: quem mais lucrará COMUNITÀ ITALIANA / JANEIRO 2006 Os italianos e os amazonenses arregaçaram as mangas. Já está em funcionamento na cidade de Benjamin Constant uma unidade de energia solar da italiana Premel. O gerador atende uma pequena comunidade e através de um poço, também filtra e distribui água potável para a população. O objetivo deste projeto-piloto é abrir caminho para que a Premel monte uma planta industrial na Zona Franca. O mel amazonense também atraiu os italianos. — A Legacoop sugeriu que participássemos da feira de Bolonha, na Itália. A idéia deles é de que o estado do Amazonas seja representado pelo mel, mas com as condições adequadas para chegar lá. E a última área seria a de madeira-móveis, que está sendo desenvolvida para a criação JANEIRO 2006 / Arquivo Comunità Fotos: Seplan AM MÃOS À OBRA ‘A Legacoop sugeriu que participássemos da feira de Bolonha, na Itália. A idéia deles é de que o estado do Amazonas seja representado pelo mel’ VICENTE SCHETTINI, DA SEPLAN-AM de um centro de serviços na cidade de Manaus e isso se acopla a outra idéia do Governo do estado, que é a implantação do parque industrial para este setor — antecipa Schettini. A análise que vem sendo feita para a área de madeira-móveis já deu sinais de que o futuro reserva sucesso. No dia 15 de janeiro, uma equipe de técnicos italianos esteve em Manaus e foi diretamente para o Alto Solimões para conhecer mais detalhadamente o potencial da região neste segmento. Na planta do projeto, consta que o valor estimado para criação do futuro centro técnico é de US$ 1,7 milhões, com recursos do BID/ Sebrae e da Região de Marche. A previsão é de que as operações comecem em setembro. Dali, a expertise dos italianos vai se desdobrar na capacitação de gestão de serviços, em inovação tecnológica, assistência técnica, formação profissional, certificação e apoio à comercialização, principalmente para o exterior. VOCAÇÃO TURÍSTICA A importação tecnológica e a expertise dos italianos vão transformar as cadeias produtivas do Alto Solimões e adjacências de Manaus em concorridos pólos de atração turística. Diretores da Amazonastur, Jordan Gouveia e Edmilson Leão informaram que os italianos solicitaram, inclusive, um roteiro turístico para ser divulgado na Itália. COMUNITÀ ITALIANA — Para isso, pleiteamos uma verba de R$ 400 mil ao Ministério da Integração para facilitar a confecção desse roteiro — assinala Gouveia. O recurso seria liberado até fevereiro. Essa missão de negócios não é a primeira investida italianos no turismo local. A vocação turística do Amazonas atraiu, nos últimos 10 anos, muitos empreendimentos internacionais, como o resort de selva Mercure, no município de Novo Airão, próximo à Manaus, que deverá ser inaugurado no segundo semestre. Um investimento que recebeu recursos de um grupo de empresários da Emiglia Romana vinculado a um fundo de pensão, em parceria com a operadora hoteleira Accor. — Eles não tinham todos os recursos necessários para completar o hotel e queriam captá-los no estado. Tiveram enormes dificuldades em convencer o Banco da Amazônia a conceder um empréstimo de R$ 2 milhões. É um hotel enorme de selva, são 180 apartamentos - conta Schettini, que acredita terem sido investidos no Mercure cerca de R$ 5 milhões. O DESAFIO DOS RIOS A nova missão de italianos optou, entretanto, por regiões mais distantes da capital do estado, como Tabatinga e Benjamim Constant. São 12 dias de barco de Manaus até o Alto Solimões. Um dos fatores de segurança para investimentos em áreas tão remotas, é a presença da Igreja católica nos municípios que praticamente fazem fronteira com o Peru. Lá estão, desde 1909, a missão dos freis capuchinhos de Assis, agora sob a orientação de dom Alcimar Magalhães, bispo da diocese do Alto Solimões. Ingressar nessa região, segundo Schettini, “foi exigência dos italianos”, que desafiaram a complexa geografia, a distância e a conseqüente dificuldade de comunicação com Manaus. — Os problemas do estado do Amazonas estão, em parte, na questão geográfica. O rio é a nossa estrada, e uma viagem de Manaus à Tabatinga leva 12 dias de barco. Agora, de Tabatinga para uma outra comunidade, significa que a missão pode levar mais 12 dias viajando. Uma passagem de avião de Manaus para Tabatinga custa uma vez e meia uma de Manaus para Brasília. Para minimizar o impacto destas barreiras geográficas, estuda-se a possibilidade de criação de um programa de cidades gêmeas. Schettini cita a cidade de Letícia, na Amazônia colombiana, que recebe 30 mil visitantes por ano, enquanto a amazonense Tabatinga não explora o potencial turístico local. São turistas brasileiros e do exterior que aportam apenas em Letícia. — A integração desses corredores é essencial para o desenvolvimento do turismo na região — vaticina Schettini, um genuíno oriundi. Seu pai chegou ao Rio de Janeiro com apenas oito anos de idade. Uma parte da família foi para o Amazonas e a outra, para a Venezuela. O avô do economista veio da Basilicata e chegou antes ao Brasil para trabalhar como operador de máquinas de capacitação de água de Manaus. — Eles eram agricultores e não tinham uma perspectiva muito boa de trabalho. No caso de meu avô, ele retornou à Itália e atuou na Guerra, mas ainda pôde trabalhar, depois, no Brasil. 15 Sangue, suor e fé... na selva Frades capuchinhos de Assis preparam comemorações do centenário da missão religiosa no Amazonas Luciana Bezerra dos Santos e André Felipe Lima Luciana Bezerra dos Santos RECURSOS 16 Para manter os colégios criados pelas missões, os recursos vinham exclusivamente da Itália. Atualmente, o Governo do estado do Amazonas aluga os centros educacionais no Alto Solimões e paga os professores. Os recursos da Itália continuam chegando, mas agora são destinados aos postos médicos, maternidades e geração de energia elétrica organizados pela missão capuchinha. São verbas repassadas pela campanha “Amici per la palla”, da Associazione Insieme Fratelli Indios (Aifi). Para arrecadar fundos, Frei Fulgenzio, que chegou à Amazônia em 1965, recorda uma curiosa história. Vascaíno, no Brasil, e tifosi da Juventus de Turim, o religioso esteve no Rio de Janeiro, em 1967, para correr a sacola em clubes de futebol. Foi ao Flamengo, Botafogo e Fluminense. Não colaboraram. Estava bastante desapontado, até que recebeu um convite para um almoço... no Vasco. — No almoço, papo vai, papo vem e eu tinha uma foto, por acaso, do time de Benjamin Constant vestido com uma camisa de malha Hering e com uma faixa preta. Como tinha morrido o ex-presi- COMUNITÀ ITALIANA / JANEIRO 2006 Arquivo Comunità M anaus (AM) — Em 1909, um grupo de italianos embrenhou-se na floresta amazônica em busca de uma missão de fé. Eram os freis capuchinhos de Assis, que ao invés de manterem-se em Manaus, navegaram rio acima até chegarem ao Alto Solimões, onde consolidaram uma das missões católicas mais bem-sucedidas na América Latina. Um trabalho que fortaleceu a região da Amazônia e ajudou a abrir caminhos para iniciativas de empreendedores italianos, como as que recentemente aportaram nas cidades de Benjamin Constant e Tabatinga, na fronteira com o Peru. Uma região onde havia apenas floresta, hoje há desenvolvimento em 150 mil quilômetros quadrados, que corresponde a meia Itália. Uma evolução que não maculou as culturas das tribos e tampouco o meio ambiente. Frei Fulgenzio Monacelli, nascido em Grello, na região da Úmbria, em 1938, ex-pároco da Igreja de São Sebastião, em Manaus, por 21 anos, e uma das figuras religiosas mais carismáticas e respeitadas no Amazonas, narra um pouco dessa trajetória dos capuchinhos. História que também é a dele: — Naquela época [1909] em que chegaram, se depararam com diversas dificuldades, pela língua, cultura, clima, distância. No começo, se preocupavam mais com a questão social e empreendedora do que com a pastoral. Faltavam colégios, igrejas, hospitais... os capuchinhos fizeram tudo isso. Mas para uma construção resistir ao tempo foram necessários tijolos. E os capuchinhos construíram as primeiras olarias, que tinham a finalidade também de oferecer trabalho àquelas pessoas da região. As missões atuaram em cidades como Santo Antônio de Sá, Humaitá, Amaturá, Tabatinga, Atalaia do Norte, São Paulo de Olivença e Benjamim Constant, estas duas últimas mantêm uma população de sete mil índios ticunas. — Nossa pérola! — exclama frei Fulgenzio. Outro frei, Fidelis de Alviano, já morto, foi o responsável pelo trabalho cooperativista entre os ticunas, ensinando-os a ler e a escrever. Uma gramática ticuna foi criada por ele. Trabalho considerado por vários pesquisadores como um dos tesouros da cultura indígena. ‘Os capuchinhos construíram as primeiras olarias, que tinham a finalidade também de oferecer trabalho àquelas pessoas da região’ FREI FULGENZIO dente Castelo Branco, era luto. Foi a minha sorte. Agradeci, mesmo sem falar, na época, um bom português, mas eu tinha uma voz bonita — lembra, com bom humor, o frei, que entregou o dinheiro aos frades capuchinhos do Rio Grande do Sul, onde havia uma fábrica de sapatos. O que veio em troca foram 45 pares de chuteiras, 33 bolas e cinco uniformes completos com calção e meias para as comunidades carentes de Manaus e do Alto Solimões praticarem o esporte bretão. LUTA DE CLASSES NA SELVA A época do auge da borracha coincide com a chegada dos capuchinhos ao Amazonas. Além das agruras na selva, enfrentando doenças que, em muitos casos, mataram alguns religiosos, os capuchinhos tiveram como obstáculo a maçonaria. — Os capuchinhos, na época da borracha, foram ameaçados de morte porque a maçonaria era bem implantada e o padre era um obstáculo, uma pedrinha no sapato. Hoje, em relação aos madeireiros, não há isso porque a igreja já abriu [sic] um pouco. Há uma história de uma cidade [Remate de Males] da região do Atalaia onde um padre foi ameaçado de morte. Ele conseguiu fugir, mas antes disso amaldiçoou a cidade e, por isso, ela não existe mais. Mas isso é uma lenda do início do século XX — desconversa o frei. Lidar com o risco de morte iminente era comum. O frei recorda a trágica ironia do destino com um padre que morreu afogado em Benjamin Constant: — Era festa para a chegada do nosso superior da Itália. Nosso padre estava filmando com aquelas máquinas antigas e pesadas nas costas e em pé, na proa de um barco. Quando foi tocado, perdeu o equilíbrio e caiu. A água era turva e ele se afogou, todos esperavam que ele boiasse, mas não aconteceu. Naquela época todos os missionários eram italianos, havia apenas alguns bra- JANEIRO 2006 / sileiros vindos da província de São Paulo, que também tinham sangue italiano. Frei Fulgenzio esteve em 2004 na Itália e lá ficou por sete meses para fazer duas operações melindrosas para tratar um câncer. Seu irmão mais novo, Frei Mario, um de seus cinco irmãos, assumiu o posto na Igreja de São Sebastião. Sobre as comemorações do centenário dos capuchinhos na Amazônia, ele é comedido: a finalidade, diz, “não é triunfalista”. De 1909 para cá, o número de italianos missionários vem diminuindo sensivelmente. Frei Fulgenzio atribui a queda das vocações religiosas ao número cada vez mais reduzido de filhos dos casais na Itália. — Hoje os capuchinhos vêm mais como intercâmbio, passam seis meses e depois voltam. No Brasil já há muitos missionários. Fotos: Reprodução ééEspecial Amazôniaéé Especial 1909 — Vindos da província da Úmbria, chegaram os primeiros quatro missionários. Na foto, à esquerda, Frei Agalangelo e Frei Martino; abaixo, Frei Domenico e Frei Ermegildo. 1911 — Os frades iniciam as obras pastorais como igrejas e escolas, mas começam a sofrer as intempéries da selva e alguns morrem com febre e esgotamento. 1922 — Benjamin Constant é definida como “estação missionária”. PREPARANDO A FESTA O frei italiano Valerio Di Carlo, de 73 anos, é outro incansável religioso para que as comemorações do centenário sejam inesquecíveis. Embora confesse ir pouco ao Alto Solimões, o frei arriscou-se no mundo do humor para ajudar a região. Veia artística não lhe falta. Conhecedor de muitas piadas, só poderia mesmo escrever um livro, “Fra Valerio... poco serio” (da italiana Editrice Tau) — já na quinta edição. A versão em português está sendo negociada com uma editora do Rio de Janeiro. Até o papa já recebeu um exemplar da bem-humorada obra solidária. — Fui ao Rio recentemente para divulgar o livro. Fui apresentado a Jô Soares, mas ele ainda não me chamou [para entrevista no programa de TV]. Em fevereiro volto à Itália. O livro não é pouco para este relações-públicas da missão capuchinha. Uma partida de futebol com os 29 jogadores brasileiros que atuam na Itália e as seleções italiana ou brasileira está sendo organizada por frei Valério. Ele pedirá, porém, ao governador do Amazonas, Eduardo Braga, que interceda junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para apenas encaminhar uma carta à Itália apoiando o evento. — Quando falei, por e-mail, ele [presidente Lula] não entendeu a minha solicitação. Ele disse ‘não ter nada a ver com a seleção’ e que, ‘portanto não poderia me ajudar’. Acho que o Lula não entendeu o que eu quis dizer. Queria apenas um apoio moral, nada mais. Inclusive mencionei que enviava dinheiro para ajudar comunidades pobres no Brasil, mas, mesmo assim, ele não entendeu — lamenta o frei. A partida será em 2009, no estádio Olímpico, em Roma. As dificuldades atuais para arrecadar fundos ou apenas um apoio formal de um chefe de estado não são novidade para os capuchinhos. Encaram tudo como um desafio que será cumprido à risca. Esse destemor levou um deles, frei Miguel Arcangelo, que trabalhou há mais de 40 anos no Amazonas, a entrar na fila para o processo de santidade no Vaticano. Morto há quatro anos, ele e seus companheiros deixaram pérolas arquitetônicas em Manaus, como a Igreja de São Sebastião. Mas o que vale mesmo é a mensagem de perseverança dos religiosos por respeito às culturas da floresta amazônica existentes há bem mais tempo na região que a centenária missão dos capuchinos. COMUNITÀ ITALIANA 1927 — Chegada das Irmãs Terceiras Franciscanas Capuchinhas em São Paulo de Olivença (na foto acima). 1928 — Remate de Males, uma das cidades mais importantes do Alto Solimões, desaparece sob a cheia do rio (foto à esquerda). 1938 — Benjamin Constant é elevada à categoria de “cidade” em 31 de março de 1938. 1952 — A missão dos Capuchinhos no Amazonas torna-se “custódia” em 6 de maio. 1960 — Realizado, em maio, o congresso eucarístico cujas finalidades são implantar a igreja local e a Ordem dos Frades Capuchinhos no Amazonas. 1992 — Elevação da “prelazia” à Diocese do Alto Solimões. dom Alcimar Caldas Magalhães (foto abaixo) substituiu dom Adalberto Marzi. Mudança de sede de São Paulo de Olivença para Tabatinga. 2002 — Frades capuchinhos iniciam organização para as comemorações dos 100 anos da missão religiosa no Amazonas. 17 Notizie SCANDALO NELL’ UNIPOL FUOCO AMICO PIZZA ACROBATICA N ella prima quindicina di questo mese è stato realizzato il concorso di Pizza Acrobatica presso la Casa d’Italia a Rio de Janeiro. Circa 10 persone si sono presentate al suono di canzoni brasiliane. I primi tre collocati sono stati scelti dalla commissione esaminatrice che aveva tra i suoi giurati i campioni mondiali Paolo Coppola, Giorgio Riggio e Giovanni Dascola. I vincitori José Miguel da Silva, Manoel Vieira e Francisco de Assis Roque, arrivati rispettivamente al primo, secondo e terzo posto, comporranno il gruppo che, per la prima volta, parteciperà al campionato mondiale di pizza acrobatica in Italia. Il concorso, che è stata la realizzazione del sogno di Mario Tacconi, conosciuto come il pizzaiolo di Faustão, ha avuto il coordinamento del Consolato Italiano e del Coni Brasil (Comitato Olimpico Nazionale Italiano). Durante una settimana, circa 18 persone sono state allenate, ma soltanto 10 hanno voluto partecipare al concorso. — Questo è appena l’inizio, spero di non fermarci qui. Il Brasile è uno dei pochi paesi che non partecipano ai campionati mondiali — ha detto Tacconi. Il direttore del CONI Brasile, Alfredo Apicella, è d’accordo col pizzaiolo. — Quest’evento è importantissimo perché sta dando opportunità ai pizzaioli brasiliani di partecipare al campionato in Italia — ha detto. (N.G.) NONNA FA UNA RAMANZINA AL PREMIER I l 6 gennaio, a Roma, un giudice di pace ha intimato il premier Silvio Berlusconi a chiarire perché non ha pagato correttamente la pensione ad una signora italiana di 78 anni. Berlusconi voleva pagare al di sotto dei 500 euro, il minimo che lui stesso aveva promesso nella campagna politica ai pensionati. La ramanzina della vecchietta italiana è stata stimolata dal partito Italia dei Valori, il cui leader è il giudice dell’operazione Mani Pulite, Antonio di Pietro, che si presenterà alle elezioni del 9 aprile nella ‘Lista dei Consumatori’, una specie di Procon in Italia. Berlusconi sarà sentito dal giudice il 28 febbraio, insieme al ministro del lavoro, Roberto Maroni. COMUNITÀ ITALIANA / JANEIRO 2006 l governo del primo ministro italiano, Silvio Berlusconi, è minacciato dagli stessi gruppi che lo hanno aiutato a conquistare il potere. Il principale fuoco amico parte dalla Confindustria, oggi diretta da Luca di Montezemolo, che denuncia ciò che classifica come incapacità della classe politica, specialmente quella governativa, di rinvigorire il paese sia politicamente, sia economicamente. In un articolo pubblicato sul quotidiano Il Sole 24 ore, il leader imprenditoriale italiano critica duramente Berlusconi, la cui situazione nei sondaggi di opinione è in caduta libera a soli quattro mesi dalle elezioni generali. Montezemolo difende una nuova Costituzione che ridefinisca regole per le istituzioni e l’economia del paese. Ma avverte che prima bisogna eleggere dirigenti “onesti e competenti”, il che non sarebbe il caso attuale nell’Italia di Berlusconi. Ignorando gli avvertimenti dell’opposizione del centrosinistra, gli imprenditori consideravano Berlusconi l’uomo “provvidenziale” che avrebbe iniziato un processo di modernizzazione del paese. Oggigiorno Montezemolo non perdona Berlusconi per la “crescita nulla del 2005, CAMBIO ALLA BANCA D’ITALIA I / I l presidente del gruppo di assicurazioni italiano Unipol, Giovanni Consorte, indagato dalla Giustizia per uno scandalo di offerta pubblica di acquisto bancaria (OPA), ha rinunciato all’incarico. Consorte e il vicepresidente dell’Unipol, Ivano Sachetti, hanno lasciato formalmente l’incarico al Consiglio di Amministrazione del gruppo il 9 gennaio. La dimissione di Consorte, che è legato ai dirigenti dei Democratici di Sinistra (DS), il maggiore in termini di opposizione, non ha causato sorprese in Italia. Hanno ambedue lanciato un’OPA alla Banca Nazionale del Lavoro (BNL) per compensare un’altra della spagnola BBVA. La stampa locale ha informato che la giustizia sospetta che Consorte si sia fatto pagare illegalmente 50 milioni di euro, il che è stato smentito dallo stesso. La giustizia di Milano, che indaga un’altra OPA lanciata dalla Banca Popolare Italiana (BPI) sul Banco Antonveneto, e in cui Consorte ha aiutato l’ex presidente della BPI, arrestato nel dicembre scorso per innumerevoli irregolarità commesse, sospetta che Consorte abbia ricevuto questi pagamenti per manipolazioni finanziarie “dubbiose”. 4 MILIONI DI EURO PER L’ALLINEAMENTO l Consiglio dei Ministri italiano ha approvato la nomina dell’ex direttore generale del tesoro Mario Draghi come presidente della Banca d’Italia, sostituendo Antonio Fazio, che ha rinunciato dovuto alle indagini della giustizia. Draghi, che si deve insediare il 1º febbraio, è economista, ha 58 anni e conosce bene la struttura della Banca d’Italia, ove è stato assessore economico negli anni ’90, quando Ciampi occupava l’incarico di presidente. Draghi è stato vicepresidente della banca di investimenti Goldman Sachs dal 2002. Nel suo futuro, l’arduo compito di ridare alla Banca d’Italia la credibilità perduta, che ha cominciato a crollare con i crack delle aziende Parmalat e Cirio, ed è caduta ancor di più dopo le discutibili azioni di Fazio nelle Offerte Pubbliche di Acquisto lanciate alla BNL e all’Antonveneto. Durante la sua carriera professionista, ha occupato un incarico al Consiglio di Amministrazione della Banca Mondiale, è stato capo del Comitato Economico e Finanziario dell’Unione Europea, ed è stato a capo della direzione generale del Tesoro in Italia, dove è conosciuto come il promotore di grandi privatizzazioni e dovuto al fatto di essere autore della legge sulle Offerte Pubbliche di Acquisto, che porta il suo nome. JANEIRO 2006 la perdita di competitività del paese, il difficile controllo dei conti pubblici e gli scandali finanziari”. Inoltre, Berlusconi è rimasto segnato da forti dispute con il potere giudiziario. L’opposizione lo accusa di aver usato il suo controllo sul Parlamento per approvare leggi che sbarrano il normale andamento dei processi giudiziari. Il potere esecutivo italiano viene responsabilizzato per aver portato il paese alla perdita di gran parte della sua credibilità esterna – anche nell’Unione Europea, dove Berlusconi non conta sulla simpatia della maggior parte dei suoi colleghi. L’esempio più recente di mancanza di prestigio è quello della dimissione del presidente della Banca d’Italia, Antonio Fazio, dovuto alle pressione della UE. Fazio è sotto processo per abuso di potere. Nel suo articolo, Montezemolo ricorda che capacità di governare non significa rimanere molto tempo al potere: “Significa, soprattutto, prendere decisioni che soddisfino le aspirazioni e interessi della maggioranza della popolazione e non soltanto i desideri individuali”, ha concluso riferendosi implicitamente al premier italiano. D opo la nota del Ministro per gli Italiani all’Estero, Mirko Tremaglia, sulla decisione adottata dal presidente della Camera, Pier Ferdinando Casini di dichiarare inammissibile l’emendamento a favore delle elezioni degli italiani all’estero, sono state ricevute “ampie assicurazioni affinché il Governo si impegni a riproporre il provvedimento entro la fine dell’anno”. Il provvedimento era stato inserito nel maxiemendamento e prevedeva l’autorizzazione per l’anno 2006 di un impegno di spesa di 4 milioni di euro, utile all’aggiornamento definitivo degli schedari dell’Aire, l’Anagrafe italiana dei residenti all’estero. COMUNITÀ ITALIANA Reprodução João Carnavos I 19 Saúde Saúde Reprodução SONO E BEBEDEIRA E studo realizado pela Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, aponta que a capacidade de raciocínio pode ser melhor depois de uma noite em claro ou de uma bebedeira do que após uma boa noite de sono. Segundo os pesquisadores, a capacidade mental dos pacientes é pior nos primeiros minutos depois de acordar. Essa conclusão, publicada na revista especializada Journal of the American Medical Association, em janeiro, tem implicações diretas para pessoas que trabalham em turnos noturnos e para aqueles que, como médicos, têm que realizar tarefas importantes pouco depois de acordar. Os participantes do estudo passaram seis noites dormindo oito horas e ao acordarem participavam de um teste que media a capacidade deles com somas de números. 20 mulheres em relação ao comportamento masculino diante da gravidez indesejada. Entre os homens, 66% ficaram satisfeitos com a gravidez, mesmo sendo inesperada, 83,3% acompanharam a gestação e 76,9% registram formalmente os filhos. A gestação não mudou o tipo de relacionamento com o parceiro para 58% das mulheres entrevistadas. Entre os casados (18% dos homens), 94,1% mantiveram o matrimônio e dos casais amasiados, que não possuem vínculo formal (47% dos homens), 83,3% permaneceram juntos. vínculo existente entre os parceiros antes de uma gravidez indesejada determina o comportamento dos homens diante da gestação e do filho. De acordo com um estudo realizado na Escola de Enfermagem da USP, com famílias de baixa renda, os homens casados, que vivem juntos ou apenas namoram a parceira, são os que mais assumem os filhos, apesar da gestação inesperada. A pesquisa foi realizada com 100 mulheres moradoras em uma comunidade de São Paulo. O estudo verificou também a experiência das Calos Jardim: diagnóstico rápido com exame do reto total, 13 mil são estimados só no estado de São Paulo, segundo o Instituto Nacional de Câncer. E a mortalidade, infelizmente, não pára de crescer no estado: passou de 10,6% dos casos em 2000 para 11,7%, em 2002. Dezessete de novembro é o dia nacional da próstata. O slogan da campanha este ano é “Você deve tocar neste assunto”. (L.B.S.) FRUTAS E CALOR I FRUTAS E CALOR II E lgumas frutas têm muito líquido e são capazes de reidratar o corpo no verão, como a melancia e o melão. Uma das grandes vantagens das frutas é, contudo, a riqueza de fibras. Quem come pelo menos duas porções de fruta por dia terá muito mais chance de evitar uma constipação. E o verão contribui, oferecendo nesta época do ano mangas, ameixas, abacaxis, nectarinas, figos e goiabas, ricas em fibras. Pêssegos, por exemplo, têm uma discreta ação laxante. Já as maçãs e goiabas podem ajudar a reduzir níveis de colesterol e o risco de doenças cardiovasculares. m nenhuma outra estação do ano, os irresistíveis sabores e cheiros das nossas frutas são tão marcantes como no verão. Para quem se queixa do calor, as frutas são recursos refrescantes, batidas com muito gelo e água e servidas como suco. Para aqueles que gostam das estações quentes, as frutas só acrescentam prazer aos dias de verão. São grandes fontes de vitaminas, sais minerais e substâncias ativas com ação antioxidante e ajudam a prevenir algumas doenças, além de controlar os níveis de gordura no sangue e facilitar todo o sistema digestivo. O A DOAÇÃO DE OSSOS P oucas pessoas sabem, mas ossos também podem ser transplantados. A falta de informação faz com que o Instituto Nacional de Traumato-Ortopedia (Into), no Rio, realize bem menos transplantes do que sua capacidade: quase mil por mês. Para esclarecer a população sobre a importância da doação de tecidos músculo-esqueléticos, o Ministério da Saúde promove, neste mês, uma campanha de doação de ossos. Foram desenvolvidas diversas atividades educativas, artísticas e desportivas, na Avenida Atlântica, localizada na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. Mais informações pelos telefones (21) 2587-6444. COMUNITÀ ITALIANA / JANEIRO 2006 Reprodução — Encontrado, com raras ocasiões, câncer de próstata em homens entre 40 e 50 anos, o que é raríssimo de acontecer. Nesses casos, a doença é mais agressiva. Por isso, a importância de um diagnóstico precoce para tentar salvá-lo de uma evolução ruim. O diagnóstico precoce é dado através de check-up, que é o exame local da próstata. O grande problema desse exame é que só pode ser acessado através do reto e aí vem o preconceito do homem, em relação ao exame — destaca o médico. — É muito fácil diagnosticar com o toque — completa. O urologista recomenda que, após os 45 anos, todo o homem deve fazer o toque retal e o exame de PSA (Prostate Specific Antigen — Antígeno Prostático Específico), repetindo-os a cada ano. — As seguradoras estão exigindo isso dos homens. Aqueles que tenham parentes próximos com câncer de próstata podem começar a fazer o exame aos 40 anos. Caso o paciente tenha a doença abaixo dos 70 anos de idade, com a cirurgia a cura é de 80% dos casos. Acima dos 70 anos, não vale a pena tratar com cirurgia, porque o paciente pode ficar impotente. Nesse caso, são 60% dos casos. Mais de 46 mil novos casos de câncer de próstata devem surgir no Brasil este ano. Desse Reprodução O câncer de próstata é um dos que mais afetam o homem. Só é superado pelo câncer digestivo. A doença prostática maligna é hoje responsável por uma incidência muito alta no homem, só que na maioria das vezes é uma doença com uma evolução letal, que acontece na maioria das vezes em idosos acima de 80 anos. — Como é uma doença de evolução muito lenta, as pessoas não morrem dela, mas com outras causas, como as vasculares, por exemplo. Hoje 80% dos pacientes com câncer de próstata têm uma história natural muito longa, até a doença evoluir para a metástase. Mas isso vai depender de um paciente para outro — explica o urologista Carlos Jardim. Há, contudo, pacientes que vivem até 15 anos. Quando se faz um diagnostico precoce, ressalta Jardim, se detecta um câncer dentro da próstata, chamado de localizado. O paciente tem grandes chances de cura. O percentual, nesse caso, gira em torno de 90%, dependendo do estádio e do tipo do tumor. Existem tumores mais agressivos outros, nem tanto. Em homens mais jovens, com 50 anos, a tendência é de que o câncer seja avassalador. GRAVIDEZ INDESEJADA Arquivo Comunità Câncer de próstata, um toque importante SaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSalute É VERÃO, CUIDADO! M uitas pessoas adoram ficar estiradas na areia se expondo excessivamente ao sol. Além do perigo de desenvolver um câncer de pele, há outro problema: a insolação. Ela pode provocar falta de ar, dor de cabeça, náuseas e tontura, temperatura do corpo elevada, pele quente, avermelhada e seca, extremidades arroxeadas e até mesmo a inconsciência. Se esses sintomas forem percebidos, é aconselhável que a pessoa procure a sombra, além de se hidratar de forma adequada. Em casos graves de queimaduras e de aumento da temperatura corporal, e necessário procurar o atendimento médico. Lembre-se: use protetor solar, beba cerca de dois a três litros de água por dia e evite tomar sol entre 10h e 16h. Reprodução SaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSalute FUMANDO MENOS... ... MAS NEM TANTO P O esquisa realizada pelo Istituto Nazionali di Statistica (Istat) constatou uma acentuada redução no consumo de cigarro na Itália. No período de dezembro de 2004 a março do ano passado, havia 11 milhões e 221 mil viciados em tabaco, ou seja, 22,3% da população acima dos 14 anos. Em 25 anos, houve uma redução de praticamente 12%. Um total de 28,5% dos homens e 16,6% das mulheres ainda mantém o fumo, sendo que o percentual mais alto de fumantes está localizado na Itália central (24,3%) e a mais baixa (20.9%), ao Sul. Conforme a pesquisa, o percentual de fumantes é maior entre as pessoas com menos instrução. estudo do Istat sobre fumo na Itália também registrou um incremento da desigualdade social em relação ao consumo do fumo. Existe mais propensão para começar a fumar entre os indivíduos de condições sócio-econômicas menos favoráveis. Mais da metade dos fumantes italianos tem o vício há mais de 20 anos. Começam a fumar na adolescência e juventude (44,8% iniciaram entre 14 e 17 anos). Quase 90% fumam cigarros e a média fica entre 14,8 cigarros/dia. Quanto mais velho o italiano, mais ele fuma. Entre 30 e 59 anos, o percentual daqueles que fumam mais de 20 cigarros por dia é maior do que entre os adolescente. COMBATE AO ROTAVÍRUS O New England Journal of Medicine publicou duas pesquisas que afirmam que os testes com duas vacinas contra o rotavírus foram bem-sucedidos. Atualmente, meio milhão de crianças, na faixa de dois a três anos, morre devido a essa doença. As vacinas denominadas Rotateq e Rotarix, que foram testadas em 130 mil crianças, apre- sentaram eficácia de 85 a 98% dos casos, respectivamente, sem efeitos colaterais consideráveis. Cerca de 33% das internações hospitalares por diarréia em todo o mundo são causados pelo rotavírus, que também provoca vômitos, febre alta, dores abdominais, além de gastroenterite desidratante, que pode ser mortal. Notizie FREDDO CHE UCCIDE NUOVA SEDE A 75 ANNI GESÙ È ESISTITO? G esù Cristo è esistito veramente? Se no, la Chiesa Cattolica starebbe violando la legge quando insegna che è vissuto 2mila anni fa? Queste domande le sta facendo un religioso che, tra l’altro, è ricorso alla giustizia. Il caso sta mettendo uno di fronte all’altro due sacerdoti che hanno studiato nello stesso seminario: Luigi Calcioli, che è divenuto ateo dopo anni di studio, e Enrico Righi, un sacerdote che scrive su un giornale parigino e che sarà la difesa del caso. Il primo difende che l’idea dell’esistenza di Gesù è in relazione all’oscurantismo e alla regressione della Chiesa Cattolica. Secondo lui, l’istituzione non starebbe ubbidendo a due leggi italiane, sull’abuso delle credenze popolari e personificazione. Il religioso sostiene che la figura di Gesù Cristo è stata costruita sulla base della personalità di Giovanni di Gamala. Questi era un giudeo che ha lottato contro l’esercito romano nel I secolo. In controparte, Righi dice che l’esistenza di Gesù è provata storicamente, attraverso testi e documenti. Ma si dice tranquillo perché garantisce che la giustizia è dalla sua parte. I due sacerdoti, secondo l’agenzia Reuters, saranno ascoltati a partire dal 27 gennaio. ITALIA NUCLEARE VOLO RECORD L U ’ Italia deve riconsiderare le sue fonti di energia con l’obiettivo a lungo termine di sfruttare di più l’energia nucleare dopo che la disputa della Russia con l’Ucraina ha compromesso le importazioni di gas da parte dell’Italia, ha detto il Ministero dell’Industria italiano. “Dobbiamo avere coraggio e lavorare affinché l’Italia divenga meno dipendente dagli altri paesi in energia”, informa il Ministero in comunicato ufficiale. Michele Bartoloni l freddo che ha cominciato ad attingere l’Italia del nord all’inizio di quest’anno sta uccidendo varie persone. Fino alla chiusura di quest’edizione, già sette persone erano morte a causa del freddo, vittime di ipotermia. I morti erano indigenti, che non disponevano di fissa dimora. L’ultima vittima era un iraniano di 48 anni trovato senza vita il 3, vicino a Perugia (Italia centrale), secondo la stampa italiana. Oltre alle morti, le nevicate hanno tumultuato le città e chiuso le autostrade nelle regioni del centro-nord italiano, mentre al sud le piogge e i forti venti hanno completato il panorama critico di quest’inverno. A Milano, il Comune ha reso disponibile circa 300 macchine per sparpagliare sale ed evitare che la neve congeli. n italiano che, pochi giorni fa, si è trasformato nel primo uomo a volare sulla maggior Cordigliera andina, sull’Aconcagua, il 6 gennaio ha superato il suo stesso record di volo in altezza con deltaplano, quando ha raggiunto i 9.100 metri. Secondo l’Ansa, Angelo D’Arrigo, battezzato “Condor dell’Aconcagua”, ha superato di 100 metri il segno di 9000 metri stabilito in un volo sull’Everest nel 2004. ’ex partigiano Urbano Lazzaro, che ha lottato contro l’occupazione nazista durante la Seconda Guerra Mondiale, è morto il giorno 3 c.m. in un ospedale di Vercelli, in Piemonte, Italia del nord, a 81 anni. La ripercussione della morte di Lazzaro ha un motivo particolare: era stato lui il responsabile per l’arresto, il 27 aprile 1945, del dittatore Benito Mussolini, quando fuggiva vestito da soldato tedesco e nascosto su di un camion, vicino alla frontiera con la Svizzera. “Signor Benito Mussolini, la dichiaro in arresto”, disse il partigiano, che è stato sepolto con tutti gli onori militari nel paese di Crova. Mussolini fu fucilato insieme alla sua amante, Clara Petacci. I loro corpi furono esposti in piazza pubblica a Milano. Nato a Quinto Vicentino, provincia di Vicenza, Italia del nord, impiegato pubblico della Guardia di Finanza, Lazzaro fu arrestato dalle truppe naziste tedesche l’8 settembre 1943, ma riuscì a fuggire prima di essere deportato nei campi di concentrazione. Il guerrigliero ha raccontato la storia della cattura dell’ex dittatore fascista in un libro, scritto a quattro mani con Pier Bellini delle Stelle, conosciuto come “Pedro”, il comandante della brigata nella quale militava. “Là c’è il caprun”, che in dialetto piemontese significa “testone”, avrebbe detto ad un compagno. Allora Lazzaro è salito sul camion, ha gridato tre volte senza risultato, il nome del dittatore in fuga. Quando si avvicinava ad un uomo in fondo al camion, Lazzaro ha dato voce di prigione. Solo allora, secondo la sua versione, il Duce ha lasciato cadere la mitragliatrice ed ha permesso che lo arrestassero. Il resto della storia è coinvolto in un mistero che nemmeno Lazzaro, conosciuto come “Bill”, è riuscito a chiarire. Dopo la fine della guerra, Lazzaro si è sposato e ha vissuto parte della sua vita a Rio de Janeiro, dove ancora oggi vivono due delle sue tre figlie. Si è dedicato a viaggiare per il mondo come impiegato di un’impresa idroelettrica italiana durante molti anni. Ritornava a Rio costantemente per visitare le figlie. Una è giudice e l’altra è direttrice dell’Osservatorio Astronomico. COMUNITÀ ITALIANA / n occasione dei suoi 75 anni di vita, il Circolo Italiano ha inaugurato la sua nuova sede a Rio de Janeiro, nell’Avenida Presidente Antonio Carlos, 54, segundo andar no Centro. Durante la cerimonia, avvenuta il 16 di gennaio, è stata anche rinnovata la direzione del Circolo stesso. Durante l’inaugurazione ha preso la parola l’attuale presidente, Vittorio Perrotta, rinominato all’aunanimità a dicembre, che ha illustrato i programmi per il prossimo triennio 2006-2009. È stato, inoltre reso noto il primo provvedimento adottato dalla direzione: la nomina a presidente emerito in onore a Mario Miceli che, per molti anni ha ricoperto la carica di presidente del Circolo per numerosi mandati. Alla festa hanno partecipato anche numerosi consiglieri del Comites (Comitato degli Italiani all’Estero). L UN PARTIGIANO E IL DUCE L I RAZZISMO I Reprodução Reprodução I JANEIRO 2006 ’attaccante Paolo Di Canio, in una intervista rilasciata ad una radio romana, ha promesso che non festeggerà più i suoi gol con saluti fascisti in direzione ai tifosi. Secondo il calciatore, questa attitudine sarà in pro alla “immagine della Lazio”, squadra in cui gioca. “Ho riflettuto durante le vacanze di Natale ed ho deciso di mettere gli interessi della squadra al di sopra dei miei. Eviterò di fare certi gesti verso il pubblico”, ha promesso Di Canio. Malgrado abbia desistito di commemorare i gol con gesti fascisti, Di Canio garantisce che non cambierà la sua filosofia e il suo modo di pensare. Durante un’intervista, il calciatore ha lasciato ben chiaro che continuerà a difendere lo stesso ideale: “è una visione differente, la libertà in modo diverso”. Dovuto alle sue commemorazioni, l’attaccante ha preso una multa di 10mila euro ed è stato sospeso per una partita a dicembre. La tifoseria della Lazio è conosciuta in Europa come una delle più preconcette e con un forte legame col nazifascismo, ma il club cerca di cambiare questa immagine e sta divenendo solidale con la Lega italiana nella lotta contro il preconcetto negli stati del paese. Ernane D. Assumpção Notizie SENZA IMPUNITÀ... L ’italiano Mimmo Scopsi, 41 anni, della provincia di La Spezia, è stato arrestato il 7 scorso nella spiaggia di Cumbuco, a Caucaia, nel Ceará. Condannato nel 1994 dalla giustizia italiana a 10 anni e cinque mesi di reclusione per truffa, appropriazione indebita, ricettazione di merce rubata e falsificazione di documenti, Scopsi viveva in situazione legale in Brasile da quattro anni, con residenza fissa a Rio de Janeiro e nelle spiagge di Jericoacoara e Canoa Quebrada, ambedue nel Ceará. Mentre l’Interpol gli dava la caccia in modo instancabile, l’italiano aveva già sollecitato il visto permanente in Brasile e faceva piani per aprire un ristorante alla spiaggia di Cumbuco. Il truffatore aspetta l’estradizione verso l’Italia nelle celle della Polizia Federale a Fortaleza, nel Ceará. ...CON IMPUNITÀ I l truffatore Mario Scopsi, nel caso fosse estradato in Italia, potrà pure guadagnarci. Ciò perché nella sessione speciale del Parlamento italiano, avutasi il 27 dicembre scorso, si è discussa la possibilità di rilasciare alcuni carcerati per ridurre l’affollamento delle carceri italiane. Soltanto circa 100 parlamentari, di un totale di 630, sono comparsi alla sessione e non è stata fissata nessuna votazione. Ma la poco comune sessione, nel mezzo delle feste natalizie, ha messo in risalto un senso di urgenza sull’argomento. In accordo con i dati forniti dal Ministro della Giustizia, nelle prigioni italiane ci sono 59.125 carcerati, numero questo cresciuto negli ultimi mesi. La capacità massima delle prigioni è di circa 42.580 detenuti. Nel 2003, il parlamento italiano ha approvato una legge che permetteva che le autorità diminuissero due anni delle sentenze dei detenuti condannati per reati non violenti e che avessero già scontato perlomeno metà della loro sentenza. Ma critici dicono che la legge non è stata sufficiente. Il giorno di Natale, centinaia di persone, tra cui vari politici, hanno partecipato ad una marcia nel centro di Roma per chiedere clemenza per alcuni detenuti condannati per offese minori e non violente. La manifestazione è stata organizzata dal piccolo ma forte Partito Radicale, che sta difendendo l’idea dell’amnistia per alleviare il sovraffollamento. Il premier Silvio Berlusconi ha dichiarato, la settimana scorsa, in una conferenza di fine d’anno data alla stampa, che è a favore dell’amnistia: “Lo stato di emergenza delle prigioni è tanto che credo che un atto di clemenza sia assolutamente appropriato.” RAZZISMO II L a federazione italiana di hockey su ghiaccio ha annunciato che il giocatore Daniel Veggiato, dell’Alleghe, non potrà mai più partecipare ai giochi di nazionale per aver pronunciato insulti contro un avversario. In una partita tra Alleghe e Cortina, ambedue della serie A del campionato nazionale, Veggiato è stato espulso dovuto agli insulti lanciati varie volte contro il rivale Luca Zandonella, che è nato nelle Isole Mauricius. La commissione disciplinare della federazione farà ancora una riunione per decidere se la punizione contro Veggiato può essere ampliata anche alle sue attività nei club. “Quando un uomo di 30 anni fa una cosa del genere, mi sembra chiaro che non è una brava persona”, ha commentato Zandonella, 18 anni. JANEIRO 2006 / COMUNITÀ ITALIANA 23 Opinione Opinione Sulla nostra pigrizia Giovani contro la mafia Ezio Maranesi 24 Associati o no, amiamo il Circolo [Italiano di San Paolo], e abbiamo la chiara percezione della importanza di avere un punto di incontro per la comunità ciale suggerire interventi palliativi: a mio modesto avviso il Circolo andrebbe “reinventato”, ammesso che sia possibile. Bisognerebbe cioè definire come vorremmo che fosse tra x anni e quali potrebbero essere i mezzi e le tappe della rinascita. Naturalmente il progetto dovrebbe essere gestito da un gruppo di persone con visione, capacità impresariale e poteri per decidere. Qualcuno crede che ciò possa avvenire? I casi Varig e Circolo sono emblematici, ma sono due fra tanti. A livello Italia il problema è ben piú complesso. Difficoltà congenita a saper decidere, gioco politico, spirito polemico, narcisismo accademico, inespressi egoismi, diffusa indifferenza, individualismo che rasenta l’anarchia, superficialità, ci hanno portato a rifiutare l’energia nucleare, con gravi conseguenze per l’economia italiana, a respingere il treno ad alta velocità, a discutere da trenta anni la difesa di Venezia dalle inondazioni, a demonizzare il ponte sullo stretto, ecc. spingendoci verso il sottosviluppo. C’è sempre qualcune che sostiene che si può fare di meglio, o si può fare altro e, nel gioco democratico, riesce a bloccare tutto. Questo qualcuno può anche avere qualche ragione, ma rifiutando tutto non si realizza nulla. Il ponte sullo stretto, per esempio: può non essere indispensabile. In fondo siamo arrivati al 2006 senza ponte. C’è chi sostiene che bisognerebbe prima realizzare la Salerno-Reggio, o la Messina-Palermo; c’è chi sostiene che il ponte sarebbe “mangiato” dalla mafia, quindi non s’ha da fare. Veramente si crede, in buona fede, che questi problemi non potrebbero, volendo, essere risolti? Non ci si rende conto che, quanto meglio il Meridione sarà collegato con l’Europa, tanto piú efficace e rapido sarà il suo riscatto? Mi piacerebbe essere capace di imitare Erasmo da Rotterdam e scrivere “L’elogio alla pigrizia” invece che alla pazzia. In fondo, l’incapacità di decidere, di realizzare quanto deciso, è infatti una forma di pigrizia mentale che è conservatorismo, poca voglia di coivolgersi coi fatti e di cambiare gli scenari. Così l’individuo non cambia la propria vita, il gestore non cambia la politica d’impresa, il governo, con il decisivo contributo dell’opposizione, non riesce a realizzare gli investimenti, ecc. Ma la pigrizia conforta, è gradevole, rilassa. E ai referendum l’italiano si astiene, non per esprimere sofferte scelte politiche ma per andare al mare. Tanto peggio per chi ha bisogno delle sue decisioni. COMUNITÀ ITALIANA / JANEIRO 2006 N on si è ancora placata l’eco del doppio concerto calabrese di Capodanno, iniziato a Cosenza pochi minuti dopo la mezzanotte e proseguito la sera in quel di Locri. Il cantante Jovanotti è salito sul palco per “parlare” di pace e di giustizia, per incoraggiare le giovani leve calabresi a lottare contro i prepotenti e a impegnarsi nel riscattare una terra oltraggiata. Ai suoi piedi c’erano circa 40mila persone; al suo fianco c’era una delegazione degli ormai celebri “ragazzi di Locri” — i giovani riunitisi in comitato spontaneo —, che ha rivolto un accorato messaggio anti-mafia. Per comprendere il doppio concerto, le ragioni ad esso sottostanti e il suo significato, occorre fare un passo indietro, fino allo scorso 16 ottobre. Quel giorno, in tutta Italia, si tennero le Primarie del Centro-sinistra in vista delle elezioni del prossimo aprile; quella domenica, a Locri — la cittadina jonica posta ai piedi del massiccio dell’Aspromonte, nel sud della Calabria, che da celebre colonia magnogreca si è trasformata in roccaforte mafiosa –, nei pressi di un seggio elettorale fu ucciso a colpi di pistola il vicepresidente del Consiglio regionale, Franco Fortugno. La possibilità che si trattasse di un omicidio di stampo mafioso fu presa immediatamente in seria considerazione. Nei giorni seguenti si registrò la presenza — insolita in Calabria e, proprio per questo, sintomo della gravità della situazione — del ministro dell’Interno, del presidente della Repubblica, dei rappresentanti delle varie istituzioni. Soprattutto, però, emerse la presenza della Locri giovane, di quei ragazzi che brandivano uno sconcertante striscione bianco e urlavano lo slogan «Adesso ammazzateci tutti!» ripreso da un altro striscione. Gli stessi ragazzi mobilitarono l’intero Mezzogiorno italiano in una Marcia della Pace capace di far confluire a Locri sindaci e cittadini; gli stessi ragazzi, poco tempo dopo, si confrontarono con i duemila giovani meridionali, impegnati nella Carovana contro le mafie, che fecero tappa a Locri. Il comprensorio della Locride si trovò repentina- mente sotto ai riflettori, ma non si limitò a interpretare il solito ruolo passivo sottoposto alle leggi dell’omertà e della paura; governanti e governati — in un lodevole clima di collaborazione — si rimboccarono le maniche, invece, per creare le condizioni socio-economiche che favorissero una vera e propria rinascita. Il 3 novembre, l’Assemblea regionale approvò all’unanimità un ordine del giorno mirato ad avviare un “progetto d’urto” rivolto in primo luogo al territorio della Locride e capace di sconfiggere la ‘ndrangheta (la mafia calabrese). Otto i punti-cardine della strategia: avviare la realizzazione di nuove scuole pubbliche; approntare un piano dei trasporti per collegare tutti i comuni della Locride; istituire un Master in Management della Pubblica Amministrazione e degli Enti locali destinato a 50 giovani della Locride, laureati in Economia, Giurisprudenza, Scienze politiche; ristrutturare i centri storici; promuovere la costituzione di un’emittente televisiva satellitare e di una stazione radio dell’istituendo forum per la resistenza e la verità contro la ‘ndrangheta e tutte le illegalità, da affidare in gestione ai ragazzi della Locride; attivare uno sportello antiracket e antiusura; stipulare una convenzione con la Prefettura di Reggio Calabria per monitorare le transazioni di capitali e di attività economiche; incrementare i fondi in bilancio regionale destinati sia a consentire un uso sociale dei beni confiscati alla ‘ndrangheta sia al risarcimento a favore delle vittime di reati di stampo mafioso. La pervicacia dei giovani locresi è andata oltre, fino a strappare una promessa al presidente del Consiglio regionale, Giuseppe Bova, il quale, ha dimostrato concretamente il proprio impegno: in sinergia con il Comune di Locri, con la Diocesi di Locri-Gerace e con l’Ufficio scolastico provinciale di Reggio Calabria, la Regione Calabria ha Reprodução evento della Regione Emilia-Romagna è lodevole eccezione. Associati o no, amiamo il Circolo, e abbiamo la chiara percezione della importanza di avere un punto di incontro per la comunità. Il nostro Circolo non lo è più da anni, vive del suo passato glorioso ma non tenta nemmeno di rinverdirlo. Chi ci ha provato ha fallito perché le cose devono restare come sono. Sarebbe superfi- Elena Buetler L e leggi di Murphy possono essere assimilate alle leggi fisiche. Le basi scientifiche traballano un po’; diciamo che tendono ad essere universali. Ve ne è una che recita: nessuno risolve i problemi che non si risolvono da soli. Se ricevete una lettera che vi porta qualche problemino che non sapete bene come gestire, provate a metterla sotto una pila di libri. La ritroverete dopo tre mesi, e vi accorgerete che il problemino non esiste più, anzi non è mai esistito. Attenzione: badate che la lettera non sia una ingiunzione a pagare le tasse. Noi bipedi, milioni di noi, siamo quasi sempre tentati di rendere omaggio a questa legge, sia come singoli che come integranti della collettività. Ciascuno di noi, nel suo percorso, si è talvolta trovato in situazioni stressanti, per motivi professionali, sentimentali, di rapporti col prossimo, o altri. Ha sperato a lungo che le cose migliorassero, ed ha cercato malamente di intervenire, trovando, in realtà, alibi per non farlo. Poi il pallone scoppia e il botto è violento; sarebbe stato meno drammatico se si fosse preso per tempo il toro per le corna. Ma non voglio parlare di drammi individuali; essi diventano spesso gossip e non dovrebbero interessare nessuno. Anche se, in verità, milioni di persone annusano morbosamente la spazzatura servita da “big brother” o dalla “isola dei famosi”. Decisamente più interessanti e degni di commento sono i nostri comportamenti quanto ci troviamo a gestire una impresa, un ente, in altri termini quando abbiamo una poltrona su cui stare seduti. La Varig è in coma da anni e rischia di fallire, ma la Fundação Rubem Berta, che ne ha il controllo, non molla. Di questa vicenda si sa poco, quindi rischio di dire fesserie, ma quando una impresa va sempre peggio è legittimo pensare che siano necessari interventi drastici. Per stare più vicino a noi, è noto che il Circolo Italiano di San Paolo ha seri problemi di sopravvivenza: conti in rosso, perdita di associati paganti, ecc. Gestisce un ristorante che è il ritrovo di pochi soci, in prevalenza consiglieri, ex consiglieri o aspiranti tali ed è la sede di eventi legati alla collettività. Questa ultima attività è senza dubbio la più interessante anche se, spesso, gli eventi sono noiosi. Il recente Manuela Fragale Il “ragazzi di Locri” protestano contro la mafia istituito il forum per la resistenza e la verità contro la ‘ndrangheta e tutte le illegalità, contraddistinto dal lungimirante e speranzoso acronimo Fo.re.ver. A rincarare la dose di entusiasmo, mille studenti della Locride hanno consegnato al presidente del Consiglio regionale un appello contenente cinque proposte per una vera riscossa civile. Nell’ordine: maggiori controlli nelle aziende sanitarie locali; maggiore sfruttamento dei beni confiscati alla ‘ndrangheta e riconversione in spazi di legalità; incontri sulla cultura delle legalità, in ambito scolastico e universitario; investimento nelle risorse naturali; dotazione di strumenti adeguati alle forze dell’ordine e alla magistratura. Mentre il vento di cambiamento sferza sulla Calabria aspromontana, in riva allo Jonio crotonese si respira aria di scontento: il parroco di Isola Capo Rizzuto ha inaugurato il 2006 rilasciando un’intervista amara. A suo dire, dopo il delitto Fortugno la Locride è salita alla ribalta e ha avuto la possibilità tanto di esternare le proprie emozioni quanto di progettare un futuro “diverso”, mentre il resto della Calabria ha continuato a lottare in maniera anonima, quasi fosse indenne dall’illegalità. Come se non bastasse, dall’altopiano della Sila è stato rivolto un invito al presidente della Repubblica: Venga a San Giovanni in Fiore, un paese che non ha meno problemi di Locri! Calcio Reprodução Giordano Iapalucci Editoria de arte Squadrone del 1951 laureatosi campione mondiale contro la Juventus di Torino Ma le cose sarebbero cambiate di lì a poco. Senza perdersi d’animo e pieni dalla voglia di chi eredita nelle vene la passione per il calcio fu fissata una nuova riunione per il giorno successivo. Vi parteciperanno 46 persone. Fu così che il Palestra Italia poté incominciare battere i suoi primi aneliti di vita. Per motivi economici, il mandato del primo presidente, Ezechiele Simone durò solo 19 giorni. La prima guerra mondiale si stava facendo sentire e l’Italia per far fronte all’emorragia di uomini a causa delle varie ondate migratorie incominciate già a fine XIX sec. chiamò alle armi anche chi ormai aveva fatto la faticosa scelta di vivere all’estero. Tra questi vi fu anche Augusto Vicari, il 2º presidente del Palestra Italia. La situazione economica si complicava ogni giorno di più. I pochi soldi della comunità italiana a San Paolo, che prima arrivavano alle casse del Palestra Italia, ora erano indirizzati alla Croce Rossa Italiana e alla Pro Patria con l’obiettivo di dar manforte nella guerra contro la Prussia. L’idea venne a Luigi Cervo, che non accettando l’idea di chiudere i battenti, decise di organizzare una partita di pallone; in fondo era o non era un club di calcio! L’idea era quella di rinvigorire la visibilità del club e, allo stesso tempo, di far infiltrare la voglia di calcio tra la popolazione italiana e non di San Paolo. Pappagallino verde, simbolo del Palmeiras 26 Il dado era tratto e nel caldo pomeriggio estivo del 24 gennaio 1915 esordiva il Palestra Italia contro la squadra del Savoia composta da giocatori della colonia italiana della città di Sorocaba dello Stato di San Paolo. Italiani, oriundi e brasiliani accorsero numerosi, tanto da far affluire nelle casse del Palestra Italia la non trascurabile cifra di 200 contos (la moneta che circolava allora in Brasile. In un recente articolo apparso sul Diário de São Paulo, l’importante storico Alberto Helena Jr. ricorda come “il Palmeiras, in questi 90 anni di esistenza, nonostante avesse mantenuto un forte legame con le proprie origini nitidamente peninsulari, galvanizzò tifosi di tutti i colori e provenienze”. Nella prima partita ufficiale che coincise con la prima vittoria (2-0) i giocatori del Palestra Italia entrarono in campo indossando una maglietta verde con una fascia bianca all’altezza del cuore e come già ricordato la croce della Casa Reale dei Savoia (solo nel 1917 lo scudo reale cederà lo spazio a quello del Palestra. A sua volta perderà anche la fascia bianca facendo rimanere la maglietta tutta verde). Era stato raggiunto l’obiettivo di mettersi in mostra nel cercare di dare un ulteriore punto di riferimento per tutti italiani o brasiliani che cercavano un’alternativa ad una domenica che non fosse solo canottaggio, bocce o teatro. Allo stesso tempo fu “acceso” l’importante motore di riconoscimento non solo popolare, ma anche elitario, ovvero da parte di chi potesse investire finanziariamente nel progetto Palestra Italia. Reprodução Il calcio della madre patria che si mostra alle instancabili e vitalissime comunità italiane d’oltre oceano. La voglia di trapiantare e far nascere a San Paolo quella stessa tradizione che in Italia, già alla fine del XIX sec., aveva preso piede nei verdi campi lombardi, piemontesi, liguri e veneti 1993: con Edmundo e Evair il Palmeiras recupera importanza nel calcio brasiliano. In basso, il primo presidente del club, Ezechiele Simone COMUNITÀ ITALIANA / JANEIRO 2006 1920: PARQUE ANTÁRTICA La guerra era ormai alle spalle. Molti ritornavano a casa e per alcuni “casa” significava terra brasiliana. Tutto faceva pensare ad una grande annata calcistica ed in effetti non ci volle molto perché il primo trofeo importante entrasse nella bacheca del Palestra Italia. Il 1920 non significò soltanto il primo titolo nel campionato paolista (conquistato a scapito del fortissimo Paulistano), ma anche la costituzione di quella sede sportiva che rimarrà famosa con il nome di “Parque Antártica”. Ma perché proprio con questa denominazione? Il nome stesso riporta ad una conosciuta azienda di produzione di bibite e birra. É infatti proprio da lì che prende spunto l’idea dell’appellativo. La Companhia Antarctica Paulista dopo essersi spostata nel 1905 nel quartiere Mooca, nella zona ovest della capitale paolista, trasformò la sua vecchia sede nell’Avenida Água Branca in un parco di divertimenti e ricreazione con al centro un bel campo di calcio. Lo stesso suolo erboso in cui il Palestra Italia già giocava i propri campionati da tempo. Fu solo nel 1920 che il campo, come tutto il parco, per una stratosferica cifra di 500 contos, JANEIRO 2006 / Reprodução Il verde che abbaglia F orse non tutti sanno che l’origine del Palmeiras (originariamente Palestra Italia) è molto legata alla meno blasonata Pro Vercelli, squadra di Vercelli, nel Veneto, città famosa per la produzione di riso. Fu durante un tour in Brasile nel 1914, che, incantati dalle giocate della squadra italiana, si risvegliò la voglia da parte di alcuni italo-brasiliani, con i “baffi a manubrio” tra cui Luigi Cervo, Ezechiele Simone, Luigi Emanuele Marzo e Vincenzo Ragonetti (tutti abitanti dell’allora italianissimo Brás) di fondare una propria squadra di calcio. Proprio per simbolizzare le origini da dove aveva preso spunto tale idea, la maglia dell’allora Palestra Italia presentava lo scudo che la stessa Pro Vercelli aveva sulle proprie maglie: la croce dei Savoia. Elemento fondante del nuovo club doveva essere la connotazione popolare. A tal proposito venne deciso di far pubblicare sul giornale “Fanfulla”, di cui era proprietario Vincenzo Ragonetti, un testo che recitava le seguenti parole: “Tutti coloro che desiderano partecipare alla creazione di un club italiano di calcio devono comparire alle 20.00 del 25 agosto 1914 al n.2 di Rua Marechal Deodoro per la riunione di fondazione del Palestra Italia”. Ma il successo di presenze atteso dai quattro giovani non rispecchiò le speranze. Infatti, a quell’epoca, molti associavano l’idea di un club a balli, recite e eventi ricreativi, dove il gioco del calcio non risvegliava certo interessi profondi nella gente. La domenica non era ancora il giorno di andare allo stadio e per i molti connazionali residenti a San Paolo, il ritrovarsi a teatro o alla “Società dei Canottieri” a remare e a giocare a bocce era un motivo per parlare sulla loro madre patria e cercare così di alleviare un po’ la nostalgia. passò sotto la proprietà dei “verdi”. Iniziò cosi una delle prime fruttifere collaborazioni di merchandising. In questo caso tra chi produceva bibite e chi produceva campioni. È curioso mettere in risalto che tale rapporto di collaborazione fu così buono che nel 1927 il centro campo del Palestra Italia (che si consacrò per la terza volta campione paolista), formato da Pepe, Goliardo e Serafini, fu soprannominato Sissi, Gasosa e Guaraná, prodotti che l’Antarctica commercializzava a quell’epoca e che i venditori ambulanti urlavano (per venderle) sulle tribune. Non si possono dimenticare alcuni campioni del passato e del presente che militando nelle fila sia del Palestra Italia che del Palmeiras hanno fatto storia non solo nel campionato italiano ma anche nella nazionale italiana. Si tratta nello specifico di Anfilóquio Guarisi Marques che nonostante fosse nato a San Paolo vinse la coppa del mondo del 1934 con la maglia “azzurra”. Fu il primo brasiliano campione del mondo ancor prima che il Brasile alzasse la coppa Rimet al cielo. ‘È una maglietta con una P bianca a farmi innamorare perdutamente del Palmeiras. Mio padre mi dice: “questa è la mia squadra”. E il suo racconto è come una fiaba... Si papà, anch’io sono del Palmeiras’ DARWIN PASTORIN DAL LIBRO “CUORE STRANIERO”- AAVV CURIOSITÀ Nel 1932 il Palestra Itália vinse invitto il titolo paolista. In 11 partite conquisto 11 vittorie Il più grande capocannoniere di sempre del Palmeiras è Heitor (Ettore). Giocò dal 1917 al 1931 marcando 202 gol. Le otto stelle sul distintivo del Palmeiras non significiano titoli, ma corrispondono al mese di agosto, mese di fondazione del club. Nel giugno del 1942, obbligato da una legge che poibiva qualsiasi associazione a nomi stranieri, il Palestra Italia cambiò per ben due volte il nome. La prima volta in Palestra di San Paolo e la seconda definitivamente in Palmeiras. Il nome Palmeiras fu scelto in onore all’Associação Atlética das Palmeiras, un antico club che sin dal 1914 mantenne sempre un ottimo rapporto di amicizia e di rispetto con la squadra italiana. Nei primi anni di vita il Palestra Italia SP dava priorità ai giocatori di origine italiana. Solo negli anni quaranta fu contrattato il primo giocatore di colore, Og Mereira. In un momento di recrudescenza razzista, sopratutto in Europa é bene ricordare l’importanza dello sport come sorta di “ponte” tra le differenze razziali e non come barriera. José João Altafini ‘Mazzola’ che militò nelle fila del Palmeiras dal ’56 al ’58 è attualmente l’unico giocatore al mondo ad aver disputato due mondiali con due nazionali differenti: nel ’58 con il Brasile e nel ’62 con l’Italia. COMUNITÀ ITALIANA 27 Calcio Quando si parla di immigrazione italiana ci si dimentica, forse troppo spesso, delle profonde radici che questa ha nello stato di Minas Gerais. Ma la forza e la numerosità che da sempre sostennero il Palestra Italia di Belo Horizonte è dimostrata dalla potenza che già dai primi anni di vita tale squadra dimostrò nel calcio brasiliano e mondiale Acervo de Miguel Morici DAL “JK” AL MINERÃO Giordano Iapalucci Editoria de arte In una foto d’epoca i fondatori del Palestra nella Casa d’Italia a Belo Horizonte Posto di riguardo nella storia del Palestra mineiro spetta alla famiglia Fantoni. Con i suoi tre giocatori Ottavio (Nininho), Giovanni (Ninão) e Leonizio (Niginho) rappresentò alla fine degli anni venti, inizio anni trenta il maggior punto di riferimento del proprio vivaio calcistico. I tre giocatori furono “visti e presi” da un osservatore italiano della Lazio. Nel campionato italiano non delusero le attese e si dimostrarono dei veri fuoriclasse durante i loro numerosi anni di militanza. Ma allo stesso tempo non si può dimenticare il grande cannoniere della storia del Cruzeiro. E chi poteva essere se non un oriundo. Italo Fratezzi detto Bengala. Insieme ad Alcides, negli anni trenta, formavano “l’ala dell’amore e del rumore”. L’amore per la poesia e per l’affiatamento dei due e il rumore per il clamore che suscitavano nella tifoseria ogni volta che si prodigavano nelle loro mirabolanti azioni. Nel 1942 stesso obbligo e stessa sorte del Palestra Italia di San Paolo: cambiare nome. I termini stranieri e sopratutto quelli relativi a nazioni che il Brasile stava combattendo nella 2ª guerra mondiale non erano permessi. Anche in questo caso non fu sufficiente cambiare il nome da Palestra Italia in La furbizia della volpe come simbolo del Cruzeiro 28 Palestra Mineiro, la parola Palestra era ancora troppo italiana. Dopo aver bocciato anche la proposta di chiamarlo Ypiranga, la conclusione dell’epopea avvenne dopo circa 10 mesi di riunioni tra la direzione e i soci del club. Nell’ ottobre dello stesso anno fu approvato il nome di Cruzeiro Esporte Clube in onore alla costellazione della Croce del Sud, maggior simbolo della patria brasiliana. L’uniforme non poteva più rappresentare i colori della bandiera italiana e fu così deciso di adottarne una simile: quella della nazionale azzurra. Ma strano che possa apparire l’esordio con la nuova maglia avvenne molto più tardi. Solo all’inizio del 1943 durante una gara amichevole contro il São Cristóvão di Rio de Janeiro. COMUNITÀ ITALIANA / JANEIRO 2006 La prima partita ufficiale del Palestra fu nel Prado Mineiro; ma già nel 1922, dove attualmente esiste il Parque Esportivo do Cruzeiro, nel Barro Preto, fu costruito e inaugurato, con una partita contro il Flamengo, un nuovo stadio. Fu l’invidia di molti, tra cui i grandi e acerrimi avversari dell’Atlético. Per 23 anni fu palco di grandi ed emozionanti partite e nel corso di tali anni assistette al cambio di nome e di uniforme esigiti dal Getúlio Vargas. La crescita in numero di soci del club e la risonanza delle grandi prodezze della squadra erano ormai realtà da tempo ed esigevano un nuovo stadio. La nuova “tana”, con una capienza di circa 5.000 posti, venne intitolata all’ora sindaco di Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek in una calda giornata invernale del 1945: il 1 di luglio. Cosa interessante e peculiare, ma in un certo qual modo non troppo inusuale a quei tempi, fu la partecipazione diretta di alcuni giocatori del Cruzeiro alla costruzione delle tribune. Bibi e Caierinha, campioni del centrocampo erano anche abili come falegnami, Geraldo II era un ottimo muratore e Hermetério pensava a far crescere un erba fitta e rasa. “Oggi si realizza il nostro grande sogno di dare al Cruzeiro uno stadio compatibile con le sue tradizioni e con le aspettative del domani. È stata la sua più grande conquista fino ad oggi”, tuonò l’allora presidente del club, Mario Grosso all’inaugurazione. Testo estratto dal libro “De Palestra a Cruzeiro” di Plínio Barreto e Luiz Otávio Trópia Barreto. Da quel giorno il club italiano aveva una propria sede dove allenarsi, giocare e dimostrare il proprio orgoglio per la costruzione di tale impianto. La demografia brasiliana cresceva, la voglia di calcio pure. Rio de Janeiro, già dal 1950, aveva il suo Maracanà (comunale), San Paolo il suo Morumbi (privato)da 80.000 posti. Effet- JANEIRO 2006 / Acervo Cruzeiro E.C. profondo blu La formazione pentacampione del 1969 che fece tremare il Santos di Pelé. In basso, uniforme degli anni 30 Acervo Cruzeiro E.C. Nel L a notizia della fondazione, il 26 agosto 1914, del Palestra Italia di San Paolo si ripercosse positivamente sugli immigrati italiani che risiedevano a Belo Horizonte dando nuova linfa alla volontà di creare un club italiano di calcio nella capitale mineira. Dopo vari tentativi andati male, come quello dello Americano Foot Ball Club e del Palestra Brazil, non si poteva più aspettare. L’occasione giusta arrivò con la visita del console italiano a Belo Horizonte tra la fine del 1920 e l’inizio del 1921. Dopo un primo incontro nel giorno di natale fu deciso di fissare un altro appuntamento per l’anno nuovo. Esattamente il 2 gennaio 1921. In quel fatidico giorno veniva fondato quel club che avrebbe rappresentato e integrato ancor di più la colonia italiana. Nasceva così la Società Sportiva Palestra Italia con l’uniforme che ricalcava i colori della madre patria. Camicia verde, polsini rossi, pantaloncini bianchi, calzettoni bianchi rossi e verdi. Nello scudo a forma romboide vi erano le iniziali SSPI. Ma vi era una differenza profonda tra questo neonato club e gli altri di Belo Horizonte come l’ América o l’ Atlético.Il primo era sostanzialmente del popolo, in cui prevalevano muratori, commercianti, in pratica la mano d’opera della città arrivata nel 1894 per costruire la capitale di Minas Gerais. Gli altri due club erano istituzioni a cui facevano parte politici e avvocati, appartenenti all’alta società. Nonostante questa apertura diciamo cosi popolare fino al 1925 vi poteva partecipare solo chi era della colonia italiana. tivamente Incominciava a mancare qualcosa alla terza città del Brasile. La soluzione fu la costruzione della maestosa opera da parte del municipio di Belo Horizonte dello Stadio José de Magalhães Pinto, chiamato comunemente “Mineirão. Si tratta del secondo più grande stadio pubblico brasiliano, che lo stesso Cruzeiro condividerà tra emozioni, vittorie e sconfitte con l’altra grande di Belo Horizonte, l’Atlético. “Sempre siamo stati del calcio. Siamo nati nel calcio e siamo del Cruzeiro per causa del calcio. Ci sono stati alti e bassi, ma l’importante è che tutto è passato e oggi possiamo ammirare il nostro club come uno dei più forti del calcio mondiale”. Cosi José Francisco Lemos Filho, presidente de Cruzeiro degli anni cinquanta dimostrò tutta la sua indistruttibile passione per il calcio e sopratutto per il Cruzeiro in una dichiarazione raccolta nel libro “De Palestra a Cruzeiro” di Plínio Barreto e Luiz Otávio Trópia Barreto. ‘Il futuro è vostro cruzeirenses... siate come sempre è stata la speranza che mai è mancata alla vostra giovinezza, affinché l’intrapendenza delle vostre energie siano sempre nel futuro del Brasile’ JUSCELINO KUBITSCHEK DAL LIBRO “DE PALESTRA A CRUZEIRO” CURIOSITÀ Nella partita di inaugurazione (3-3) dello stadio Prado Mineiro, dove attualmente è il Parco Sportivo del Cruzeiro, fu invitato il Flamengo. In quella occasione il Palestra Italia di Belo Horizonte chiese a quello di San Paolo 3 giocatori in prestito. Si trattava del difensore Gasparini, del controcampista Severino e dell’attaccante Heitor. Nel 1926 due squadre vinsero il campionato mineiro. Si trattò del Palestra Italia per quanto riguarda la lega AMET e l’Atletico per la LMDT. Entrambe le lege erano riconosciute dall’entità massima del calcio di allora, ovvero la CBD. Ninão reggiunse un record difficilmente battibile sia in Brasile che nel mondo. In 127 partite riuscì a marcare ben 160 gol. Per partecipare al Campionato Mineiro del 1921, il Palestra devette passare per um test.: vincere due partite, uma contro l’Ipanema (squadra vincitrice della 2ª divisione) e contro il Palmeiras (ultimo della prima). I risultati rispettivamente 2-1 e 3-2. Il caricaturista Fernando Pierucetti nella creazione della mascotte della squadra (un volpe) si ispirò all’ex-presidente del club Mario Grosso, di cui la maggior qualità era la furbizia. Dopo appena due settimane dalla sua prima partita ufficila il Palestra entrava in campo per affrontare quello che sarebbe stato il suo più grande rivale storico: l’Atletico. Con un sorprendente 3-0 fece rimanere giornalisti e addetti ai lavori attoniti. L’attuale Cruzeiro giocò nella sua storia un’unica partita con il nome di Ypiranga Esporte Clube. Fu contro l’Atletico e perse per 2-1. Fu motivo per cambiare immediatamente e definitivamente il nome in Cruzeiro Esporte Clube. COMUNITÀ ITALIANA 29 Esporte Pouca neve Para enfrentar prejuízos com aquecimento global, organização das Olimpíadas de inverno, em Turim, cria nevascas artificiais Guilherme Aquino Reprodução Correspondente • MILÃO 30 M ilão — A falta de neve é o grande desafio para os organizadores das Olimpíadas de inverno de Turim, das quais o Brasil vai participar e estão marcadas para fevereiro. Por conta do aquecimento global, a neve, mesmo com as tempestades que desabam sobre a Itália desde dezembro, continua a cair em pouca quantidade. E para compensar o problema, se apela para a tecnologia. Os Alpes são testemunhas das mudanças climáticas do planeta. As montanhas com 1500 metros de altura, como as de Sauze D’Oulx, por exemplo, já deveriam estar completamente cobertas de neve desde o mês de novembro, como ocorria décadas atrás. Para garantir o sucesso dos Jogos Olímpicos de inverno, os organizadores espalharam por todas as pistas canhões capazes de produzir a neve artificial. Uma mistura de água e ar sai em alta pressão. O borrifo cobre a pista com flocos quase congelados. Eles criam uma camada escorregadia, mas perto das condições ideais. Já a neve natural é muito melhor e faz a alegria dos esquiadores. Caminhar sobre a água, em estado quase sólido, é para quem sabe e exige equilíbrio e concentração. E antes dos Jogos de inverno, todos querem experimentar as pistas e o cenários da próxima Olimpíada. Ate os brasileiros, antigos freqüentadores de Valle Nevado, nas cordilheiras dos Andes chilenos, mudam o itinerário, trocam de continente e de cordilheira e visitam as montanhas de Turim. A Itália entrou em 2006 debaixo de mau tempo. A nevasca chegou de repente e surpreendeu muitos motoristas mais distraídos. Acidentes se multiplicaram por toda a península. As auto-estradas que cortam o país e as estradas estatais, que formam a rede de transporte entre os pequenos “comune”, foram palcos de derrapagens, capotagens, batidas e engarrafamentos. Mas depois da tempestade vem a bonança e as regiões de montanha agradecem a providencial nevasca. Ela encanta cenários e cobre de branco as cidades sedes da próxima Olimpíada de inverno de Turim, como Sestriere e Sauze D’Oulx. O símbolo dos Jogos, que acontecem em fevereiro, estão por toda a parte. Nas lojinhas, nos restaurantes, nas esquinas das ruas, nas fachadas das casas e dos prédios. Um sinal de boas vindas ao evento e aos benefícios que ele pode trazer como o incremento do turismo. Para muitos, a Olimpíada é um verdadeiro salto para o futuro e uma chance de inscrever a região no mapa do mundo. COMUNITÀ ITALIANA / JANEIRO 2006 Os teleféricos ligam as montanhas olímpicas e cruzam os cumes de ponta a ponta no Val di Susa. Alguns, mais modernos, têm cabines fechadas, algo que não se via por essas bandas. Os muros de contenção e túneis antigos também sofreram as conseqüências das obras com vistas aos Jogos Olímpicos de inverno. Todos estão padronizados, quer no desenho, quer no material usado. Em Sestriere, os operários ainda montam as tribunas das arquibancadas nos pés das pistas. Eles trabalham sob uma temperatura de até menos 20 graus centígrados e fazem parte de um grupo de 20 mil voluntários, que trabalham em silêncio e conseguem rir mesmo dando duro em condições extremas. Não gostam de conferir nomes ou sobrenomes, mas dizem que são orgulhosos de “colocar um pouco de si nos Jogos e, quem sabe, conseguir um emprego depois”. Enquanto muitos se divertem, a turma dos andaimes, martelos e pinos vai construindo para que o público possa ver de perto as competições. BRASILEIROS ESQUIADORES Em Sauze D’Oulx, quatro esquiadores diletantes de São Paulo e Balneário de Camboriú, em Santa Catarina, anteciparam as férias do inverno tropical e viajaram rumo ao inverno alpino. O objetivo era conhecer as pistas olímpicas. Eles mostraram alguma intimidade com os esquis nos pés, o problema é a quantidade de roupas. Os macacões lembram aqueles usados pelos astronautas. A “fantasia” fica ainda mais especial — ou espacial! — com as botas para encaixar os esquis, produtos fabricados com nanotecnologia. Os capacetes e óculos mal deixam ver o rosto dos “bravi” esquiadores brasileiros. Mas quem disse que se sentem peixes fora d’água? O símbolo dos Jogos, que acontecem em fevereiro, estão por toda a parte JANEIRO 2006 / — Estou de sunga por baixo. Dá para curtir, são apenas dez dias e depois a gente volta para o Brasil, para a praia — confessa o oftalmologista Paulo Ferreira, na sua primeira temporada de esquis na “varanda dos Alpes”, como é conhecida a cidade de Sauze D’Oulx, sede da modalidade de “freestyle”. Mas a pista oficial ainda não está completamente pronta e por isso continua interditada. Os trabalhos estão um pouco mais atrasados. Mas sendo oftalmologista, ele enxerga bem — e Esquiadores brasileiros em Sestriere: tombos e lazer garantidos longe! — e rumou os esquis para Sestriere, sede do “slalom gigante”. E, ali, a 2.300 metros de altura, o brasileiro — O principal problema das pistas são as não se decepcionou. Os outros três companhei- crianças que estão aprendendo. Elas descem a ros de viagem seguiram os rastros na neve e montanha em grupos, como centopéias. Eu caí encontraram uma pista veloz, no meio dos bos- muito por causa delas, mas as quedas foram meques, “pendurada” em alguns trechos com uma nos graves do que as da economia brasileira em inclinação assustadora, feita sob medida para os 2005 — ironiza o economista e professor da atletas olímpicos. Fundação Getulio Vargas, Carlos Da Costa, em E, nestas condições, quem não está acostu- depoimento à Comunità. Para evitar mais contumado acaba conhecendo a neve local de perto, sões, a brasileira Cíntia Simão Abrate preferiu o muito de perto. Os tombos são inevitáveis. As trenó “mais perto do chão”. únicas dúvidas são quanto, quando e onde eles — Cheguei a fazer aulas de esqui, mas não vão acontecer. A ausência de uma boa quantida- deu muito certo. Achei melhor encontrar uma de de neve natural provoca a criação de placas outra diversão na neve, como menos risco — de gelo ao longo das partes da pista que rece- contou ela à Comunità. bem pouca luz do sol. Neste caso, não existe Ela optou por não fazer parte da triste estacomo frear e, fatalmente, o esquiador vai para tística que todos os dias registra um acidente. o chão, duro. Por sorte, a maioria não é grave. Um hematoma aqui, outro ali, uma fratura lá…faz parte do joRECORDE DE TOMBOS go e do risco. E se paga o preço de usar as pistas Entre os meses de novembro e janeiro, o número olímpicas, difíceis, criadas para quem realmente de acidentes já havia superado a casa dos mil. conhece o esporte. Existe uma “corrida” entre O valor dos seguros varia de pista para pista e os praticantes amadores de conhecer cada palevita prejuízos maiores dos que um belo escorre- mo dos trechos das novas pistas, cada vez mais gão pode provocar. Não é difícil encontrar muita velozes. Todos sabem que entre os dias 10 e 26 gente mancando, de muletas, com pernas e bra- de fevereiro, eles deixarão de ser protagonistas ços engessados, isso quando a saída não é pas- para ser espectadores da maior festa dos esporsar alguns meses. A falta de intimidade com os tes de inverno. esquis e as pranchas de snowboard cobra caro a Para quem não quiser tomar frio, a transmisimprudência. Depois de um tombo feio é comum são de televisão está garantida. O governo conver o esquiador acidentado descer a pista com os seguiu um pacto com todos os trabalhadores enesquis nas mãos, a pé. volvidos com a Olimpíada de Turim para cancelar do dicionário a palavra “greve”. Entre os dias 31 de janeiro e 23 de março, tudo vai funcionar na Itália. Um presente para os visitantes e para a população, em nome dos Jogos de inverno. COMUNITÀ ITALIANA 31 História ITALIANOS ‘MINEIROS’ VIERAM DO RIO Colonização italiana em Minas Gerais foi importante para modernização do Estado Nayra Garofle uando se fala em italianos no Brasil, logo se pensa em São Paulo e nos estados do sul. Mas outras regiões do país, entre as quais o Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais, também tiveram forte presença dos imigrantes. Aliás, Minas teve grande participação de italianos na construção de sua capital, Belo Horizonte, quando, em decorrência da abolição da escravatura, os italianos chegaram para substituir a mão-deobra escrava. Historiadores, como o capixaba Luiz Carlos Biasutti, de 71 anos, vêm se debruçando em exaustivas pesquisas para resgatar a história da imigração italiana em Minas. Formado em Direito, Filosofia e Pedagogia, Biasutti foi professor durante 15 anos, promotor de Justiça por 17, juiz e presidente do Tribunal de Alçadas de Minas Gerais e desembargador do Tribunal de Justiça do mesmo estado. Hoje, já aposentado, é coordenador da Cultura e da Memória da Escola Judicial da Magistratura Mineira Edésio Fernandes. O que muitos podem questionar é o motivo pelo qual Biasutti foi parar em Minas e porque se interessa tanto pela cultura local. — Todo o meu interesse em Minas Gerais sobre a cultura italiana começou justamente ao descobrir que os ítalo-brasileiros que vieram pelo porto de Vitória e aqui chegaram foram importantíssimos na história moderna de Minas Gerais. Ninguém nem tomava conhecimento disso. Mais de mil italianos e filhos de italianos trabalharam na construção da estrada de ferro Vale do Rio Doce e na edificação da cidade de Belo Horizonte. Foi uma história de fé, amor, sofrimento, trabalho e vitórias — recorda Biasutti, um neto de italiano, que reside em Belo Horizonte. — Vim para BH porque os padres capuchinhos sicilianos tinham uma casa de formação para meninos em Santa Teresa [cidade capixaba em que Biasutti nasceu] e, em seguida, o curso clássico era feito em Minas Gerais, per- to da cidade de Teófilo Otoni, numa cidade chamada Itambacuri, onde, como aluno do Seminário Maior estudava em livros no idioma italiano e com professores frades italianos. O governador de Minas, Israel Pinheiro, também descendente de italianos, nomeou-me diretor do Colégio Estadual de Itambacuri. Havia muito entrosamento entre Santa Teresa e esta cidadezinha por causa dos frades capuchinhos sicilianos. A construção do seminário maior e da Igreja Matriz de Itambacuri são obras de ítalo-brasileiros de Santa Teresa — relembra o ex-desembargador. Segundo Biasutti, algumas atividades ítalobrasileiras vêm sendo implementadas no estado. — No ano passado, por exemplo, a Universidade Federal de Minas Gerais conseguiu realizar o primeiro seminário sobre a imigração italiana no estado e foi simplesmente um sucesso absoluto. Havia muitas pessoas tanto da capital quanto do interior. O atual cônsul Gabriele Anis está bem animado com os movimentos culturais — disse. Biasutti, cuja família é da província de Udine, tem apenas uma filha que ele diz ser bastante interessada na cultura italiana. Maria Beatriz é uma jovem advogada que possui a dupla O pedagogo, jornalista, historiador, também formado em Direito e presidente da Associação Lucchesi Nel Mondo no Rio de Janeiro, Julio Cesar Vanni, de 78 anos, é uma memória viva da cultura italiana em Minas Gerais. Filho de italiano e nascido em Pequeri, no sul de Minas, ele é um dos poucos que tentam resgatar a cultura de seus descendentes na terra do pão de queijo. Segundo o “professor”, como é conhecido pela comunidade, a imigração italiana em Minas aconteceu de forma distinta de outras regiões do Brasil. Uma grande parte dos que iam para Minas Gerais não possuía terras garantidas, diferentemente do que aconteceu no sul do País. Outros se aglomeravam nas grandes cidades, como ocorreu em Belo Horizonte e Juiz de Fora. — Em Minas, muitos foram em busca de trabalho nas lavouras de café, principalmente depois da abolição da escravatura — contou. Vanni conta ainda que muitas famílias italianas que trabalhavam nas lavouras de Minas, aos poucos, foram se dispersando para as grandes cidades, em busca de outras oportunidades devido à crise do café. No solo mineiro, por exemplo, não há cidades nem bairros com características da cultura italiana, como é possível encontrar no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, em São Paulo e até no Espírito Santo, mas há milhares de famílias cujo sangue é oriundo da bota. De acordo com uma pesquisa realizada pelo professor, a partir de 1875, período em que se iniciou a imigração de europeus, aproximadamente 1,5 milhão de italianos entrou no país. Arquivo Comunità sotaque da Bota Reprodução ‘Uai!’ com nacionalidade e muito interesse pela cultura e história de seus ancestrais. — Aliás, fala italiano melhor que o pai! — exulta Biasutti, autor de várias obras referentes à cultura italiana, como: “Documentário do Centenário do Município de Santa Teresa – Álbum de Recortes (1891-1991)”, “No Coração Capixaba – 120 anos de História da mais antiga colônia italiana no Brasil: Santa Teresa”, “Augusto Ruschi – Patrono da Ecologia no Brasil”; “São Roque do Canaã” e “Roteiro dos Italianos e seus descendentes em Minas Gerais – Subsídios para uma história da imigração italiana”. O historiador Biasutti: imigrantes chegaram pelo porto de Vitória rumo à Minas Gerais Sendo que, ao conferir registros no Arquivo Nacional e em cartórios da Zona da Mata, foi constatado que o contingente mineiro de italianos foi superior a 120 mil. Os municípios mineiros que mais receberam imigrantes italianos dentre os já existentes antes de 1930 foram Belo Horizonte, Juiz de Fora, São João del Rei, Mar de Espanha, Conselheiro Lafaiete, Além Paraíba, Barbacena, Carandaí, São João Nepomuceno, Leopoldina, São Geraldo, Ubá, Ouro Fino, Divinópolis, Ponte Nova, Guara- ‘Mais de mil italianos e oriundi trabalharam na construção da estrada de ferro Vale do Rio Doce e na edificação de Belo Horizonte’ Reprodução LUIZ CARLOS BIASUTTI 32 COMUNITÀ ITALIANA / JANEIRO 2006 JANEIRO 2006 / COMUNITÀ ITALIANA rá, Rio Novo, Bicas, Matias Barbosa, Muriaé e Rio Pomba. No sul de Minas, poucos foram os imigrantes registrados. De acordo com Vanni, essa região mineira deve ter recebido também alguns contingentes vindos do estado de São Paulo. Autor de vários livros, entre os quais “Sertões do Rio Cágado”, Vanni diz que passou três anos de sua vida pesquisando todas as sextasfeiras no Arquivo Nacional para a conclusão de seu trabalho mais recente: “Italianos no Rio de Janeiro”. — Os livros de registro de imigrantes, que estão no Arquivo Nacional, são importantes fontes de pesquisa. Há muitos volumes com folhas arrancadas, destruídas pelo tempo e sem a identificação da localidade de destino do imigrante dentro do país. Outra falha é o não registro de muitos imigrantes, talvez por negligência de servidores públicos da época ou por esperteza dos recém-chegados. Lamentavelmente, não foram encontrados os registros de entrada no Brasil de muitos ancestrais de pessoas do nosso relacionamento que nos confiaram passaportes e dados para simples conferência — critica Vanni. O historiador afirma que a intenção inicial era escrever sobre os italianos em Minas Gerais, mas ao longo da pesquisa percebeu que os italianos em Minas chegava pelo porto do Rio. — Aliás, nesse período, chegavam na região da Zona da Mata, muitos imigrantes pelos trens de bitola métrica, que não passavam pelo controle das hospedarias oficias — conclui Julio Vanni Italiani sono gli stranieri che apprezzano di più il carnevale carioca I — Il mondo intero conosce il Brasile per la nostra arte e cultura. È questo che vogliamo far vedere nel carnevale 2006. Questa mescolanza di tanti popoli che sono passati di qui, gli indigeni, i negri, gli immigranti, come gli italiani, giapponesi, tedeschi, infine, tutti quelli che sono arrivati in Brasile. Il risultato è stato una mescolanza di razze che ha fatto essere il nostro popolo così com’è – dice il carnevalesco della Portela. Stelle come la top model internazionale Naomi Campbell, Marisa Monte, Paulinho da Viola e Zeca Pagodinho, sono già confermati nella sfilata dell’azzurra e bianca del quartiere di Madureira, zona nord di Rio. — Abbiamo un numero di turisti stranieri che vengono tutti gli anni. E quest’anno la Por- tela verrà con quattromila componenti — assicura Magalhães. Sicuramente gli italiani sono gli stranieri che più si deliziano con il carnevale carioca. Nella sfilata della Portela, un gruppo (N.d.T.: ala) solo di italiani è già garantito. Ma a capo dei patiti del carnevale italiano c’è un brasiliano. Roberto Amaral enfatizza che le maschere del gruppo degli italiani rappresenteranno il pane, il vino, la pizza e l’uva. — La Portela ha una tematica importante che parla della cultura e l’Italia verrà rappresentata molto bene dall’area del turismo. Il gruppo è composto da 100 componenti, tra italiani e oriundi. La Portela ha 10 settori e il nostro è il quinto, ben vicino alla batteria, il cuore della scuola. Il gruppo del turismo rappresentato dall’Italia è un regalo della Portela agli italiani. Altri paesi verranno festeggiati nella parte dell’immigrazione, ma la scuola ha un affetto speciale per l’Italia perché agli italiani piace molto la Portela, i cui colori rappresentano anche l’Azzurra — dice Amaral. Sul carro allegorico del gruppo degli italiani ci saranno persone celebri, ma i nomi non sono ancora stati definiti. Foto: Rio Tur l Brasile è il grande festeggiato della sfilata delle scuole di samba nel carnevale 2006 di Rio de Janeiro. Delle 14 scuole di samba che formano la sfilata principale, nove cantano nei loro temi e samba l’orgoglio di essere brasiliani. Ma nel cuore del carioca patito di carnevale c’è anche un posticino per l’Italia, che sarà presente in gruppi della Portela e della Caprichosos de Pilares. La prima presenterà nell’Avenida, dalle mani del carnevalesco Ilvamar ,Magalhães, ciò che il Brasile ha di migliore e genuino: un miscuglio popolare di credenze, popoli… il Brasile è multicolorato. La Portela, mette in risalto Magalhães, quest’anno parlerà di un popolo che è considerato dai turisti come il più caloroso, allegro e felice. COMUNITÀ ITALIANA / JANEIRO 2006 Reprodução Luciana Bezerra dos Santos Naomi Campbell, Marisa Monte, Paulinho da Viola e Zeca Pagodinho sono già confermati nella sfilata della Portela — Farò vedere tutta l’influenza europea nell’architettura del Brasile-colonia, nell’Impero e nella Repubblica. Quest’anno, la Viradouro sfilerà con 4,5mila componenti divisi in 35 gruppi e otto carri allegorici. La maschera della batteria rappresenta il Teatro Municipale di Rio e le baiane rappresenteranno il ciclo del caffè — anticipa Milton Cunha, il carnevalesco della scuola di samba di Niterói. L’attrice Suzana Vieira, della TV Globo, spicca nella Grande Rio. A lato, Milton Cunha SONDAGGIO PROVA: RIO È ALLEGRIA Il gradevole clima di Rio de Janeiro, il carnevale, la simpatia e la ricettività dei carioca sono proprio indiscutibili punti attrattivi per gli stranieri. E la prima e recente edizione dell’inchiesta Anholt-GMI City Brands Index (CBI/ Indice di Marca delle Città) lo conferma. Lo studio è stato realizzato dalla Global Market Insite (GMI), fornitrice di soluzioni integrate per inchieste mondiali di mercato su internet, in partnership con il consulente e scrittore Simon Anholt. Secondo gli intervistati, Parigi continua a significare storia d’amore e Milano, stile. New York è energia e Washington, potere. Tokio rappresenta modernità; Lagos, corruzione e Barcellona, cultura. Rio de Janeiro è svago. Nello studio, Rio merita distacco nel quesito clima, simpatia e ricettività dei suoi cittadini. Ernane D. Assumpção Pausa nella tarantella... è ora di samba Anche la scuola di samba Viradouro, di Niterói, città vicina a Rio, è entrata nel tema “Brasile” per la sfilata di quest’anno. Oltre all’influenza dell’ art nouveau parigina, anche l’architettura italiana degli inizi del secolo XX farà da cornice ai carri allegorici, maschere e decorazioni della scuola bianco e rossa, come quella dei maestosi teatri italiani, che hanno influenzato i tratti del Teatro Municipale, a Rio — il quarto carro della scuola — e il Teatro Amazonas, a Manaus, in Amazonas. Foto: Rio Tur Comunidade Carnevale Perde in questi item soltanto da Sidney, in Australia. Ma la città è più conosciuta di Pechino, Il Cairo e Praga. Secondo il 54% degli italiani è la più attraente. Perlomeno il 92% degli italiani intervistati hanno scelto il Carnevale come un grande evento mondiale. Lo stesso vale per il 94% dei danesi, seguiti dai polacchi (93%), olandesi (91%) e americani (59%). Secondo il 30% dei danesi e il 30% degli olandesi intervistati il Carnevale è molto di più di questo: è un “monumento” brasiliano. Quando si sceglie un monumento nel senso stretto della parola, il Cristo Redentore è stato il più gettonato dagli internauti degli Stati Uniti e del Canadà (47%), Australia (60%) e Regno Unito (66%). Il sondaggio è stato realizzato tra oltre 17mila uomini e donne tra i 18 e i 64 anni di 18 paesi. CHI SFILERA’? Domenica 26/02 Lunedì 27/02 Salgueiro: Questa scuola del quartiere Tijuca, zona nord di Rio, è stata fondata nel 1953 e ha fatto la sua prima sfilata nel 1954. Da allora è già stata campionessa otto volte. “Microcosmo: ciò che gli occhi non vedono, il cuore sente”. Colori: rosso e bianco. Porto da Pedra: Anche la Unidos do Porto da Pedra ha le sue origini in una squadra di calcio dallo stesso nome. Per il 2006, il samba-tema sarà “Benedetta sei tu tra le donne del Brasile”. Colori: rosso e bianco. Rocinha: Campionessa del Gruppo di Accesso nel 2005 con il tema “Un mondo senza frontiere”, la scuola ha incoronato la presentatrice TV Adriane Galisteu, ex di Senna, come madrina di batteria. Fondata nel 1988, ritorna nel 2006 con il tema è “Felicità non ha prezzo”. Colori: azzurro, verde e bianco. Mangueira: Dal 1932 la Mangueira ha già vinto 18 carnevali. La scuola si attribuisce l’invenzione del samba-tema e dice di essere stata la prima, nel 1933, a incorporare il tema della sfilata alle parole del samba, pionierismo rivendicato anche dalla Portela. Ha vinto il titolo per l’ultima volta nel 2002. Quest’anno si scommette sul tema “Dalle acque del vecchio Chico (N.d.T.: il fiume Rio San Francisco), nasce un fiume di speranza”. Colori: verde e rosa. Imperatriz Leopoldinense: Il nome di questa scuola fondata nel 1959, nel quartiere di Ramos, zona nord di Rio, è un omaggio all’imperatrice Leopoldina e ad un tradizionale negozio di tessuti del quartiere. La scuola ha conquistato un tricampionato (1999, 2000 e 2001). La carnevalesca Rosa Magalhães si è appropriata del detto dei Tre Moschettieri per il suo tema: “Tutti per uno, uno per tutti”. Colori: verde e bianco. Viradouro: Fondata nel 1946, a Niterói, la scuola si è presentata per la prima volta nel Gruppo Speciale nel 1991, ma è stato nel 1997 che ha conquistato il primo posto nel carnevale carioca. Anche quest’anno avrà l’attice Juliana Paes come regina di batteria con il tema “Architettando carnevali”. Colori: rosso e bianco. Caprichosos: Fondata nel 1949. Il tema scelto è “Nel carnevale con lo (stato) Espirito Santo, Espirito Santo caprichou! (cioè, ce l’ha messa tutta!). colori: azzurro e bianco. Mocidade: Nata nel quartiere di Padre Miguel nel 1955, anch’essa da una squadra di calcio. La scuola è conosciuta dovuto alla sua batteria, considerata “voto 10”. Ha già conquistato cinque campionati, l’ultimo nel 1996. Scommette sul tema “La vita che ho chiesto a Dio” nel 2006. Colori: verde e bianco. Vila Isabel: La Unidos de Vila Isabel è stata fondata nel 1946 e ha sfilato la prima volta nel 1947. Nel carnevale del 1988, la Scuola ha conquistato per la prima volta il titolo di campionessa, con il samba-tema “Kizomba”. Nel 2006, presenta il tema “Soy loco por ti America” nella Sapucaì. Colori: azzurro e bianco. Unidos da Tijuca: La scuola è nata l’ultimo giorno del 1931, nel quartiere carioca della Tijuca, formata da operai delle fabbriche di tessuti e sigarette della regione. Il tema “Ascoltando tutto ciò che vedo, sto vedendo tutto quello che ascolto”. Colori: azzurro pavone e giallo oro. Grande Rio: Originaria della città di Duque de Caxias, regione metropolitana di Rio, la Acadêmicos do Grande Rio è una scuola nuova, fondata nel 1988. Tema “Amazzonia, l’Eldorado è qui”. Colori: rosso, verde e bianco. Império Serrano: Questa scuola, del morro della Serrinha, Madureira, zona nord di Rio, è già stata campionessa del carnevale carioca nove volte dalla sua prima sfilata, nel 1948. Il tema del 2006 è “L’Impero del Divino”. Colori: verde e bianco. Beija-Flor: La scuola è l’attuale tricampionessa. Nata nel 1948 a Nilópolis, la Beija-Flor ha conquistato il suo primo campionato nel 1976. La scuola ha già vinto il carnevale otto volte. Alla ricerca del tetra, entra nell’avenida con il tema “Poço de Caldas effonde sulla terra le sue acque miracolose”. Colori: azzurro e bianco. Portela: Nasce nel quartiere di Madureira. A partire dal blocco Vai Como Pode. Accanto alla Mandueira e alla Unidos da Tijuca è una delle tre scuole che hanno partecipato alla prima sfilata, nel 1932. E’ ancora l’unica scuola ad aver partecipato a tutte le sfilate da allora ed è quella che accumula il maggior numero di titoli (21). Tema 2006: “Brasile segna il tuo viso e fallo vedere al mondo”. Colori: azzurro e bianco. JANEIRO 2006 / COMUNITÀ ITALIANA 35 Luciana Bezerra dos Santos A oitava edição do Fashion Rio, realizada entre os dias 9 e 14 de janeiro, no Museu de Arte Moderna (MAM), no Aterro do Flamengo, abriu a temporada mundial de lançamentos outono-inverno de 31 grifes, que recuperaram o preto e o cinza como tendências, mas o tom foi mais brilhante para o Fashion Business. A bolsa de negócios do Fashion Rio registrou um crescimento de 20% nas vendas sobre a versão do ano anterior. Foram movimentados R$ 304 milhões entre os compradores nacionais e US$ 11 milhões para exportações, dos quais US$ 8 milhões negociados no evento. O Fashion Business vem sendo decisivo para incrementar mundialmente a marca made in Brazil. Como nas edições anteriores, empresários italianos mostraram grande interesse pela moda brasileira. Chamariz de italianos, o pólo de moda intima de Nova Friburgo, no Rio, reúne mais de 900 empresas de confecção de lingerie, moda praia e fitness. O faturamento anual já está em torno de R$ 600 milhões e as exportações das marcas, em franca ascensão. Foi uma das sensações do Fashion Business. Um exemplo disso é a marca Máscara-Internacional, uma das empresas da região de Friburgo de moda sexy. Dono da grife, o arquiteto formado nos Estados Unidos, Mahmoud Mazloum, abandonou a prancheta e projetos arquitetônicos para se dedicar à moda íntima. Hoje a grife produz cerca de 15 mil peças por mês e exporta 15% do que produz. O mercado italiano é o que mais se interessou: — Em 2005 exportei para a Itália cerca de 10 mil conjuntos. Hoje distribuo minhas peças para mais quatro lojas no mercado italiano. Isso em menos de um ano, já que a parceria com os empresários italianos teve início no ano passado, durante a Feira de Lingerie de Nova Friburgo, a Fevest — ressalta o empresário. A consultora de moda Milena Cariello, do Senai Moda, adiantou à Comunità que a nova entidade vai explorar o marketing sobre o setor e estender parcerias a institutos de moda italianos: Márcio Madeira Como na edição do ano passado, a grifes brasileiras fizeram da bolsa de negócios do Fashion Rio 2006 uma passarela de negócios com a moda italiana 36 COMUNITÀ ITALIANA / JANEIRO 2006 Divulgação Arquivo Comunità Deu Itália de novo Arquivo Comunità Moda A italiana Verbena Roscalla surpreendeu-se com a moda brasileira. Glória e Taís Leão: pedidos da Itália. O look infantil da Lilica Ripilica — Em 2005 fizemos uma parceria com a Promos de Milão para levar 20 empresários do pólo de Friburgo para apresentar seus produtos na Itália. A fibra natural brasileira, o algodão e os bordados tiveram muito impacto na Itália. A finalidade do Senai Moda é estreitar o elo entre estilistas e indústria têxtil, apresentando tendências, tecnologias e design que agreguem valor ao setor da confecção. — Trouxemos o Instituto Elderkoort, o maior observatório internacional de design de moda, para que pudessem mostrar aos estilistas cariocas a visão do que será a coleção primaveraverão – afirma o superintendente do Senai-RJ, Fernando Guimarães. Priscila Lago, gerente de exportação das marcas cariocas Redley e Cantão, destaca que as grifes brasileiras continuam na mira dos italianos. — Inclusive fui procurada por uma empresa de distribuição na Itália e vamos avaliar as propostas. Estamos esperando para trabalhar mais a distribuição para o mercado italiano. Esperamos fechar com esse evento em torno de duas mil peças, que daria em valores R$ 40 ou 60 mil por mês. INSPIRADO NOS IMIGRANTES Na última temporada, a Cantão fechou contratos internacionais e fez parcerias com mais de 80 pontos de venda no Brasil. A marca estampa 14 lojas no Brasil e já comercializa nos Estados Unidos, Canadá, Itália, Emirados Árabes, África do Sul, Nova Zelândia e Austrália. A coleção outono-inverno está baseada na filosofia grega e celebra liberdade, amor, beleza e o bem-estar. Outra importante grife brasileira, a Colcci criou uma coleção baseada na imigração européia que desembarcou no Brasil no final do século XIX. Cores, que vão do preto ao marinho, do cinza ao branco total, desenharam na passarela do Fashion Rio a epopéia de alemães, italianos e poloneses. Segundo a estilista da Colcci, Lilá Cozani, os imigrantes traziam em suas bagagens trajes volumosos e cheios de detalhes inadequados para nossa temperatura. Lilá misturou os ritos e costumes dos imigrantes no desenvolvimento da coleção. — É um inverno despido: estes grupos vieram de lugares muito frios para o inverno de mentira [sic] do Brasil. Apliquei na coleção efeito de desgaste para dar aparência puída em toda a coleção, assim como ficavam as roupas na JANEIRO 2006 / época depois de tanto tempo de uso — explica a estilista. Segundo Monique Campos, coordenadora de marketing da Lilica Repilica – grife para o público infanto-juvenil —, desde a primeira participação no Fashion Rio, em janeiro de 2005, a empresa cresce exponencialmente. Atualmente mantém nove lojas Lilica & Tigor no Oriente Médio, em Portugal e recentemente abriu um escritório na Itália. — Não esperávamos que com a participação no evento a empresa ganhasse tanta visualização assim. O retorno da mídia foi espontâneo — enfatiza Monique. Em sua terceira participação no evento, a grife espera um crescimento de 25% em suas vendas, em relação ao mesmo período do ano anterior. Há 15 anos no ramo da moda, a Italiana Verbena Roscalla foi a única convidada vip do Fashion Businnes. Na edição anterior, o Centro Internacional de Negócios (CIN) da Firjan e a Promos (agência especial da Câmara de Comercio de Milão para internacionalização do produto italiano no mundo) trouxeram um grupo de sete investidores italianos. Segundo Roscalla, que visita o Brasil pela primeira vez, os italianos compram bastante produtos brasileiros. — Na Europa, muitas lojas estão vendendo a moda brasileira. Grifes como Daslu, Chocolate, Redley e Maria Bonita fazem sucesso nas vitrines da Bota. A moda brasileira tem ótima qualidade e um bom preço. O problema da Itália é o euro, que está nas alturas — avalia a empresária, que dirige um showroom em Milão com marcas italianas e espanhola. O Fashion Business, ressalta Verbena, está no mesmo patamar de qualidade dos eventos organizados na Europa. — Estou realmente surpresa. Como os brasileiros são organizados em questão a eventos de moda... meu interesse maior era encontrar biquínis, mas as grifes estão apresentando suas coleções outono-inverno. Pensava que por ter um clima tropical, o inverno no Brasil fosse menos frio e que os biquínis fossem mais expostos, já que a estação não é tão fria assim como na Europa. Depois do Rio, ela seguiu para Belo Horizonte para negociar com outras empresas. DA BAHIA PARA A ITÁLIA O estande da Bahia no Fashion Business trouxe 19 empresas de Salvador e Feira de Santana. Entre elas, a Coco Doce, de moda praia e fitness. A COMUNITÀ ITALIANA coleção teve estampas inspiradas na obra do artista plástico Genaro de Carvalho (1926-1971). Segundo Rita Vicente, dona da grife, sua empresa também conquistou recentemente o mercado italiano. Acostumada a ver suas peças nos maiores magazines do País, Rita não se amedrontou com a exigência dos empresários italianos. — O primeiro contato com a multimarca italiana foi durante uma feira do setor, em Miami, em setembro de 2005. Eles gostaram da qualidade dos meus produtos e, em novembro, fecharam, inicialmente, um pedido de trinta mil peças — destacou Rita, que preferiu manter sigilo sobre o nome da empresa, mas afirmou que os italianos abriram uma carta de crédito no valor de US$ 200 mil. Um dos itens fundamentais para continuar essa parceira, segundo ela, foi à qualidade das peças e a entrega pontual. — Se continuarmos assim, a expectativa de fecharmos negócios para o próximo verão europeu é de 90%. Acostumada aos bastidores do mundo fashion, Tais Leão, de 24 anos, resolveu trocar a vida agitada de modelo para se tornar dona do seu próprio negócio. Filha da artista plástica Glória Leão, desde pequena brincava com as tintas e passeava por universos abstratos fazendo desenhos inusitados e pintando tecidos. Não deu outra: Taís se formou em Belas Artes e, em 2005, viajou para a Itália em busca de algo que, segundo ela, estava “faltando” em sua carreira profissional. — Escolhi a Itália porque é o berço do Renascimento. Em Milão, a pessoa respira moda, estilo, tendências. O curso de moda me abriu um leque de idéias que até então não conhecia. Tudo que faço tem um toque italiano porque o que eu vivi lá foi muito importante para o meu crescimento profissional. Aprendi um sentimento de liberdade, de poder fazer tudo e quando voltei para o Brasil repassei para o meu trabalho — ressalta a estilista, que, em outubro do ano passado, teve seus produtos expostos numa feira de Milão voltada para compradores europeus. Segundo Taís, o evento foi mal divulgado, mas não se abalou com a falta de compradores. Colocou seu portifólio embaixo do braço e apresentou seus produtos às multimarcas de Milão. O resultado foi inesperado. — Os italianos gostaram muito do meu produto, estamos em negociação. O primeiro pedido deve sair ainda no primeiro semestre desse ano — concluiu o estilista. 37 Comportamento Un mese, una bellezza È sempre la stessa storia ed è una moda tutta italiana; si, ma non si tratta né di vestiti né di scarpe, anzi meno se ne vedono e meglio è! Più che di moda si potrebbe parlare di euforia generalizzata per quei pezzi di carta che scandiscono i giorni e i mesi: è una gara a chi lancia il calendario più sexy Giordano Iapalucci I Fotos: Divulgação n Italia, ormai da qualche anno si assiste ad una vera e propria “guerra dei calendari”. Modelle, attrici più o meno formose, o qualunque elemento vivente che possa attirare l’attenzione del consumatore viene proposto per accompagnare le giornate degli italiani per tutto il resto dell’anno. Il capostipite delle bellezze Oggetto di culto per chi ama la bellezza femminile immortalata su foto, nonché il più famoso calendario al mondo, quello della Pirelli, è stato inaugurato a fine 2005 sulla “passerella” parigina, contrariamente alla tradizione che lo aveva visto fino all’anno passato presentato a Londra. Per chi, dunque, vede la fotografia come un’arte ed una forma di cultura non può perdersi questa leccorna visiva. Per il 2006 i fotografi Mert Alas (inglese) e Marcus Piggott (turco), hanno presentato un calendario i biano e nero (eccetto i mesi di Marzo (Gisele Bundechen) e Novembre (Natalia Vodianova) per dare un maggior risalto, amplificare la luce e gli effetti del mare sui corpi bagnati. Sotto il tema della “tradizione e innovazione”, in un viaggio nella seduzione del nudo (bandito neglia anni passati) in cui gli scatti riportano spesso agli anni sessanta-settanta, il set fotografico ha avuto come sottofondo le bellissime spiagge di Cape d’Antibes, i lussuosi yacht e il fascino della Costa Azzurra (Francia). “The Cal”, come è chiamato il calendario Pirelli, è una grande vetrina per le dive delle passerelle e spesso un trampolino di lancio per coloro che lo saranno. Tra le 12 bellezze del 2006 è da sottolineare la presenza della bellezza latina Jennifer Lopes, a cui è spettato la copertina, la ritrovata Kate Moss e la già citata brasiliana Gisele Bundechen. Ma poiché è un oltraggio alla bellezza femminile non ammirare cotanta formosità e sopratutto le parole sono nulla rispetto alla gioia che l’occhio può dare, vi rimandiamo, ma sopratutto vi consigliamo a consultare il sito della Pirelli: www.pirelli.it 38 COMUNITÀ ITALIANA / JANEIRO 2006